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Mitologia Egípicia

Satpa

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Mitologia Egípicia​

A mitologia Egípcia é fascinante.

Se as primeiras manifestações de civilização surgiram no oriente próximo, elas encontraram um desenvolvimento notável no vale do rio Nilo.

A mitologia desse povo, múltipla, rica e simbólica é um registro de seus medos, dificuldades, vitórias, guerras, tristezas.

É uma epopeia sobre os ancestrais do homem moderno: como viveram, como morreram, em que acreditavam.


Retirado do Portal do Conhecimento
 

Satpa

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A Lenda de Ísis e os Escorpiões

A Lenda de Ísis e os Escorpiões

Eu sou Ísis, senhora da magia, Senhora dos Sortilégios.

Saí de minha casa, onde meu irmão, Seth, me havia aprisionado, pois Thot me havia chamado. Thot, o duplamente grande, Thot, o senhor da justiça e da verdade na terra e nos céus.

Ele me disse, quando o encontrei:
- Venha, ó Ísis, agora é bom escutar: pois há vida para o homem que se deixa guiar pelos sábios conselhos de outrem. Esconde-se tu e teu filho porque ele {Hórus} pode chegar até nossa esfera de poder. Seus membros vão crescer, e também a força dele se fará poderosa, e ele com altivez virá a ascender ao Trono de seu pai, a quem vingará, e a dignidade de governante das duas terras será de novo seu.

Fui-me quando o poderoso Rá descendia de sua gloria para o lado ocidental, e o manto da noite começava a tingir de escuridão o céu. Comigo viajavam sete escorpiões, e seus nomes eram: Tefen e Befen, Mestet e Mestetef, Petet, Tetet e Matet.Atras de mim, vinham Tefen e Befen. Mestet e Mestetef vigiavam meus lados. A minha frente iam Petet, Tetet e Metet, vigiando e protegendo o caminho para que nada pudesse atrasar minha viagem. Eu lhes ordenei em voz alta minhas palavras, e meus comandos atravessaram o vento e eles ouviram: "Não reconheçam a nenhum da terra negra, não saúdem a nenhum das terras vermelhas, não atentem a nenhuma criatura, seja nobre, seja plebéia, mantenham-se com vossas mentes no caminho a ser percorrido."

Então vaguei, defendida pelos escorpiões, pela terra do Egipto. E assim, chegamos a Per-Sui, onde se venera Sobek, o deus crocodilo, e a cidade das Deusas Gêmeas, ali, onde começam os pântanos do Delta do Nilo, onde abundam papiros e os pantaneiros vivem e caçam.

Quando chegamos perto das casas onde vivem os pantaneiros passamos próximos a uma mansão, onde vivia uma abastada mulher, de nome Usert. Ela se achava na porta, e desde muito longe me viu cansada, dolorida e de bom grado eu teria me refeito em sua casa, mas, quando fui falar-lhe, ela fechou a porta, com medo de meus guardiões.

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Ísis e os Escorpiões


Continuei por meu caminho e encontrei abrigo junto a uma mulher do povo, que me concedeu hospitalidade. Porém, Mestet e Mestetef, Petet, Tetet e Matet e Befen estavam em grande consternação, devido ao tratamento da rica mulher.

E uniram seu veneno sob o ferrão de Tefen, que se tornou sete vezes mais poderoso. Tefen regressou a casa da rica mulher, Usert, e se esgueirou para dentro. Uma vez lá, com sua picada poderosa ferroou o filhinho de Usert, e um fogo estranho se deflagrou. Não havia água para combatê-lo, e foi o céu que enviou a água, num grande prodígio, pois a estação chuvosa ainda estava longe.

A mulher de nome Usert, que nos havia negado abrigo, chorava, e seu coração estava triste, por que não sabia se seu filhinho seria encontrado com vida ou não. Ela estava vagando pelo povoado, chorando, mas ninguém a acudiu em seu desespero. E o som de suas lamentações chegou a mim, e meu corações se compadeceu da dor dela. Assim, resolvi trazer dos mortos seu menino, livre de toda a culpa, e juntas fomos ao local onde jazia seu filho amado.

Eu disse a mulher:
- Venha, venha mim! Observa a minha boca que dá a vida, que tem o poder de destruir as criaturas vis, com os dizeres de algumas palavras, que por meu pai me foi dado a conhecer. Sou Sua filha amada, sangue de Seu sangue!
E eu, Ísis, a senhora da magia, cuja voz faz com que se retorne da morte disse em voz alta as Palavras de Poder, as palavras que pode ouvir ainda que na morte, e pus minha mãos sobre o corpo do garotinho a quem devia devolver a vida. Frio e imóvel estava seu corpo, devido ao sete vezes poderoso veneno de Tefen.

Então pronunciei um sortilégio mágico contra o veneno do Escorpião Tefen:
- Oh, veneno de Tefen, sai desse corpo, e volte a terra!
- Veneno de Befen, não avances, volte a terra!
- Por que eu sou Ísis, a Grande Maga, Senhora dos Sortilégios. Pratico a Alta Magia, e me escutem vos, todos os répteis!
- Caia, veneno de Mestet!
- Decline, veneno de Mestetef!
- Não circule, veneno de Petet e Tetet!
- Não se aproximes das partes vitais, veneno de Matet!
Agora vem o sortilégio contra o veneno, oferecido por Geb à Ísis:
- Não clame aos das terras vermelhas, aponta teu olhar para as nobres senhoras que estão em suas casas até que cheguemos aos lugares onde nos proteger em Jeb, a terra de Buto. O menino viverá, o veneno vai minguar. Como Hórus se fez forte pela intervenção de sua mãe, o que foi ferido se fará forte também.

Então o menino se recuperou, e o fogo provocado na casa foi totalmente extinto, e o céu estava satisfeito com as palavras de Ísis, a Grande Maga. Usert me trouxe algumas jóias e riquezas e os levou a casa da mulher humilde, como recompensa por haver aberto a porta para mim, quando eu, cansada e dolorida pedi pouso, para refazer-me das fadigas.


E agora os homens das suas terras fazem massa de farinha de trigo e sal, depositando-a sobre as feridas infringidas pelo ferrão do escorpião, e logo recitam as Palavras de Poder que eu recitei sobre o filho de Usert quando o sete vezes poderoso veneno de Tefen estava em seu corpo, por que eu sou Ísis, a Grande Maga, Senhora dos Sortilégios.

P.C.
 

Satpa

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O Nome Secreto de Rá

O Nome Secreto de Rá

Rá, o poderoso deus que veio a existência por si mesmo, o que fez o céu, a terra, a água, o que criou a vida, o fogo, os homens e deuses possuía tantos nomes que nem mesmo os deuses conheciam.

Ísis, a grande Maga, era uma mulher de palavra hábil, mais hábil que os corações de um milhão de homens. Se sobressaía sobre milhões de deuses, e era mais astutas de que muito deles. Conhecia, como Rá, o senhor supremo, tudo o que se podia saber sobre o céu e a Terra. A deusa tramou em seu coração averiguar o nome secreto de Rá, o qual lhe dava o poder sobre o resto dos homens e dos deuses.

A cada dia, Rá surgia, sobre sua barca, do lado oriental do horizonte para realizar sua travessia pelos céus e atravessar o lado ocidental, ao entardecer, realizando sua viagem noturna pelas regiões de Duat, a qual ele iluminava com sua luz. No entanto eram muitas as viagens que o deus havia realizado e a cada dia ele envelhecia um pouco mais. Quando atravessava as terras do Egito sua cabeça se balançava, sua mandíbula tremulava e da sua boca caía a saliva que regava a terra

Um dia Ísis recolheu a saliva com sua mão, misturando-a com a terra modelou uma serpente que deu origem a primeira cobra. Não necessitou empregar sua magia para levar a cabo essa criação, porque na criatura se encontrava a própria substância divina de Rá. Ísis tomou a serpente inerte e a situou no caminho em que seu pai efetuava a transição diária do Oriente e do Ocidente, de acordo com o desejo de sua alma.

Depois de que o grande deus fez firme seu coração, disse àqueles que o seguiam: Venham a mim, Oh, vocês, que vieram a existência do meu corpo. Vocês, deuses que surgiram de mim. Que então saibam o que me aconteceu. Uma criatura mortal me feriu. Meu coração o pressenti, mas não sei do que se trata, porque meus olhos não puderam vê-la, nem minhas mãos puderam tocá-la. É desconhecida entre tudo que eu criei. Nunca senti tal dor, não conheço nada tão mortal. Sou o Governador e filho de um Governante, o fluido produzido por um deus. Sou o Grande filho de um Grande. Foi meu pai que pensou meu nome. Tenho muitos nomes e uma variedade de manifestações, e meu Ser está em cada um dos deuses que existem. Sou proclamado como Atum e como Hórus. Meu pai e minha mãe pronunciaram meu nome, que estava oculto em meu corpo antes mesmo do meu nascimento, de modo que ninguém pode ter poder sobre mim mediante suas palavras.

Quando saí para ver minha obra e avançava pelas Duas Terras, algo me mordeu, mas não sei o que foi. Não é o fogo, nem a água, no entanto sinto o fogo em meu coração, meus membros tremulam e estremecem. Venham, filhos meus, deuses, venham a mim, aqueles que conhecem a glória das palavras e quem conheça sua mágica pronunciarão, os de poderosa influencia que alcança o céu.

Todos acudiram ao chamado de Rá, e também o fez Ísis, a Grande Maga, com seu glorioso poder e eficaz palavra. Ísis disse: Que é isso? O que foi que lhe sucedeu? Pai Divino, foi, talvez uma serpente que lhe transmitiu essa dor? Uma de suas criações pôs seu coração contra o seu? Se assim é eu expulsarei a dor que te aflige e destruirei com meus feitiços.


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Ísis cura Rá​


Rá abriu sua boca para contestar: “ Quando viajava pelo largo caminho, quando atravessava as Duas Terras, e os países estrangeiros, desejoso que meu coração percebe-se minha obra, uma serpente a qual não podia ver me mordeu. Não é fogo, não é água. Sinto o frio em meu corpo como a água, sinto o calor do fogo, todos meus membros tremem e o suor corre pelo meu corpo. Me estremeço, meus olhos se encontram inseguros e não posso distinguir o céu. A umidade me alcança no rosto como nos quentes dias de verão.”

Ísis novamente falou e agora sua voz era cálida e reconfortante: “Venha, diga Senhor, vosso nome, oh divino pai, vosso verdadeiro nome, o nome secreto que só você conhece, porque somente viverá aquele que é chamado por seu verdadeiro nome”

E Rá contestou com todos os nomes que possuía: "Sou o criador do Céu e da Terra, fui quem criou as montanhas e criou tudo que existe. Sou o que deu origem as Águas, fiz com que a Grande Inundação viesse a existência. Sou quem trabalhou o céu e as cavidades ocultas dos Dois Horizontes, dentro dos quais situei as almas dos deuses. Sou aquele que quando abre os olhos origina a luz e quando os fecha provoca a escuridão. Sou o aquele que criou as horas e assim os dias vieram a existência. Sou o que abre os festivais do ano, o criador do fluxo corrente das águas. Sou quem deu origem ao fogo para que os trabalhos o homem pudessem levar a cabo. Sou Jepri pela manhã, Rá ao meio dia e Atum pela tarde”

Mas Ísis já conhecia todos esses nomes, igual ao resto doa humanidade, no entanto Rá seguia guardando dentro de si seu nome secreto. Enquanto, a dor crescia e o veneno corria através de suas veias como o fogo. Então Ísis se dirigiu novamente a Rá dizendo-lhe: “ Não são esses os nomes que necessito para que seja curado, é necessário que me diga seu nome secreto, aquele que só você conhece, e o veneno será expulsado. Só viverá aquele que manifesta seu verdadeiro nome”.

Rá estremecido pela dor que lhe queimava com ferocidade, mas poderoso que as chamas do fogo, disse: Aproxime-se Ísis, venha aqui e deixe que meu nome passe do meu corpo para o teu. Eu, o mais divino entre os deuses, o mantive oculto para que meu assento na Barca Divina, de milhões de anos, pudesse ser extenso. Quando saí de meu coração, diga-o ao seu filho Hórus. Depois que haja jurado pela vida do deus”. Depois disso o grande deus revelou seu nome a deusa.

Então Ísis, a grandiosa dos feitiços, disse: "Vá embora veneno! Sai fora de Rá. Oh olho de Hórus, sai fora do Deus que deu origem a vida por meio de suas palavras. Sou eu quem realiza esse feitiço, sou eu quem envia pra fora o poderoso veneno. O grande Deus me entregou se nome. Rá viverá e o veneno morrerá.” Assim foi como disse Ísis, a Grande, senhora dos Deuses, que conhece Rá pelo próprio nome.


P.C.
 

Satpa

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Toth e a Invenção da Escrita

Toth e a Invenção da Escrita​

Toth é, reconhecidamente, o mais sábio e hábil dentre os deuses, sendo o pai de todas as artes em que o homem se exercita com o raciocínio. Deu-se que, um dia, ao formular as regras do jogo de Senet, esse poderoso deus perguntou-se como poderia preservar o conhecimento em algo mais durável do que a memória.

Por muito tempo essa questão incomodou o deus-íbis, que se ocupava de outras coisas menores enquanto sua inimaginável mente procurava uma resolução para aquele enigma. Depois de um tempo, porém, ocorreu a Toth que poderia usar um caniço afiado e tinta para, em uma folha de papiro, planta que crescia, abundante, no delta, desenhar signos que representassem coisas – como pão, macaco ou barca – e conceitos – como amor, ódio, fidelidade. Durante vários dias, hora na forma de homem com cabeça de íbis, hora na forma de babuíno Toth se ocupa de traçar todos os signos que sua mente imagina. Feita sua obra foi mostrá-la ao rei dos deuses, Rá, e obter sua aprovação para que os homens dela pudesse desfrutar.

No palácio do soberano dos deuses Toth diz:

- Creio ser essa minha mais útil invenção, que permite registrar tudo que se queira em algo mais durável que a memória, especialmente a dos homens, que depressa se embota e se perde. Assim, a grande glória dos deuses estará imperecível, mesmo daqui a milhares de anos.

- O que tua sapiente invenção fará, Thot, é destruir a memória, esse dom que somente os seres humanos tem dentre todos os animais. Afinal, se tudo está registrado, qual será a necessidade de recordar?

- Toda a necessidade, pois os homens poderão confiar na memória, ainda. Recorrerão aos registros daquilo que é muito importante, e será a partir deles que construirão algo novo. Não irão perder mais tempo aprendendo ou ouvindo aquilo que seus pais já sabiam, sem poder se beneficiar da experiência deles. Será, apenas, interpor um veículo certo entre a memória e o ser humano. Eles serão muito ajudados por isso, é o que vejo.

Toth parou, como que refletindo, e disse:

- Imagine qual será a angústia do homem sábio, sem poder ter certeza que suas palavras serão ouvidas pelos seus filhos exatamente como ele desejou que o fossem, posto que precisa confiar na memória dos que irão contar a sua história aos mais novos. Eis ai uma das grandes utilidades da escrita, o pensamento puro e incólume para a mente de seu estudioso. Além disso, imagine como será útil registrar as contas no papel, tendo certeza de que estão corretas, ou o calendário, mostrando que tal ato glorioso de Rá remete a um passado em tantos anos, não em outros quantos. E a cheia do rio Nilo, que vivifica o Egito poderá ser calculada e colocada a serviço dos homens e deuses...

- Fazei então, Toth, como julgas correto, pois que tua invenção sapientíssima, assim como todas as outras anteriores – o calendário, a álgebra, a escrita – estarão a disposição dos homens e deuses.


P.C.
 
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