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Memórias e património de Assafarge retratadas em livro

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Aos 10 anos de actividade, o Grupo Etnográfico Cantares e Danças de Assafarge lançou obra sobre memórias e património da freguesia

A sessão que marcou o lançamento da obra “Freguesia de Assafarge – Memórias e Património” foi compatível com o ambiente de uma tarde de domingo. Descontraída e até com espaço para comentários bem dispostos em torno das potencialidades sexuais de algumas plantas que crescem pelos campos de Assafarge, uma das matérias abordadas na obra de 188 páginas, que incide sobre as várias particularidades da freguesia.
«Aprendi por que a população está sempre a crescer», brincou o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Encarnação.
Dizem os saberes populares, que a natureza é solução para os mais variados problemas, lê-se na obra coordenada por Luís Carlos Ferreira, director do Grupo Etnográfico Cantares e Danças de Assafarge. Depois de uma recolha, foram muitas as histórias contadas pelos antigos sobre as potencialidades curativas de mezinhas, chás e infusões. Se para o «vigor sexual» é sugerido chá de hortelã-pimenta, muitas outras sugestões são deixadas a quem folhear o livro, que marca o 10.º aniversário do grupo.
Para as otites dos bebés é indicado o leite materno, para o cancro da próstata aconselha-se a ingestão em jejum de duas a três pevides de abóbora e quem sofre de bronquite pode sempre experimentar um pano de flanela embebido em petróleo e colocá-lo no peito. A obra vai bem mais além destas curiosidades de índole popular. Dá a conhecer os vários lugares da freguesia, recorda a estação romana de S. Silvestre e a romaria de Santo Amaro. Não passam despercebidos os cruzeiros, alminhas, fontes e chafarizes, igrejas e capelas e muitos dos costumes, tradições e vivências de uma população com quase 800 anos.
As viagens a pé para Coimbra, as visitas pascais, as fogueiras, o modo como eram celebrados os baptizados, mas também o vocabulário da terra.
Recorde-se que, por exemplo, que uma mulher acupada queria dizer uma mulher grávida ou que mandar alguém para «areias-gordas» era «um grave insulto». E um «estrapasso», o que quer dizer? Simplesmente, um susto.
Mário Nunes, que teve a missão de apresentar o livro, classificou-o como uma «obra de pesquisa, de fácil leitura e com extraordinário conteúdo. É um trabalho de mérito e de inquestionável valor e interesse». Para o vereador da Cultura, que aproveitou a ocasião para criticar aqueles a que chamou «intelectuais de gabinete», o projecto é «uma homenagem sentida a todos aqueles que fizeram de Assafarge o que é hoje».
Também o presidente da Câmara Municipal criticou aqueles que esquecem a cultura popular, nomeadamente as televisões que, na sua opinião, parece que «têm um pacto de silêncio» quando o assunto é folclore e fado de Coimbra. Ao elogiar o trabalho dos grupos folclóricos, o autarca recordou que «a pior coisa que pode acontecer a um povo é não ter memória».
Henrique Fernandes, governador civil do distrito de Coimbra, falou deste tipo de expressão como «cultura de proximidade, cultura de todos os dias», que «é compatível» com o outro tipo de cultura mais «massificada».
Para o presidente da Junta de Freguesia de Assafarge, Alfredo Pereira, o livro ontem apresentado vem preencher «uma lacuna» que existia na freguesia.
 
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