Viseu: Só frio incomodou o grupo
Viseu: Só frio incomodou o grupo
12h37m
O frio foi o principal "inimigo" das 17 pessoas que terça-feira se perderam de um grupo de 60 durante uma subida ao Rio Teixeira, resgatadas esta manhã por um helicóptero em Lomba de Arões, no concelho de Vale de Cambra.
As 17 pessoas - e não 16 como anteriormente estava a ser divulgado pelas autoridades -, pertencentes a um grupo de amigos católicos de vários pontos de Lisboa que habitualmente organiza acampamentos no Verão, foram localizadas às 8.55 horas e depois transportadas para a Capela da Nossa Senhora dos Milagres, na pequena aldeia de Lomba de Arões, num ponto elevado da Serra da Lomba.
António Trigueiros, padre jesuíta que, juntamente com outro adulto, acompanhava os jovens com idades entre os 16 e os 24 anos, contou aos jornalistas o que se passou à entrada da capela, enquanto no interior os jovens entoavam cânticos.
"Um grupo de 60 pessoas participava na subida do rio e o final do grupo perdeu-se do resto numa bifurcação (para um afluente)", explicou, acrescentando que a opção foi aguardar em cima de um rochedo pelo nascer do sol para voltar atrás.
Segundo o padre, o grupo tinha saído cerca das 16 horas da Ponte do Rio Teixeira junto à EN 333-3, nos limites dos concelhos de Oliveira de Frades e Vale de Cambra, e pretendia chegar cerca das 20 horas a uma quinta, intuito que a outra parte do grupo conseguiu cumprir.
Apesar da fome, o frio foi a principal dificuldade que enfrentaram durante a noite, sobretudo porque tinham as roupas molhadas da caminhada feita no leito do rio, que não secaram durante a noite.
"Íamo-nos abraçando para estarmos mais quentes", contou, acrescentando que andaram "poucos quilómetros, mas é uma zona que tem muitos obstáculos de água e era impossível" caminhar de noite para trás.
Com medo de uma hipotermia, aguardaram que o sol os aquecesse e, quando se preparavam para voltar atrás, chegou o helicóptero que os resgatou. Ainda que tivesse chegado a sentir medo e cansaço, António Trigueiros garante que "nunca houve sentimento de pânico", e que "o frio, de facto, foi o mais difícil".
Várias pessoas do grupo já tinham feito esta caminhada, atribuindo o facto de se perderem a "uma pequena distracção" na bifurcação.
António Fontes, de 21 anos e que foi um dos responsáveis pela organização desta semana de férias, iniciada no passado sábado, contou aos jornalistas que todos estavam "com um estado de espírito muito bom".
"Se não fosse o frio tinha sido uma noite bem passada", afirmou, acrescentando que, no entanto, ficou muito satisfeito quando apareceu o helicóptero. "Pensámos em mil e uma maneiras de sair dali, a mais fantástica era de helicóptero", sublinhou.
O grupo está acampado na Quinta de S. Francisco, pertencente ao Cercal (S. Pedro do Sul), contando com o apoio de algumas casas da localidade, contou António Fontes.
Por se sentirem bem e sem necessidade de assistência médica, cerca das 11 horas, as 17 pessoas (os jovens tapados com cobertores) deixaram a Capela da Nossa Senhora dos Milagres nos carros do comando da Salvação Pública de S. Pedro do Sul e da Protecção Civil com destino à quinta onde estão acampados, segundo informações do segundo comandante distrital de Viseu, Henrique Pereira.
JN