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Golfinhos têm sido avistados no Tejo, alguns deles na frente ribeirinha de Lisboa

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Set 10, 2007
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Portugal é um dos países do mundo com mais espécies de cetáceos.

Foram avistados golfinhos no Tejo nas últimas semanas, umas vezes na Margem Sul e outras na zona ribeirinha de Lisboa. Embora o facto possa espantar o cidadão comum, biólogos marinhos e profissionais que trabalham no rio dizem que não é de todo inédito o aparecimento destes mamíferos no estuário nos últimos anos.

António Falcão foi um dos que tiveram a sorte de observar dois deles na Margem Sul, num local que prefere não divulgar, para que o excesso de gente não afugente os animais. Sócio-gerente de uma firma de aluguer de barcos, estava a recolher amostras de água para um estudo quando deu por dois exemplares. São suas as fotos e o vídeo do início do mês passado que podem ver-se no blogue Aquaparty.

Dias antes, a 19 de Junho, já o autor do blogue Ships and the Sea (SHIPS & THE SEA - BLOGUE dos NAVIOS e do MAR), Luís Miguel Correia, tinha avistado "um belo grupo com cerca de dez animais" junto ao pontal de Cacilhas. Depois "encostaram à Margem Norte, passaram à frente da Liscont e seguiram junto à Junqueira", descreve, explicando como foram "perseguidos Tejo abaixo por pescadores motorizados". Foi nesse mesmo dia que a família Brito, que também tem um blogue (Britos do 4º andar) conseguiu uma fotografia rara dos golfinhos a nadar defronte do edifício da Cordoaria, em Lisboa (reproduzida nesta página).

Ao contrário da crença comum, segundo a qual esta espécie desapareceu do Tejo na década de 60 do século passado, os golfinhos voltaram a surgir no rio. Um mestre da Transtejo confirma-o: "De há seis ou sete anos a esta parte, têm aparecido grupos de quatro ou cinco, e quando eu fazia a carreira do Montijo avistava-os com regularidade entre Junho e Julho. É nesta altura que o peixe vem fazer a desova no estuário, e eles vêm à procura de alimento". Apesar de também apelidados de "roaz corvineiro", não são só as corvinas que fazem as suas delícias. Comem o que lhes aparece: choco, incluindo espécimes recém-nascidos, cavala e outros pitéus.

O mestre da Transtejo diz que os encontrava com maior frequência no mar da Palha, por se tratar de uma zona mais limpa. Mas associar o regresso dos Tursiops truncatus (nome científico) à melhoria da qualidade da água do Tejo pode ser enganador. "As ostras, que seriam prova disso, continuam desaparecidas", nota um dos responsáveis pela Reserva Natural do Estuário do Tejo, João Carlos Farinha. "Podem ter aparecido por acaso, em perseguição de cardumes."

"É um bom sinal, mas provisório", diz também Francisco Ferreira, da Quercus. Acima de tudo, trata-se de visitas ocasionais: segundo o biólogo marinho Hélio Vicente, do Zoomarine, em Albufeira, é muito raro estes mamíferos fixarem-se num local, como acontece no Sado. Por isso, é provável que a sua presença no Tejo antes da década de 60, fosse um vaivém de grupos diferentes entre o rio e o oceano, mais do que um grupo a residir aqui permanentemente. Só que nessa altura havia menos ruí-dos - "os cetáceos são extraordinariamente sensíveis ao som", refere - e mais peixe para se alimentarem, ainda por cima menos poluído, pelo que as suas visitas ao estuário eram mais frequentes.

Porque terão então regressado? "Podem ter vindo explorar o rio, procurar comida, ao engano ou a fugir de algum predador", responde Hélio Vicente. "Portugal é dos países do mundo com maior número de espécies de golfinhos e baleias, e dos mais famosos a nível internacional para a sua observação" turística, garante o biólogo. "Volta e meia aparecem e volta e meia desaparecem", resume um agente da Polícia Marítima.

Se estiver num barco e vir um a passar não vá ter com ele. Não só porque é ilegal - a lei obriga a que qualquer barco respeite uma distância de pelo menos 50 metros, a menos que seja o mamífero a aproximar-se - como porque pode ser também perigoso. "Se entrarmos na água, podemos transmitir-lhes vírus e bactérias", esclarece o biólogo. E como pesam até 450 quilos e medem até 3,5 metros de comprimento, uma palmada com a cauda ou com o bico, mesmo que amigável, pode ter consequências pouco agradáveis.

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