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Nagasaki

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Nagasaki


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Imagem histórica do cogumelo atômico provocado pela explosão nuclear sobre Nagasaki.

Nagasaki durante a 2ª Guerra Mundial

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Urakami Tenshudo (Igreja Católica em Nagasaki) destruída pela bomba atómica, com a sua cúpula ruída.

A cidade de Nagasaki tinha, até à altura, sido um dos maiores e mais importantes portos de mar do sul do Japão, sendo, por isso, de grande importância em tempo de guerra devido à sua abrangente actividade industrial, incluindo a produção de canhões e munições, navios, equipamento militar, e outros materiais de guerra.

Em contraste com os vários aspectos modernos de Nagasaki, a grande maioria das residências era de construção japonesa antiquada, sendo a madeira a principal matéria-prima. Era frequente nem ser sequer usada argamassa na sua construção, e os telhados eram de telha simples. Muitos dos edifícios que albergavam a pequena indústria eram também feitos de madeira ou de outros materiais não concebidos para suportar explosões. Foi permitido a Nagasaki, durante muitos anos, crescer sem obedecer a um plano urbanístico; as residências eram construídas junto a edifícios de fábricas, sendo o espaço entre os edifícios mínimo. Esta situação repetia-se maciçamente por todo o vale industrial.


Até à explosão nuclear, Nagasaki nunca tinha sido submetida a bombardeamentos de larga escala. A 1 de Agosto de 1945, no entanto, várias bombas convencionais de elevada potência foram largadas sobre a cidade. Algumas delas atingiram os estaleiros e docas do sudoeste da cidade.

Várias outras atingiram a Mitsubishi Steel and Arms Works e 6 bombas caíram na Escola de Medicina e Hospital de Nagasaki, com três impactos directos nos seus edifícios. Embora os danos destas bombas tenha sido relativamente pequeno, criou preocupação considerável em Nagasaki, tendo várias pessoas - principalmente crianças da escola -, por uma questão de segurança, sido evacuadas para áreas rurais reduzindo, assim, a população da cidade por altura do ataque nuclear.

A norte de Nagasaki existia um campo de prisioneiros de guerra britânicos. Estes encontravam-se a trabalhar em minas de carvão, pelo que apenas se inteiraram acerca do bombardeamento quando retornaram à superfície. Para eles, foi a bomba que lhes salvou as suas vidas. No entanto, pelo menos 8 prisioneiros pereceram, embora um número de até 13 possa ser possível e outros possivelmente linchados pela população:

• 1 britânico [1] [2] (esta última referência lista também pelo menos 3 outros prisioneiros que morreram a 9 de Agosto de 1945 [3][4][5] mas não refere se foram baixas de Nagasaki)
• 7 holandeses (2 nomes conhecidos)[6] morreram no bombardeamento.
• Pelo menos 2 prisioneiros, de acordo com o reportado, morreram no pós-guerra devido a cancro que se supõe ter sido causado pelo bombardeamento atómico [7][8]

O bombardeamento

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Modelo pós-guerra da bomba Fat Man.

Na manhã de 9 de Agosto de 1945, a tripulação do avião dos E.U.A. B-29 Superfortress, baptizado de Bockscar, pilotado pelo Major Charles W. Sweeney e carregando a bomba nuclear de nome de código Fat Man, deparou-se com o seu alvo principal, Kokura, obscurecido por nuvens.

Após três voos sobre a cidade e com baixo nível de combustível devido a problemas na sua transferência, o bombardeiro dirigiu-se para o alvo secundário, Nagasaki - a maior comunidade cristã do Japão. Cerca das 07:50 (fuso horário japonês) soou um alerta de raide aéreo em Nagasaki, mas o sinal de "tudo limpo" (all clear, em inglês) foi dado às 08:30.

Quando apenas dois B-29 foram avistados às 10:53, os japoneses aparentemente assumiram que os aviões se encontravam em missão de reconhecimento, e nenhum outro alarme foi dado.

Alguns minutos depois, às 11:00, o B-29 de observação, baptizado de The Great Artiste (em português "O Grande Artista"), pilotado pelo Capitão Frederick C. Bock, largou instrumentação amarrada a três pára-quedas. Esta continha também mensagens para o Professor Ryokichi Sagane, um físico nuclear da Universidade de Tóquio que tinha estudado na Universidade da Califórnia com três dos cientistas responsáveis pelo bombardeamento atómico. Estas mensagens, encorajando Sagane a falar ao público acerca do perigo destas armas de destruição maciça, foram encontradas pelas autoridade militares, mas nunca entregues ao académico.[10]

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Um relato japonês do bombardeamento descreveu Nagasaki como "um cemitério sem uma única lápide de pé."

Às 11:02, uma aberta de última hora nas nuvens sobre Nagasaki permitiu ao artilheiro do Bockscar, Capitão Kermit Beahan, ter contacto visual com o alvo. A arma Fat Man, contendo um núcleo de aproximadamente 6,4 kg de plutónio-239, foi largada sobre o vale industrial da cidade. Explodiu 469 metros sobre o solo, a cerca de meio caminho entre a Mitsubishi Steel and Arms Works (a sul) e a Mitsubishi-Urakami Ordnance Works (a norte), os dois principais alvos na cidade.

De acordo com a maior parte das estimativas, cerca de 40.000 dos 240.000 habitantes de Nagasaki foram mortos instantaneamente, e entre 25.000 a 60.000 ficaram feridos. No entanto, crê-se que o número total de habitantes mortos poderá ter atingido os 80.000, incluindo aqueles que morreram, nos meses posteriores, devido a envenenamento radioactivo.


Os hibakusha

Os sobreviventes do bombardeamento são chamados de hibakusha (被爆者), uma palavra japonesa que é traduzida literalmente por "pessoas afectadas por bomba".

O sofrimento causado pelo bombardeamento foi a raiz do pacifismo japonês do pós-guerra, tendo este país, desde então, procurado a abolição completa das armas nucleares a nível mundial. Em 2006, há cerca de 266.000 hibakusha ainda a viver no Japão.[11]

Debate a cerca dos bombardeamentos

Apoio à utilização de armamento atómico

Embora os apoiantes do bombardeamento concedam que as autoridades civis japonesas estivessem, desde Janeiro de 1945 e logo a seguir à invasão de Luzon (Filipinas), a enviar cautelosa e discretamente vários comunicados, apontam também o fato de os oficiais militares japoneses, antes do uso da bomba atómica, se oporem em unanimidade a quaisquer negociações.

Embora alguns membros das autoridades civis tenham usado dissimuladamente canais diplomáticos para iniciar as negociações pela paz, por si só não poderiam negociar uma rendição ou mesmo um cessar-fogo.

O Japão, sendo uma Monarquia constitucional, apenas poderia entrar num tratado de paz com o apoio unânime do gabinete japonês, e todo este era dominado por militaristas do Exército Imperial Japonês e da Marinha Imperial Japonesa, sendo todos inicialmente opostos a qualquer tratado de paz.

Na altura, chegou-se a uma situação de empate político entre os líderes civis e militares, estando estes últimos cada vez mais determinados a lutar sem olhar a custos e eventuais desfechos. No pós-guerra, vários continuaram a acreditar que o Japão poderia ter negociado termos de rendição mais favoráveis caso tivessem continuado a infligir alto nível de baixas nas forças inimigas, terminando, eventualmente, a guerra sem uma ocupação do Japão e sem a mudança de Governo.


O historiador Victor Davis Hanson chama a atenção para a resistência japonesa crescente, fútil como foi em retrospecto, como a guerra veio a sua conclusão inevitável. A Batalha de Okinawa mostrou esta determinação de lutar a todo custo. Mais de 120.000 tropas japonesas e 18.000 tropas americanas foram mortas na batalha mais sangrenta do teatro do Pacífico, somente 8 semanas antes da rendição final do Japão. Na verdade, mais civis morreram na Batalha de Okinawa que na explosão inicial das bombas atómicas.

Quando a União Soviética declarou guerra contra o Japão em 8 de Agosto de 1945 e conduziu a Operação Tempestade de Agosto, o Exército Imperial Japonês ordenou que suas forças fracas e sem suprimento na Manchúria lutassem até o último homem. O Major General Masakazu Amanu, chefe da secção de operações nos quartéis generais imperiais japoneses, declarou que ele estava absolutamente convencido que suas preparações defensivas, que começaram no começo de 1944, poderia repelir qualquer invasão Aliada de suas ilhas com as mínimas perdas. Os japoneses não desistiriam facilmente por causa de sua forte tradição de orgulho e honra—muitos seguiam o Código Samurai e lutariam até o último homem ser morto.

Após a descoberta de que a destruição de Hiroshima tinham sido por uma arma nuclear, os líderes civis ganharam mais e mais firmeza em seus argumentos que o Japão tinha que admitir sua derrota e aceitar os termos da Declaração de Potsdam. Mesmo após a destruição de Nagasaki, o Imperador mesmo precisou intervir para terminar um impasse gabinete.

Apoiadores do bombardeio também apontaram que esperar que os japoneses se rendessem não era uma opção sem custo—como um resultado da guerra, não combatentes estavam morrendo por toda a Ásia em uma taxa de cerca de 200.000 por mês. O Bombardeio de Tóquio na II Guerra Mundial tinha matado muito mais de 100.000 pessoas no Japão, desde Fevereiro de 1945, directamente e indirectamente.

Que os bombardeios convencionais intensivos teriam continuado antes de uma invasão. O bloqueio submarino, a operação de minas navais das Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos e a Operação Salvação tinham efectivamente cortado as importações do Japão. Uma operação complementar, contra as ferrovias do Japão, estava preste a começar, isolando as cidades do sul de Honshu da comida que crescia em outros lugares de suas ilhas. Isto, combinado com o atraso nos suprimentos de alívio dos Aliados, poderia ter resultado em uma estatística de morte muito maior em Japão, devido à fome e a mal nutrição, que a que realmente aconteceu nos ataques. "Imediatamente depois da derrota, alguns estimavam que 10 milhões de pessoas poderiam ter morrido de fome", nota o historiados Daikichi Irokawa. Enquanto isto, em adição aos ataques soviéticos, ofensivas foram programadas para Setembro no sul da China e Malásia.

Os americanos anteciparam a perda de muitos soldados na Operação Downfall, apesar do número real da Operação Downfall ser sujeito de algum debate. Ele dependeria da persistência e da reabilitação da resistência japonesa ou de se os americanos teriam invadido somente Kyushu em Novembro de 1945 ou se uma seguida aterragem perto de Tóquio, projectada para Março de 1946, teria sido necessária.

Anos após a guerra, o Secretário de Estado James Byrnes clamou que 500.000 vidas americanas teriam sido perdidas—e este número tem sido repetido desde então autoritariamente, mas no verão de 1945, planejadores militares dos EUA projectaram 20.000–110.000 mortes em combate da invasão inicial de Novembro de 1945, com cerca de três a quatro vezes este número de feridos. (O total de mortes em combate dos EUA em todas as frentes na II Guerra Mundial em quase quatro anos de guerra foram 292.000). Entretanto, estas estimativas foram feitas usando a inteligência que brutalmente subestimou a força japonesa reunida para a batalha de Kyushu em número de soldados e kamikazes.

Além disto, a bomba atómica acelerou o fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia liberando centenas de milhares de cidadãos ocidentais, incluindo cerca de 200.000 holandeses e 400.000 indonésios ("Romushas") de campos de concentração japoneses. Além disto também, as atrocidades japonesas contra milhões de chineses, tais como o Massacre de Nanquim, tiveram um fim.

Apoiadores também apontam para uma ordem dada pelo Ministro da Guerra japonês em 11 de Agosto de 1944. A ordem lidava com a disposição e execução de todos os prisioneiros de guerra Aliados, somando mais de 100.000, se uma invasão da mainland dos japoneses aconteceu.
Em resposta ao argumento que a matança de civis em larga escala era imoral e um crime de guerra, apoiadores dos bombardeios tem argumentado que o governo japonês declarou guerra total, ordenando muitos civis (inclusive mulheres e crianças) a trabalhar em fábricas e escritórios militares e lutar contra qualquer força invasora.

O padre John A. Siemes, professor de filosofia moderna na Universidade Católica de Tóquio e uma testemunha ocular ao ataque da bomba atómica em Hiroshima escreveu:

"Nos discutimos entre nós mesmos a ética do uso da bomba. Alguns a consideram na mesma categoria que o gás venenoso e eram contra seu uso em uma população civil. Outros eram do ponto de vista que na guerra total, como carried on no Japão, não havia diferença entre civis e soldados e que a bomba em si era uma força efectiva tendia acabar com o derramamento de sangue, alertando ao Japão que se rendesse e assim evitando a destruição total. Parece lógico para mim que aquele que apoia a guerra total em princípio não pode reclamar contra da guerra contra civis."[12]

Alguns historiadores alegaram que planejadores dos EUA também queriam terminar a guerra rapidamente para minimizar a potencial aquisição soviética dos territórios dominados pelos japoneses.

Finalmente, apoiadores também apontam os planos japoneses, devised por sua Unidade 731 de lançar os planos Kamikazes com uma praga bubônica de moscas contaminadas para infectar a população de São Diego, Califórnia. A data alvo era para ser 22 de Setembro de 1945, apesar de ser improvável que o governo japonês teria permitido que tantos recursos fossem desviados de propósitos defensivos. [13]

Oposição ao uso de bombas atómicas


O Projecto Manhattan tinha sido concebido originariamente como um contra-ataque ao programa da bomba atómica da Alemanha Nazi, e com a derrota da Alemanha, vários cientistas que trabalhavam no projecto sentiram que os EUA não deveriam ser os primeiros a usar tais armas.

Um dos críticos proeminentes dos bombardeios era Albert Einstein. Leo Szilard, um cientista que tinha um papel fundamental no desenvolvimento da bomba atómica, argumentou: "Se tivessem sido os alemães a lançar bombas atómicas sobre cidades ao invés de nós, teríamos considerado esse lançamento como um crime de guerra, e sentenciado à morte e enforcado os alemães considerados culpados desse crime no Tribunal de Nuremberg.


O seu uso tem sido classificado como bárbaro, visto que cem mil civis foram mortos, e as áreas atingidas eram conhecidas por serem altamente povoadas por civis. Nos dias imediatamente anteriores ao seu uso, vários cientistas (inclusive o físico nuclear americano Edward Teller) defendiam que o poder destrutivo da bomba poderia ter sido demonstrado sem causar mortes.


A existência de relatos históricos que indicam que a decisão de usar as bombas atómicas foi feita com o objectivo de provocar uma rendição através do uso de um poder imponente, juntamente com as observações de que as bombas foram usadas propositadamente sobre alvos que incluíam civis, fez com que alguns comentaristas observassem que o incidente foi um acto de terrorismo de estado. O historiador Rober Newman, que é a favor da decisão de lançar as bombas, levou a alegação de terrorismo de estado tão a sério que argumentou que a prática de terrorismo é justificável em alguns casos. [14]

Outros têm alegado que os japoneses já estavam essencialmente derrotados, e portanto o uso das bombas foi desnecessário. O general Dwight D. Eisenhower assim aconselhou o Secretário de Guerra, Henry L. Stimson, em julho de 1945.[15] O oficial de maior patente no Cenário do Pacífico, general Douglas MacArthur, não foi consultado com antecedência, mas afirmou posteriormente que não havia justificativas militares para os bombardeios.

A mesma opinião foi expressa pelo Almirante da Frota William D. Leahy (o Chefe de Gabinete do Presidente), general Carl Spaatz (comandante das Forças Aéreas Estratégicas dos E.U.A. no Pacífico), e o brigadeiro general Carter Clarke (o oficial da inteligência militar que preparou cabos japoneses interceptados para os oficiais americanos);[15] Major General Curtis LeMay;[16] e o almirante Ernest King, Chefe das Operações Navais dos E.U.A., e o Almirante da Frota Chester W. Nimitz, Comandante-chefe da Frota do Pacífico.[17]

Eisenhower escreveu no seu livro de memórias The White House Years:

"Em 1945 Secretário de Guerra Stimson, ao visitar o meu quartel-general na Alemanha, informou-me que o nosso governo estava a preparar - se para lançar uma bomba atómica no Japão. Eu era um dos que sentia, que havia um número de razões contundentes, para questionar a sabedoria de tal acto. Durante a sua recitação dos factos relevantes, eu tinha estado consciente de um sentimento depressivo e por isso vocalizei-lhe as minhas graves suspeitas, primeiro com base em minha crença de que o Japão já estava derrotado e que o lançamento da bomba era completamente desnecessário; segundo porque pensei que o nosso país deveria evitar chocar a opinião mundial pelo uso de uma arma cujo emprego não era mais, como pensei, obrigatório como uma medida para salvar vidas americanas."[18]

O United States Strategic Bombing Survey escreveu, após ter entrevistado centenas de japoneses civis e líderes militares, depois da rendição do Japão:
"Baseado numa investigação detalhada de todos os fatos e apoiados pelo testemunho dos sobreviventes líderes japoneses envolvidos, é a opinião da Survey que, certamente antes de 31 de dezembro de 1945, e, em todas as probabilidades, antes de 1.º de Novembro de 1945, o Japão teria se rendido mesmo se as bombas atómicas não tivessem sido lançadas, mesmo se a Rússia não tivesse entrado na guerra e mesmo se a invasão não tivesse sido planejada."[19]

No entanto, é de realçar que a pesquisa referida assumiu que seriam necessários adicionais ataques convencionais - com as casualidades directas e indirectas inerentes - para forçar a rendição do Japão nas datas mencionadas no relatório.

Outros críticos defendem que o Japão estaria a tentar render-se pelo menos à dois meses, mas que os Estados Unidos recusavam a rendição pois insistiam que esta deveria ser incondicional. De facto, enquanto que vários diplomatas eram a favor da rendição, os líderes militares japoneses estavam decididos a combater uma batalha decisiva em Kyushu, na esperança de conseguirem negociar melhores termos num futuro armistício - o que os americanos sabiam através da descodificação de comunicações japonesas interceptadas.


O governo japonês nunca decidiu em que termos, além da preservação do sistema imperial, aceitaria cessar as hostilidades. Até 9 de Agosto, o governo japonês encontrava-se dividido, com os mais conservadores a insistirem que o Japão deveria desmobilizar as suas próprias forças, não deveriam existir tribunais para crimes de guerra nem ocupação. Apenas a intervenção directa do Imperador terminou a disputa e mesmo depois disso, ainda houve uma tentativa militar de golpe de estado falhada para evitar a rendição

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O que era originalmente o edifício municipal de promoção industrial tornou-se no Memorial da Paz de Hiroshima. A bomba atómica explodiu quase directamente acima.

Outra crítica é que os EUA deveriam ter esperado por um breve período a fim de avaliar o efeito da entrada da União Soviética na guerra. Os EUA sabiam, e o Japão não, que a União Soviética havia concordado com declarar guerra ao Japão três meses depois do dia da vitória na Europa; com efeito, os soviéticos de fato realizaram um ataque em 8 de Agosto de 1945.

A perda de qualquer perspectiva de que a União Soviética poderia servir de mediador neutro para uma paz negociada, aliada à entrada do Exército Vermelho (o maior exército activo no mundo), poderiam ser suficientes para convencer as forças armadas japonesas da necessidade de aceitar os termos da Declaração de Potsdam (desde que alguma protecção para o Imperador estivesse presente). Como não haveria imediata invasão norte-americana, alega-se que os EUA não tinham nada a perder se esperassem alguns dias para descobrir se a guerra poderia ser terminada sem o uso da bomba atómica.

A rendição japonesa aconteceu antes que se soubesse da escalada dos ataques soviéticos na Manchúria, na Ilha de Sakhalin, e nas Ilhas Kuril; mas, se a guerra tivesse prosseguido, os soviéticos seriam capazes de invadir Hokkaido bem antes da invasão aliada de Kyushu. Outras fontes japonesas afirmaram que os bombardeios em si não foram a razão principal para a capitulação. Ao contrário, alegam, foram as rápidas e devastadoras vitórias soviéticas no continente na semana seguinte à declaração de guerra proferida por Stalin que causaram a mensagem de rendição japonesa em 15 de Agosto de 1945.

Não foi a bomba atómica lançada sobre o Japão que fez terminar a Segunda Guerra Mundial


Entre os historiadores ocidentais, em particular os norte-americanos, está difundida a opinião de que “as bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki puseram fim à Segunda Guerra Mundial”. Sem negar o importante efeito psicológico que tiveram os bombardeios atómicos, que precipitaram a capitulação do Japão, ao mesmo tempo não se pode aceitar que eles tenham sido os responsáveis pelo final da guerra. Eminentes políticos do ocidente também reconheciam isso.

Por exemplo, Churchill dizia: “Seria errado supor que o destino do Japão tenha sido determinado pela bomba atómica.” Os fatos provam que o bombardeio atómico não levou à capitulação do Japão. O governo e o alto comando japoneses ocultaram do povo a notícia do uso da nova arma, atómica, pelos norte-americanos e continuaram preparando a batalha decisiva em seu território. O bombardeio de Hiroshima não foi debatido na reunião do Conselho Supremo do Comando de Guerra.

A advertência do presidente dos EUA, Truman, sobre sua disposição de assestar novos golpes nucleares contra o Japão, transmitida em 7 de Agosto [de 1945] pelo rádio norte-americano, foi avaliada pelo alto comando japonês como “propaganda dos aliados”.

Ainda depois de Hiroshima ter sido reduzida a cinzas pelo fogo atómico, os militares japoneses continuaram afirmando que o Exército e a Marinha de Guerra imperiais eram capazes de continuar combatendo e, ao infligirem um sério dano ao adversário, poderiam assegurar ao Japão condições decentes de capitulação.

Segundo cálculos do Estado-maior norte-americano, para garantir a cobertura dos desembarques nas ilhas nipónicas seria preciso lançar nove bombas atómicas, no mínimo. Mas segundo se soube mais tarde, depois de destruídas Hiroshima e Nagasaki, os Estados Unidos não tinha outras bombas atómicas disponíveis, e sua fabricação levaria muito tempo.

“As bombas que lançamos eram as únicas de que dispúnhamos, e a velocidade de sua fabricação era muito lenta naquele tempo”, escreveria o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Stimson.

É evidente que com os bombardeios atómicos de cidades japonesas não se perseguiu nenhum objectivo militar importante. O general MacArthur, que durante a guerra teve sob seu comando as tropas aliadas no oceano Pacífico, reconheceria em 1960: “Não havia nenhuma necessidade militar de empregar a bomba atómica em 1945.” Tentando encobrir as reais finalidades do bombardeio atómico, Truman declarou em 9 de Agosto de 1945 que o golpe atómico foi assestado “contra a base militar de Hiroshima” com a finalidade de “evitar vítimas entre a população civil”.

Notas Culturais

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Cidadãos de Hiroshima caminham perto do Memorial de Paz de Hiroshima, o edifício mais próximo do bombardeio a ficar de pé.

• O livro Hiroshima Mon Amour, de Marguerite Duras, bem como o filme dele derivado, foram em parte inspirados pelo bombardeio. A versão cinematográfica, dirigida por Alain Resnais, inclui cenas de documentário dos efeitos de longo prazo, de vítimas de queimaduras e de devastação.

• O mangá japonês “Hadashi no Gen”” (Gen pés descalços), também conhecido como “Gen de Hiroshima; o filme de animação Cemitério dos vagalumes, dos estúdios Ghibli, que mostra os bombardeios americanos no Japão; e o filme Rapsódia em Agosto, de Akira Kurosawa são apenas alguns exemplos de mangá e filmes que tratam dos bombardeios e/ou do contexto de guerra em que se deram os ataques.

• Zipang é uma série de animação, actualmente em exibição, em que um navio moderno das Forças Japonesas de Autodefesa viaja no tempo até a Segunda Guerra Mundial. A série oferece uma visão sobre a mentalidade da época e de como os japoneses se sentem actualmente sobre o assunto.

• A peça musical “Trenodia para as vítimas de Hiroshima”, de Krzysztof Penderecki foi escrita em 1960 como uma reacção ao que o compositor acreditava ser um ato sem sentido. Em 12 de Outubro de 1964, Pendereck escreveu: “Que a Trenodia expresse minha firme convicção de que o sacrifício de Hiroshima jamais será esquecido ou perdido”.

• O compositor Robert Steadman escreveu uma composição para voz e ensemble de câmara chamado “Canções de Hibakusha”. Encomendada pelo Museu Imperial da Guerra, Norte, Manchester, a peça musical estreou em 2005.
• Os artistas Stephen Moore e Ann Rosenthal examinam 60 anos de vida sob a sombra da bomba em seu projecto de arte “Infinity City”, que se estende por décadas.

• A banda canadense de rock progressivo Rush executou uma canção chamada “Manhattan Project”, que descreve os eventos associados ao bombardeio de Hiroshima.

• O guitarrista alemão Uli Jon Roth compôs uma canção épica com um pouco mais de 10 minutos com o título de "Hiroshima: Enola Gay/Tune of Japan/Attack/Lament" que fez parte do 2º álbum de seu projecto Electric Sun, lançado em 1980. Embora pouco conhecida, trata-se de uma canção de rock psicodélica, envolvente e sentimental que nos remete exactamente ao bombardeio de Hiroshima.


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