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Intervenção dos intelectuais é "apagada" pelo poder dos "media" - Antonio Tabucchi

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Intervenção dos intelectuais é "apagada" pelo poder dos "media" - Antonio Tabucchi

O escritor italiano Antonio Tabucchi confessou-se "céptico" quanto à capacidade de intervenção da literatura ou dos intelectuais na sociedade contemporânea, em face da influência dos "media".

Na sua opinião, a voz crítica dos intelectuais é actualmente apagada "pelo imenso poder dos meios de comunicação".

"Estatisticamente falando, é impossível - disse em entrevista à agência EFE - lutar contra as quatro ou cinco horas que, por exemplo, os italianos passam em frente do televisor. Hoje, qualquer imbecil na televisão pode chegar a milhões de pessoas...e um livro a quantos?"

A obra do autor de "Afirma Pereira", "Requiem" e "A cabeça de Damasceno Monteiro" é durante esta semana objecto de análise num curso da Universidade Complutense no Escorial.

"A verdade é que estes actos me obrigam a pensar que sou escritor e que tenho de dizer coisas inteligentes, porque as pessoas devem pensar que eu o sou - comenta entre risadas -, mas quero dizer que, embora isto me seja muito grato, reivindico constantemente a vida".

Argumenta ainda o escritor: "Se hoje não escreveres uma folha, nada acontece, podes escrevê-la amanhã. No entanto, não poderás viver amanhã o que hoje não vivas, e o mundo está cheio de vida, de complicações. Há que experimentá-las e então, sim, podes contá-las".

Tabucchi falou hoje dos seus livros e da sua relação com a história e reivindicou a necessidade da memória.

"A memória - observou - mantém-se contando as coisas, e para isso é muito importante a voz.A voz é vida, o silêncio nada, e a escrita é o mineral que depois fica".

Amante de Portugal, Tabucchi conta ter começado a escrever por causa de um poema de Fernando Pessoa, de quem é hoje um profundo conhecedor e tradutor.

Tabucchi divide o seu tempo entre Lisboa e Paris, porque em Itália já não tem família, mas mesmo assim está muito atento a tudo o que se passa no seu país de origem.

"Em Italia - afirma - são mais necessárias as leis do que os intelectuais, porque são as leis que têm de dizer ao senhor (Primeiro-Ministro Silvio) Berlusconi que não se pode ser presidente de um país, ser o dono de três televisões e também ter o controlo absoluto da televisão nacional. Mas o Parlamento é assim. Ele ganhou democraticamente".





Lusa
 
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