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Foto de imigrante seminua no chão de uma esquadra em Itália choca a Europa

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Revista católica evoca o espectro do “fascismo”
Foto de imigrante seminua no chão de uma esquadra em Itália choca a Europa


A As autoridades italianas tentavam ontem explicar e aparentemente sem muito sucesso o que se passou com uma imigrante fotografada seminua no chão de uma esquadra de Parma. A indignação que a foto causou a quem a viu terça-feira no La Reppublica continuava a ser maior do que todas as palavras.

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A imigrante estava deitada no chão numa esquadra de Parma

A foto é dramática. A detida veste apenas uma T-shirt vermelha e está deitada no chão, quase de bruços, junto do que parece um banco. É africana e o seu corpo está sujo.

De acordo com as autoridades locais, a mulher foi surpreendida durante uma operação contra a prostituição na zona onde ela é mais intensa na cidade. Os polícias levaram jornalistas, daí a fotografia. Mas os repórteres não assistiram a tudo. Uma vez no comissariado, segundo o conselheiro municipal para a segurança, Constantino Monteverdi, terá tentado suscitar "pena" aos agentes para que não a identificassem, o que não terá conseguido. Na sala para onde a seguir foi mandada, "primeiro sentou-se, depois atirou-se para o chão". Talvez por "nervos".

As explicações das autoridades da comuna da Emília-Romana não foram para muitos suficientes. Dois senadores do Partido Radical perguntaram ao Ministério do Interior se uma operação como a que foi feita era da competência da polícia local e se este género de intervenções não devem ser "conformes às leis" e as pessoas sujeitas a restrições temporárias da liberdade tratadas "dignamente".

O presidente do Senado, Renato Schifani, do partido de Berlusconi, quis ir mais longe. Numa carta ao chefe da polícia de Parma escreveu que "aqueles que querem adoptar o princípio da tolerância zero devem fazê-lo sem esquecer nunca a defesa da dignidade das pessoas e a sua privacidade". E afirmou temer que fotos como esta possam dar do país uma imagem "distinta da realidade".

Em declarações ao diário espanhol El País, Monteverdi disse que tudo acabou bem, que os polícias até lhe deram roupa, pequeno-almoço e um café, e a devolveram de novo à liberdade. Mas a fotografia continuava a circular nos media europeus como a ilustração do pacchetto sicurezza, ou o "pacote de segurança" que o Governo aprovou no mês passado dando mais poderes aos autarcas para intervirem em situações de emergência contra prostitutas e mendigos.

Católicos criticam

Mas esta não era ontem a única polémica a corroer a política de Berlusconi. Muito crítica desde Junho das leis sobre a imigração clandestina, a revista católica Famiglia Cristiana interrogou-se quarta-feira em editorial sobre o rumo das coisas e da maneira que o Governo menos gosta: "Esperemos que jamais se concretizem os receios de um renascimento de uma outra forma de fascismo entre nós", escreveu o autor, Beppe del Colle, que fez acompanhar o escrito da célebre foto de um rapaz judeu de mãos no ar no gueto de Varsóvia.

A reacção foi imediata. Se o ministro da Cultura, Sandro Bondi, se ficou pelo que chamou um "tom incrivelmente imprudente e irresponsável" da influente revista católica, o subsecretário de Estado da presidência, Carlo Giovanardi, foi muito mais longe: "Os fascistas são vocês, com o vosso tom caceteiro!"

Um porta-voz do Vaticano disse que a revista "não exprime a linha da Santa Sé nem a da Conferência Episcopal italiana".


15.08.2008 Fernando Sousa no Publico
 
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