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Cientistas estrangeiros escolhem Portugal para investigar.

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Fev 4, 2008
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Muitos investigadores estrangeiros estão a escolher Portugal para trabalhar, aproveitando o investimento que o país está a fazer para recuperar do atraso nesta área, e alguns pensam ficar mais anos, porque entretanto criaram raízes pessoais.
O italiano Andrea Zille veio para Portugal há sete anos por razões pessoais e porque, «em relação à investigação, o país oferece mais condições que a Itália, com fundos mais bem direccionados», sendo «mais fácil entrar por mérito».

Zille, investigador do grupo de Microbiologia Celular e Aplicada do Instituto de Biologia Biomédica do Instituto de Biologia Molecular e Celular (INEB/IBMC), no Porto, está casado com uma arquitecta portuguesa que conheceu em Veneza, doutorou-se na Universidade do Minho e considera que o esforço português "ainda tem limites".

"Os bolseiros que estão a começar agora vão encontrar os problemas de insegurança que eu encontrei quando cheguei: passam anos sem um trabalho fixo e sem descontos para a Segurança Social, porque desempenham uma função que não é reconhecida como um trabalho, embora de facto o seja", explica.

O dinamarquês Soren Prag, no Instituto de Medicina Molecular (IMM) desde o ano passado, destaca que, em Portugal, um investigador "tem de ter um bom desempenho ou, de outra forma, não consegue bolsas para financiar a pesquisa".

Soren Prag veio para o IMM porque queria aprender sobre um sistema inovador de imagens desenvolvido pelo português António Jacinto, que lhe permite avançar no estudo do processo de metastização das células cancerígenas, mas agora está "a ter uma relação com uma portuguesa e curioso para compreender melhor a sua cultura".

O investigador dinamarquês considera positivos os programas Ciência 2007 e 2008, o trabalho das Fundações Gulbenkian e Champalimaud e o interesse do público em geral pela ciência.

"É muito importante ter um ambiente vibrante para desenvolver novas ideias", destaca Prag. Foi a possibilidade de desenvolver novas ideias que trouxe há sete anos para o INEB/IBMC a marroquina Meriem Lamghari, investigadora em regeneração óssea, que considera existirem "algumas oportunidades" para estrangeiros em Portugal, mas também "para portugueses que queiram voltar".

Meriem salienta que "é mais seguro ir para laboratórios já estabelecidos, nos EUA, por exemplo", mas que Portugal representa um desafio para "avançar e desenvolver áreas de trabalho". Há cerca de dois meses, o químico belga de origem argelina Fouzi Mouffouk, especialista em nanotecnologia, trocou Chicago, EUA, pelo Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural da Universidade do Algarve (CBME/UA), que prepara um novo curso de medicina.

"Era muito difícil para mim imaginar-me a sair de uma cidade grande como Chicago para uma pequena como Faro, mas a transição correu mesmo muito bem, para mim e minha família", explicou, considerando que a sua primeira impressão foi "surpreendentemente boa", especialmente "a qualidade das pessoas" no Algarve.

Também em Portugal há poucos meses, o austríaco Gunnar Mair refere que conhece pouco do país - apenas "tinha ouvido falar de investigadores do IGC (Instituto Gulbenkian) e do IMM" -, mas descobriu logo que é muito difícil para um estrangeiro compreender e lidar com a burocracia portuguesa.

Gunnar Mair estuda a expressão genética do parasita da malária 'Plasmodium berghei', com contrato de cinco anos, na Unidade de Parasitologia Molecular do IMM, e com ele veio a companheira, a francesa Celine Carret, com uma bolsa pós-doutoral de três anos da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), para trabalhar na análise da base de dados gerada durante o estudo da malária.

"Não é frequente, na área de ciência, quando os dois parceiros trabalham no mesmo projecto, encontrar dois lugares para satisfazer os dois. Tivemos sorte", refere Carret, destacando que, em Portugal, as possibilidades que existem são atribuídas independentemente do género sexual do investigador.

"Quando falo com algumas amigas cientistas que estão pela Europa, este nem sempre é o sentimento", realça. Soren Prag gostava de "ficar em Portugal muitos anos", Meriem Lamghari pensa continuar no INEB, Fouzi Mouffouk tem contrato de cinco anos, mas afirma que gostaria de ficar mais tempo e Andrea Zille considera que "já está mais do que radicado".

Céline Carret e Gunnar Mair dizem que, depois desta experiência, o seu futuro pode não passar por Portugal. A atribuição de bolsas de doutoramento pela Fundação para a Ciência e Tecnologia cresceu 77 por cento (de 1.172 para 2.078) entre 2005 e 2007 e a atribuição de bolsas de pós-doutoramento aumentou 41 por cento, de 737 para 898.

O Ciência 2007/2008 é um programa governamental de selecção de instituições e recrutamento de investigadores para integrar 1.000 doutorados no Sistema Científico e Tecnológico Nacional, através de contratos a termo certo, com o investimento previsto de 250 Milhões de euros em cinco anos.


Diário Digital / Lusa:espi28:
 
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