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A histeria da caça às bruxas

xatux

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Feitiçaria campesina, magia, heresia e satanismo deram origem à crença na bruxaria

Desde meados do século XV e durante um periodo de cerca de 250 anos que, calcula-se, 150 000 a 200 000 pessoas na Europa terão sido condenadas à morte por bruxaria. Algumas foram queimadas vivas, outras, enforcadas, outras ainda, estranguladas e depois queimadas. A reputação e a condição social conferiam pouca protecção. Em 1590, Frau Rebekka Lamp foi uma das 32 mulheres respeitáveis queimadas por bruxaria na cidade alem de Nordlingen. Os homens condenados por bruxaria eram muito menos, mas em 1628 o burgomestre de Bamberg foi executado por acusações forjadas contra ele pelos seus rivais politicos.

A histeria da caça às bruxas teve origem num conceito de bruxaria que surgiu de uma mistura de feitiçaria campesina, magia, heresia e satanismo. Todas as sociedades acreditavam nos feiticeiros das zonas rurais, que curavam ou faziam mal por meios ocultos. A magia branca, uma combinação de psicologia e farmacologia, podia proteger pessoas, colheitas e gado; garantir a reprodução; descobrir e influenciar amantes; encontrar pessoas e bens perdidos e tesouros escondidos, e contrariar a magia negra. A magia negra, ou maleficium, podia provocar a doença e a morte e gerar tempestades ou pragas de insectos para destruir colheitas.

Os primeiros cientistas, como Cornelius Agrippa, na Alemanha, e Roger Bacon e John Dee, em Inglaterra, eram considerados magos pelos clérigos conservadores por acreditarem que os demónios podiam ser coagidos a servir os seres humanos. Os cristãos que se opusessem à visão dominante da Igreja eram acusados de crimes como heresia, assassinio, sacrificio de crianças, canibalismo e desvios sexuais. Uma pequena minoria adorava o demónio cristão, cuja importância cresceu rapidamente no fim da Idade Média, até que finalmente o satanismo se transformou num elemento essencial do conceito de bruxa do século XVI.

Pactos com o Demónio: A partir do século XIII, clérigos como Tomas de Aquino e Alberto Magno negaram a existência de um mundo de magia separado do mundo da Natureza ou do sobrenatural, e a Igreja declarou que a utilização de magia sem a sua autoridade seria obra do Diabo. Assim, quem exercesse poderes mágicos fora da Igreja porque tinha feito um pacto com o Diabo. Dezenas de milhares de mulheres idosas e de outras pessoas da Europa que praticavam feitiçaria campesina passaram cada vez mais a serem consideradas instrumentos do Demónio, que teria reuniões regulares com os seus seguidores, fornecendo-lhes assistentes demoniacos, conhecidos por familiares.

Os métodos utilizados na luta contra esta ameaça divergiam. Penitências leves dadas por tribunais eclesiasticos ou multas moderadas impostas por jurisdições seculares deram lugar a castigos mais duros no fim do século XV. Em certas partes da França, na Alemanha e Escócia; o suposto pacto com o Demónio era considerado pelos católicos como a rejeição do baptismo e pelos calvinistas a quebra do contrato com Deus. O castigo era morrer na fogueira. Noutras regiões, como na Inglaterra ou Dinamarca, a pena, que dependia do resultado do maleficium, era a forca.

A elite politica, ansiosa por que a Igreja e o Estado escapassem à responsabilidade das desgraças nas comunidades, encontrou um bode expiatório no Demónio e seus seguidores. Certos individuos eram mais vulneráveis: os idosos e os doentes e as viúvas e as solteiras. O ódio contra as mulheres e a necessidade de as controlar foram também factores importantes em muitas perseguições.

Controle do Estado: Em certas situações, a cobiça ou a ambição política levavam as pessoas a acusar outras de bruxaria. Os Estados fortes, porém, conseguiam controlar a caça às bruxas. A ocupação sueca da Alemanha na década de 1630 e a ocupação inglesa da Escócia na década de 1650 puseram fim a tal actividade, que, no entanto, recomeçaria mal os exércitos estrangeiros se retiraram.

No início do século XVIII, a caça às bruxas tinha praticamente acabado (um dos últimos grandes surtos ocorreu na América, em Salem, Massachusetts, entre 1692 e 1693). O impacte de explicações racionais e cientificas deu origem a que as pessoas cultas já não acreditassem em bruxas, o que passou a reflectir-se nas decisões dos juizes. A bruxaria deixou de ser um crime. A burocracia governamental, forte e eficaz, afastou a necessidade de bodes expiatórios como meio de controle, e o medo da população e das mulheres atenuou-se. As crenças no maleficium passaram a ocorrer apenas ao nivel de camponeses ignorantes.

Os bruxos neopagãos, que tem vindo a aumentar desde a década de 50, nada tem a ver com o conceito medieval de bruxaria. Não crêem no Demónio nem renunciam às religiões convencionais, antes consideram-se curandeiros que trabalham para o bem da comunidade.

 

Dr@gon

GF Ouro
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bom post, e realmente quem se desviava da crença geral era considerada bruxa como pretexto para eliminar os ditos "parasitas da sociedade" infelizmente morreram muitas mulheres derivado a isso, e em parte podemos agradeçe-lo á igreja cristã! :unfair: :isso_se_faz:
 
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xatux

GF Ouro
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Se olharmos para a história verificamos que todas as guerras e carnificinas se deveram, sempre ou quase sempre à religião, tal como hoje em dia continua a acontecer.

Mas no passado menos recente, as pessoas eram ignorantes, sem cultura e sem informação, enquanto que no passado recente e nos nossos dias, existe muita informação (alguns continuam ignorantes), e não haveria motivo para que estas situações acontecessem.....
 
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