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"Milagreiro" voltou a entrar no forno

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Set 23, 2006
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"Milagreiro" voltou a entrar no forno

PEDRO FONTES DA COSTA
Um homem entrou num forno aquecido a mais de 300 graus para cozer uma boroa de 70 kg e saiu ileso, cumprindo uma velha tradição, que se repete, todos os anos, durante a romaria Milagre d´Urgueira, perto de Águeda.

"Um gelado. Era aquilo que agora me apetecia", confessava Manuel Farias, presidente da Associação "Os Serranos", ontem, após ter permanecido cerca de 20 segundos dentro de um forno comunitário aquecido a mais de 300 graus. Manuel Farias faz, todos os anos, a proeza para depositar uma boroa de 70 kg no interior do forno e, assim, manter viva a tradição da Romaria Milagre d'Urgueira, que se realiza em Macieira da Alcoba, na zona serrana de Águeda.

Ontem, depois de sair da fornalha, Manuel Farias explicou ao JN que, devido às obras feitas pela Câmara de Águeda no forno, a concentração de calor "é muito mais elevada do que nos anos anteriores, pelo que a transpiração foi elevadíssima". Para logo comenta que "a política queima muito mais do que o forno comunitário".

"Quando estive, há uns anos, na concelhia do PS e fui presidente da Junta de Freguesia de Águeda saí muito mais chamuscado", ironiza, insistindo que "não há fornalha que queime tanto como a política". Instado a pronunciar-se sobre o político que mais gostaria de ver a entrar na fornalha, Farias diz, em tom jocoso, que nenhum. É que, "o forno ficaria irremediavelmente inutilizado e sujo".

O forno comunitário foi construído no século XIX sobre um penhasco, na Urgueira, por uma família de emigrantes no Brasil, para pagar uma promessa. Localizado a mais de 700 metros de altitude, cedo foi associado aos rituais da romaria da Nossa Senhora da Guia dando origem a esta fantástica aventura.

No dia da festa, o pão era metido e tirado por um homem que entrava no forno com um cravo na boca. Ontem, foram mais de 4 000 os romeiros que procuram ver o "milagreiro" a entrar no forno. Durante todo o dia foram cozidas cerca de 700 boroas, que custam 5 euros cada. Areceita ajuda a manter a tradição.

Manuel Farias pretende, agora, que o local, devido às infra-estruturas existentes (casas de banho, balneários, capela e locais de convívio) possa ser utilizado durante todo o ano, mas explica que ainda terá de passar por algumas obras de beneficiação.

O segredo da entrada no forno, a mais de 300 graus, está, segundo Manuel Farias, num longo treino físico e mental e, também, na roupa. Além de autodomínio, diz que é preciso estar protegido com um fato tradicional de borel, lã e linho, "como se fosse passar uma noite ao relento", pois, garante, "o que guarda do frio guarda do calor". "Não tenho dúvidas de que este dito da tradição serrana é verdadeiro", sentencia.


Fonte: Jornal de noticias
 
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