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Portugal dá exemplo no apoio aos refugiados

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Fev 29, 2008
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Empresas privadas unem-se em rede inédita em prol dos 'mais vulneráveis '

Portugal dá exemplo no apoio aos refugiados

São 33 milhões em situação dramática, com tendência a aumentar. O ACNUR precisa, por isso, de todo o apoio e Portugal dá o exemplo

Leila Santinha


António Guterres, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, esteve ontem em Lisboa para apresentar um projecto pioneiro de apoio aos refugiados no Mundo. A conferência de imprensa, que teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, foi um «pretexto» para discutir também os problemas que atingem 'os mais vulneráveis',
Vinte e dois parceiros privados portugueses, coordenados pelo Alto Comissariado nas Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), uniram-se no projecto «Helpin» com o objectivo de angariar fundos para os refugiados sob o mandato desta organização.
Rui Vilar, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, uma das parceiras do projecto, foi o «mestre de cerimónia» e salutou este 'acto mobilizador da sociedade civil portuguesa', Para a causa, que classificou de 'urgente', esta instituição será a primeira a contribuir, com 100 milhões de euros por ano até 2011, numa atitude que Rui Vilar espera que não seja só um 'exemplo', mas também 'um efectivo motor de mudança',

Projecto pioneiro com selo português
Nas palavras de António Guterres, que apresentou a iniciativa com 'enorme alegria e orgulho, como Alto-Comissário e como português', é a 'primeira vez em todo o Mundo que um grupo de empresas e outras entidades da sociedade civil se junta numa rede de solidariedade para com os refugiados, sem quaisquer objectivos de natureza política ou ligados ao interesse nacional. Trata-se de um gesto de solidariedade pura, que traduz bem a assunção da responsabilidade social',
O «Helpin» consiste numa organização de 22 empresas e fundações portuguesas, em que cada uma irá pôr à disposição do ACNUR aquilo que melhor sabe fazer, nas suas mais diversas áreas como comunicação, energia, serviços jurídicos e muitos outros, para montar estratégias de angariação de fundos que possam contribuir para consolidar a ajuda financeira aos refugiados.
Entre os parceiros estão a Xerox, Manpower, Marriott Hotels, TAP Portugal, ANA - Aeroportos de Portugal, REN - Redes Eléctricas Nacionais, Mandala - Produção e Comunicação, Radiotelevisão Portuguesa, Federação Portuguesa de Futebol, bem como as fundações Electricidade de Portugal, Cidade de Lisboa, Portugal Telecom e Pró Dignitate.
A rede é uma organização virtual, sem custos de gestão e de estrutura, uma vez que irá aproveitar as próprias valências das empresas parceiras, permitindo iniciativas de grande envergadura sem limitações burocráticas.

Dinheiro com destino
António Guterres espera que o projecto, que acredita ter o poder de 'alertar a opinião pública para o drama dos mais vulneráveis', salte fronteiras e possa 'ser internacionalmente reconhecido', servindo de exemplo a muitos outros países.
O dinheiro angariado pela «Helpin» tem já um destino concreto: 'Projectos de segurança alimentar e combate à desnutrição do Djibouti, Quénia e Eritreia', zonas fortemente afectadas pela crise que afecta actualmente a Somália.
Sobre a importância vital destes projectos a nível alimentar, Guterres explicou que os refugiados vivem nos campos '10 ou 15 anos', e durante esse tempo a 'alimentação é sempre a mesma', o que leva ao 'desenvolvimento de formas de subnutrição particularmente preocupantes',
O ex-primeiro-ministro chamou a atenção para o facto de o «Helpin» ir tentar 'dar resposta à dramática situação em que se encontram milhares de refugiados há muitos anos exclusivamente dependentes de ajuda alimentar e, em consequência, a provocar anemia, mais grave no caso de crianças, por falta de vegetais e sais minerais',
O Alto-Comissário referiu que encontrou 'mais de 60 por cento da população destes campos com sérios problemas de anemia', difíceis de combater por falta de acesso a ferro e vegetais. Guterres adiantou que, neste momento, a ACNUR tem em 'lançamento um projecto muito completo com a ajuda de várias entidades, nomeadamente indústrias farmacêuticas para procurar responder a esta situação dramática e será para ajudar este projecto que a contribuição portuguesa se vai orientar',

Número de refugiados a crescer
Aproveitando a ocasião, António Guterres falou do 'momento doloroso', que se está a viver a nível internacional, com o 'número de refugiados outra vez a crescer', Neste momento, existem 33 milhões de refugiados, em linguagem corrente, a nível mundial.
Este número, como explicou Guterres, é a soma de 11,4 milhões de refugiados no sentido jurídico do termo, que cruzam a fronteira do seu país por guerra ou perseguições políticas, e mais 27 milhões de pessoas deslocadas dentro do próprio país. Guterres lembrou ainda que 'há um grupo residual de pessoas quase em situação de abandono porque não há acesso até elas',
A situação dos deslocados internos é politicamente muito delicada. Por estarem dentro das fronteiras do seu próprio país, é aos seus governos que compete a missão de ajudar e proteger a população. O que por vezes não acontece, perante a impotência da comunidade internacional. Guterres relembrou o caso Myanmar, na Birmânia, região que em Maio foi devastada pela passagem de um ciclone e onde a entrada da ajuda humanitária foi fortemente dificultada pelas próprias autoridades birmanesas.


António Guterres, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados com Maria Barroso, na apresentação da rede «Helpin»

António Cotrim/Lusa





Fonte: o primeiro de janeiro
 
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