edu_fmc
GForum VIP
- Entrou
- Fev 29, 2008
- Mensagens
- 21,260
- Gostos Recebidos
- 14
Ministério Público irá responsabilizar civil e criminalmente os «abusos»
Especialistas sublinham: praxe é voluntária
Com «época da praxe» aberta, os entendidos aconselham os estudantes para que conheçam os seus direitos, entre os quais, dizer «não»
Rosário Salvado (Lusa)
Grupos de estudantes correm por estes dias às filas das matrículas nas universidades para ameaçar os recém-chegados com brincadeiras da praxe, em nome da integração. Especialistas alertam que entrar na «brincadeira» é um acto voluntário.
Marco Pinto Barreiros, especialista em psicologia social e das organizações, realça que estes comportamentos surgem 'de uma das necessidades mais básicas do ser humano que é a de se sentir parte de um grupo',
'Os limites de cada um são diferentes, mas todos estamos dispostos a ceder alguma coisa e por isso é que estamos a ver jovens que até descreveríamos como tendo uma personalidade forte a submeterem-se a determinados comportamentos humilhantes, com o simples propósito de virem a fazer parte de um grupo', explicou.
Pinto Barreiros sublinhou que 'as praxes são levadas a cabo por um grupo de estudantes e todos sabemos que as pessoas ultrapassam um bocadinho os seus limites quando estão em grupo',
Na óptica da 'vítima', muitas vezes o que sucede também é que 'as pessoas acabam por ter comportamentos', que não fazem parte da sua conduta habitual e depois 'isso acaba por gerar uma situação de revolta',
'Tentam voltar para trás e geralmente é tarde', pois 'aqueles que estão a executar a praxe normalmente não deixam ou deixam com muita relutância que a praxe pare ou seja interrompida', sublinhou.
Para o especialista o importante é que quem vai submeter-se à praxe saiba exactamente o que lhe vai acontecer, de forma a escolher livremente submeter-se ou não, porque depois de iniciado o processo é mais difícil 'controlar a massa humana constituída',
Ministério Público promete punir abusos
O especialista em Direito Constitucional e professor universitário Jorge Miranda considera que 'a praxe em si, entendida como uma forma de integração do aluno na escola, não é mau',
'O problema é quando acontecem, como nos últimos anos, casos em que as praxes se tornam violentas, contrárias à dignidade da vida humana, usam processos que são contrários à vontade das pessoas, até sob formas pornográficas absolutamente inadmissíveis, em que grupos de estudantes põem em causa direitos liberdades e garantias de outros estudantes', destacou.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior anunciou no passado dia 10 que será dado conhecimento ao Ministério Público de qualquer 'prática de ilícito', nas praxes e serão utilizados os meios necessários para responsabilizar civil e criminalmente quem não evitar os danos ocorridos.
Jorge Miranda destaca que qualquer aluno tem desde logo o direito de não querer estar sujeito a qualquer tipo de praxe ou a praxes com violência, abusos sexuais e outras tentativas de degradação da pessoa.
Linguagem moderada mas excessos prosseguem
Para Ana Feijão, do Movimento Anti-Tradições Académicas (MATA), tem havido desde 2003 mais atenção para os abusos na praxe, devido a casos ocorridos no Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros e em Santarém, mas situações em que estudantes ultrapassam os limites continuam a existir.
'Tem havido uma linguagem mais moderada, mesmo dos praxistas, mas os casos de exagero continuam a existir porque são baseados num sistema em que há uma hierarquização e não uma verdadeira integração', do novo estudante, Ana Feijão, salientando que a praxe, em muitos casos, 'nem sequer é uma verdadeira tradição porque só surgiu nos anos 80',
'Querem fazer parte do estereótipo do estudante, vestir aquele fato, sair às quintas-feiras para o Bairro Alto ou equivalente noutras cidades e pensam que é assim, porque a própria escola não lhes dá outras alternativas de integração', disse.
MATA diz que estudantes submetem-se à praxe porque querem fazer parte do 'esterótipo', e não há alternativas de integração
Luís Brás
Especialistas sublinham: praxe é voluntária
Com «época da praxe» aberta, os entendidos aconselham os estudantes para que conheçam os seus direitos, entre os quais, dizer «não»
Rosário Salvado (Lusa)
Grupos de estudantes correm por estes dias às filas das matrículas nas universidades para ameaçar os recém-chegados com brincadeiras da praxe, em nome da integração. Especialistas alertam que entrar na «brincadeira» é um acto voluntário.
Marco Pinto Barreiros, especialista em psicologia social e das organizações, realça que estes comportamentos surgem 'de uma das necessidades mais básicas do ser humano que é a de se sentir parte de um grupo',
'Os limites de cada um são diferentes, mas todos estamos dispostos a ceder alguma coisa e por isso é que estamos a ver jovens que até descreveríamos como tendo uma personalidade forte a submeterem-se a determinados comportamentos humilhantes, com o simples propósito de virem a fazer parte de um grupo', explicou.
Pinto Barreiros sublinhou que 'as praxes são levadas a cabo por um grupo de estudantes e todos sabemos que as pessoas ultrapassam um bocadinho os seus limites quando estão em grupo',
Na óptica da 'vítima', muitas vezes o que sucede também é que 'as pessoas acabam por ter comportamentos', que não fazem parte da sua conduta habitual e depois 'isso acaba por gerar uma situação de revolta',
'Tentam voltar para trás e geralmente é tarde', pois 'aqueles que estão a executar a praxe normalmente não deixam ou deixam com muita relutância que a praxe pare ou seja interrompida', sublinhou.
Para o especialista o importante é que quem vai submeter-se à praxe saiba exactamente o que lhe vai acontecer, de forma a escolher livremente submeter-se ou não, porque depois de iniciado o processo é mais difícil 'controlar a massa humana constituída',
Ministério Público promete punir abusos
O especialista em Direito Constitucional e professor universitário Jorge Miranda considera que 'a praxe em si, entendida como uma forma de integração do aluno na escola, não é mau',
'O problema é quando acontecem, como nos últimos anos, casos em que as praxes se tornam violentas, contrárias à dignidade da vida humana, usam processos que são contrários à vontade das pessoas, até sob formas pornográficas absolutamente inadmissíveis, em que grupos de estudantes põem em causa direitos liberdades e garantias de outros estudantes', destacou.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior anunciou no passado dia 10 que será dado conhecimento ao Ministério Público de qualquer 'prática de ilícito', nas praxes e serão utilizados os meios necessários para responsabilizar civil e criminalmente quem não evitar os danos ocorridos.
Jorge Miranda destaca que qualquer aluno tem desde logo o direito de não querer estar sujeito a qualquer tipo de praxe ou a praxes com violência, abusos sexuais e outras tentativas de degradação da pessoa.
Linguagem moderada mas excessos prosseguem
Para Ana Feijão, do Movimento Anti-Tradições Académicas (MATA), tem havido desde 2003 mais atenção para os abusos na praxe, devido a casos ocorridos no Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros e em Santarém, mas situações em que estudantes ultrapassam os limites continuam a existir.
'Tem havido uma linguagem mais moderada, mesmo dos praxistas, mas os casos de exagero continuam a existir porque são baseados num sistema em que há uma hierarquização e não uma verdadeira integração', do novo estudante, Ana Feijão, salientando que a praxe, em muitos casos, 'nem sequer é uma verdadeira tradição porque só surgiu nos anos 80',
'Querem fazer parte do estereótipo do estudante, vestir aquele fato, sair às quintas-feiras para o Bairro Alto ou equivalente noutras cidades e pensam que é assim, porque a própria escola não lhes dá outras alternativas de integração', disse.
MATA diz que estudantes submetem-se à praxe porque querem fazer parte do 'esterótipo', e não há alternativas de integração
Luís Brás
Fonte: o primeiro de janeiro