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União Europeia quer fazer do espaço o seu limite

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União Europeia quer fazer do espaço o seu limite


LUÍS NAVES, em Lille

Satélites. A UE apresentou esta semana algumas das sua novas ambições no sector espacial, concretizadas no programa Kopernikus. Este é um tema que junta ciência e política. Na primeira, há cada vez maior coordenação entre Estados membros; na segunda, falta desenhar a estrutura financeira

Programa GMES foi rebaptizado Kopernikus

A presidência francesa da União Europeia rebaptizou os programas de monitorização dos dados de satélites, até agora chamados GMES, com um nome que pretende sublinhar as novas ambições espaciais dos europeus. A iniciativa é agora Kopernikus, inspirada no astrónomo polaco Nicolau Copérnico. A ideia de recriar este programa dominou o fórum que começou na terça-feira em Lille, no Norte de França, onde a UE mostrou como domina serviços de tratamento de informação que podem ser considerados dos melhores do mundo.

O objectivo é liderar no sector, mas nesta reunião ficou claro que a Europa do espaço ainda está em construção e que muitos projectos terão de esperar anos. A razão é financeira. A parte de infra- -estrutura do GMES, agora Kopernikus, custará 2,4 mil milhões de euros. A verba não está toda gasta, mas só depois de 2014 haverá segurança financeira, continuidade e dinheiro para outros voos, como a exploração do sistema solar.

Apesar das limitações, os europeus têm muita informação de satélites disponível. O programa Kopernikus, no fundo, implica a coordenação da utilização das imagens de satélite através de cinco consórcios internacionais que fornecerão serviços ao público na área dos oceanos, do clima ou da gestão de catástrofes.

As aplicações são imensas e nem sequer estão todas concebidas: do ambiente à protecção civil, da ajuda humanitária à agricultura ou gestão de recursos, existe todo um mundo de possibilidades.

A empresa portuguesa Critical Software, com sede em Coimbra, participa num dos consórcios, fornecendo programas sofisticados de análise de risco. Segundo explicou ao DN um dos responsáveis da Critical, João Romana, a sua empresa ganha sobretudo "prestígio" em participar, além de "financiamento para realizar protótipos que poderiam ficar na gaveta". A empresa tem clientes como Comissão Europeia ou NASA. E como sublinha João Romana, nas áreas de comando e controlo e dos serviços espaciais "é preciso software que não falhe, pois os cenários são complexos e há muitos dados" a gerir.

O comissário europeu responsável pelas empresas e vice-presidente da comissão, Günter Verheugen, explicou numa sessão do fórum de Lille que "a maior despesa espacial no mundo pertence à Força Aérea americana, e não à NASA ou à congénere europeia, ESA. A ideia era dizer que o domínio das imagens de satélite tem sido militar e que as ambições europeias implicam "serviço público".

Uma das utilizações do Kopernikus será a de seguir a evolução das mudanças de clima a nível global. Isso foi afirmado num dos painéis do fórum de Lille, onde foram mostrados indicadores que apontam para transformações climáticas de algum dramatismo. Dentro de duas gerações, o clima de Berlim poderá ser semelhante ao actual de Roma.

As sociedades europeias terão de se adaptar, mas não evitarão consequências da ocorrência mais frequente de fenómenos climáticos extremos. E a utilização da informação pode salvar vidas. O combate aos incêndios em Portugal ou Grécia, o estudo das inundações do Danúbio, mas também dos campos de refugiados (tarefa complexa, pois há 300 em todo o mundo, sem contar com os campos de deslocados internos).

Portugal não quer ficar de fora destas complexas ambições. Ana Ponte, coordenadora nacional do GMES (agora Kopernikus), explicou ao DN que estes serviços têm dois tipos de utilizadores, os públicos e os privados. Portugal participa activamente e contribuiu de forma decisiva para lançar, na Cimeira UE-África, no ano passado, projectos de observação em África que poderão ter grandes benefícios locais.

O Kopernikus tem aplicações nas secas, cheias, desertificação, agricultura e urbanismo, mas o seu principal desafio será financeiro. Para a Europa espacial entrar em órbita falta alterar a actual estrutura do orçamento europeu, virada para sectores menos competitivos. Em 2009, começa o debate sobre a revisão dos gastos. As decisões deverão favorecer projectos como este, mas só terão efeito no próximo pacote de perspectivas financeiras, após 2014. Então, sim, o espaço será o limite.

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