O vinho é o "produto âncora" na promoção do Porto. No entanto, os turistas estrangeiros excluem a hipótese de regressar à cidade. Estas são algumas das conclusões de um estudo apresentado, esta quarta-feira ao final da tarde, na Universidade Lusófona.
Os resultados apresentados no seminário "Gestão da marca destino: um estudo aplicado ao destino turístico Porto e Norte de Portugal" são as conclusões da tese de mestrado de Hélder Baía, divulgados ontem juntamente com os professores Elisabete Serra e Carvalho Vieira.
Partindo de uma amostra de turistas - 68 portugueses e 160 estrangeiros -, entre Junho e Novembro de 2007, pode concluir-se que o enoturismo, o lazer, a cultura e os negócios são as principais motivações de atracção de público para o Porto e Norte de Portugal. Sendo que os turistas estrangeiros que mais têm "opinião favorável" sobre o Porto são os franceses, alemães, espanhóis e italianos.
Já aqueles que demonstram um "dado provocativo" de indiferença sobre a cidade são os ingleses e holandeses.
Na amostra, onde 46,1% dos inquiridos são do sexo feminino e portugueses e 53% são do sexo oposto e estrangeiros, outras das referências enumeradas que despertam o interesse do público são "a excelente gastronomia, a gente acolhedora e hospitaleira, os interesses históricos, a diversidade da paisagem e o relevante património artístico".
No entanto, das 218 pessoas que visitaram a cidade do Porto e dos 152 que descobriram o Douro, apenas 25 e 35% respectivamente mostraram intenção de voltar.
Nas críticas dos estrangeiros está a relação qualidade/preço, a escassez de proximidade de centros urbanos, a insuficiência de animação, os fracos transportes, a ausência de sinalização e os débeis serviços de saúde.
"Tecnicamente o destino tem tudo para ser favorável, inclusive o Douro é Património da Humanidade, mas o serviço que é prestado é negativo. Somos muito hospitaleiros, mas somos pouco profissionais", afirmou o professor Carvalho Vieira quando confrontado com os dados do estudo.
Já a professora Elisabete Serra seguiu uma vertente mais optimista e alertou para "a necessidade de o mercado ganhar mais turistas nacionais", exemplificando que "80% dos turistas espanhóis são do próprio país".
Para Elisabete Serra é "essencial que não se pense que está tudo feito na promoção de um destino", salientando que "o Vinho do Porto é um produto único no mundo", sendo por isso um "capital fantástico" e "um produto âncora na promoção do Porto".
JN