Meninas belgas: «Fiz a maior boa acção da minha vida»

José Alcides de 63 anos, indicou à PSP de Viseu, a localização das crianças.

José Alcides, de 63 anos, considera ter feito a maior boa acção da sua vida na segunda-feira, ao ter indicado à PSP de Viseu a localização do cidadão belga que alegadamente raptou as suas três filhas menores, escreve a Lusa.

«Já fiz outras boas acções, mas esta foi a que mais me tocou, porque as crianças são muito frágeis nas mãos dos adultos», afirmou o empresário, contando sentir-se «regozijado» por ter ajudado «a pôr fim ao martírio das crianças».

Meninas belgas encontradas
Alerta para encontrar três crianças

Entre as 18:30 e as 18:45 de segunda-feira, quando regressava à sua casa junto ao Hospital de S. Teotónio, e ainda antes de ter ouvido o apelo lançado aos portugueses para ajudarem a localizar as três crianças belgas, José Alcides apercebeu-se de uma situação que considerou estranha.

«Vi crianças e um adulto de uma maneira muito estranha a fazerem um peditório, com uma caixa de ressonância musical. Quando as pessoas fazem peditório vão para uma rua movimentada, mas eles andavam por trás das casas», contou.

As crianças e o pai estavam bem vestidos, mas tinham «um ar um pouco desconfiado», tendo fugido quando o viram a comentar a situação com umas mulheres que se encontravam próximas.

Ficou desconfiado

A forma como estava a ser feito o peditório deixou José Alcides desconfiado e, por isso, decidiu ligar para a PSP de Viseu, cerca das 19:45. Pouco depois, ligou o televisor e viu a notícia do alerta do rapto das crianças.

«Associei logo que eram elas e liguei outra vez para a polícia», contou, frisando que, «tão convicto estava» que decidiu deslocar-se pessoalmente à PSP, onde foi lavrado o auto de averiguação.

«Eu disse "são eles, de certeza absoluta" e a polícia tomou em mãos a situação», acrescentou.

Agradece empenho da polícia

Satisfeito pela actuação policial, José Alcides deslocou-se hoje às instalações da PSP para dar os parabéns ao comandante e «agradecer em nome de um cidadão comum» o empenho demonstrado na procura das crianças.

Segundo o comandante da PSP de Viseu, Vítor Rodrigues, entre o alerta e detenção de Cornelius Otto decorreu «um espaço de tempo muito curto», tendo este sido detido cerca das 22:00.

Contou que também o graduado de serviço, depois de ver a notícia na televisão de que as três crianças poderiam estar em Portugal, a difundiu para os elementos no terreno, o que aconteceu quase em simultâneo com o alerta dado por José Alcides.

Portugal Diário

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Graças a Deus que tivemos um final feliz.
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Meninas belgas já estão com mãe

Reencontro aconteceu esta tarde em Viseu: «Sinto-me tão feliz, tão aliviada», disse a mãe.

As três meninas belgas alegadamente raptadas pelo pai em Janeiro devem regressar quarta-feira à Bélgica na companhia da mãe, que esta terça-feira se reencontrou com elas num lar de acolhimento de Viseu, noticia a Lusa.

Marie-Louise - mãe de Godelieve, Gerda e Truke, de 14, 10 e 07 anos - chegou a Lisboa perto das 14 horas de hoje, viajando depois para Viseu, acompanhada pelo cônsul belga Axel Cumps, uma funcionária do serviço consular, o companheiro, o irmão e a cunhada.

O grupo entrou no lar às 16:45 e, depois do encontro com as filhas, Marie-Louise saiu junto com as elas para prestar declarações aos jornalistas. «Sinto-me tão feliz, tão aliviada. Toda a minha vida está aqui agora, estamos todas juntas», afirmou.

Alerta para encontrar três crianças

Disse ter sido informada pela polícia belga da localização das filhas, que desapareceram em Janeiro deste ano de Deurne, Antuérpia, e foram trazidas para Portugal pelo pai Cornelius Otto numa auto-caravana.

A progenitora contou que, nessa ocasião, chorou muito de felicidade, porque esteve muito tempo afastada das meninas. Questionada sobre a demora na emissão do mandato de captura internacional, Marie-Louise justificou que «foi tentada muita coisa, mas não foi simples». «É complicado divulgar notícias para todos os países», frisou.

Regresso à Bélgica

Marie-Louise contou que a primeira reacção das filhas foi dizerem que sentiram muito a sua falta, aguardando agora pela autorização para regressarem à Bélgica. «Estamos à espera de autorização do tribunal de Coimbra e esperamos voltar todas juntas para a Bélgica», afirmou, acrescentando que passará a noite no lar de Viseu com as filhas.

A menina mais velha, Godelieve, disse aos jornalistas estar «muito contente por ver a mãe de novo», depois de ter passado estes meses «em Portugal, em vários sítios».

«Dias normais com o pai»

«Senti muito a falta da mãe, mas estava com o pai», referiu, acrescentando ter passado «dias normais», sem «nada de especial» e lamentando ter faltado à escola, da qual gosta muito.

O pai das meninas foi detido pela PSP segunda-feira à noite num bairro próximo do hospital de Viseu, depois de um morador ter dado o alerta para a polícia, por ter estranhado a forma como estavam a fazer um peditório.

«Fiz a maior boa acção da minha vida»

«Vi crianças e um adulto de uma maneira muito estranha a fazerem um peditório, com uma caixa de ressonância musical. Quando as pessoas fazem peditório vão para uma rua movimentada, mas eles andavam por trás das casas», contou José Alcides, de 63 anos.

O pai das crianças será ouvido às 10:30 de quarta-feira no Tribunal da Relação de Coimbra, segundo fonte da secretaria do tribunal.

Portugal Diário