Tragédia: Criança vê pai a ser abatido e consegue escapar
30 minutos aos tiros na rua
Albino, de 65 anos, não gostava que o vizinho Armando estacionasse os carros da oficina à sua porta. Discutiram, moveu-lhe processos-crime, ameaçou-o de morte. Anteontem à noite, na Travessa da Farrapa, em Grijó, Gaia, Albino Fonseca cumpriu as ameaças. Pelas 21h45, esperou que o vizinho saísse e matou-o com pelo menos 14 tiros. Depois, continuou a atirar indiscriminadamente.
Matou um outro homem, que por acaso passava no local com a filhadedezanos,e atingiu o cunhado, que o tentou travar. Primeiro na rua e depois na varanda, fez mais de 300 disparos. Tentou atingir tudo o que mexia e só parou quando chegou a GNR. Os militares ouviram sete ou oito disparos e depois o silêncio. Albino tinha tentado o suicídio e jazia inanimado com um tiro no queixo.
"Amenina de dez anos veio a correr para minha casa. Estava desesperada, só gritava que lhe tinham assassinado o pai. Dizia para não irmos, que ele estava a disparar. Tinha o corpo salpicado de sangue mas não estava ferida, apenas em choque", recordou Patrícia Botelho, pouco tempo depois da filha da segunda vítima mortal conseguir escapar à chacina.
A pequena Marcela estava no sítio errado à hora errada. Mora ainda longe do local, mas regressava a casa, de carro, com o pai. Pararam quando viram Armando ser atingido. AntónioTeixeira, de 48 anos, foi baleado na cabeça e só teve tempo de pedir a Marcela para fugir e ir procurar ajuda.
Os momentos que se seguiram foram de pânico. Albino ainda atirou contra o cunhado e depois foi para a varanda da casa. Aí, sempre com a mesma caçadeira, que continuamente carregava com cartuchos, o ex-caçador e antigo camionista disparava. "Ninguém podia vir à janela. Acendia-se uma luz e ele atirava. Foi uma coisa indescritível, o medo era muito", conta outro vizinho.
As chamadas para o 112 sucediam-se. A GNR chegou minutos depois e Albino continuou a disparar. Até que se barricou em casa e tentou o suicídio. Está entre a vida e a morte no Hospital de Gaia. Sete caçadeiras foram apreendidas em sua casa pela PJ.
"DOU GRAÇAS A DEUS POR ESTAR VIVO"
"Ó filho da p... agora vais ser tu." Constantino Rocha, de 54 anos, tinha saído à rua para socorrer o amigo Armando e quando se virou para trás já o cunhado disparava sobre ele. Por sorte, conseguiu fugir para dentro de casa, mas acabou por ser atingido com vários chumbos na cabeça e numa das pernas.
Cá fora, o homicida disparava indiscriminadamente contra as portas e janelas da sua casa. "Os tiros nunca mais acabavam, eu só rezava para que alguém pusesse um fim àquilo. Hoje dou graças a Deus por ter escapado com vida. Foi como ganhar o Euromilhões."
"OUVI CHUMBOS A ASSOBIAR"
Hernâni Oliveira saiu à rua, mas depressa teve de fugir e saltar para trás dos muros para não ser morto. Apesar de viver a cerca de cem metros do local onde o vizinho da frente do seu tio Armando disparava, ainda foi atingido pelas munições de chumbo de caçadeira.
"Fugi para trás da casa. Só ouvia os chumbos a assobiar", recorda, ainda sem explicação para a morte de "duas pessoas que nunca fizeram mal a ninguém".
"SENTI TIROS A FURAR A CHAPA"
Fernando Leite estava a escassos metros do local do crime quando ouviu os tiros. "Fiquei assustado e voltei para trás. Tentei fugir de carro mas ainda ouvi os tiros a furar a chapa", recorda. Nessa altura passou pela mãe que tinha saído à rua e gritou-lhe para se baixar. "Ele estava louco e disparava contra todos os lados. Parecia uma guerra", conta a mãe do jovem, Gardina Leite, que conseguiu escapar apenas com ferimentos ligeiros.
c.m
30 minutos aos tiros na rua
Albino, de 65 anos, não gostava que o vizinho Armando estacionasse os carros da oficina à sua porta. Discutiram, moveu-lhe processos-crime, ameaçou-o de morte. Anteontem à noite, na Travessa da Farrapa, em Grijó, Gaia, Albino Fonseca cumpriu as ameaças. Pelas 21h45, esperou que o vizinho saísse e matou-o com pelo menos 14 tiros. Depois, continuou a atirar indiscriminadamente.
Matou um outro homem, que por acaso passava no local com a filhadedezanos,e atingiu o cunhado, que o tentou travar. Primeiro na rua e depois na varanda, fez mais de 300 disparos. Tentou atingir tudo o que mexia e só parou quando chegou a GNR. Os militares ouviram sete ou oito disparos e depois o silêncio. Albino tinha tentado o suicídio e jazia inanimado com um tiro no queixo.
"Amenina de dez anos veio a correr para minha casa. Estava desesperada, só gritava que lhe tinham assassinado o pai. Dizia para não irmos, que ele estava a disparar. Tinha o corpo salpicado de sangue mas não estava ferida, apenas em choque", recordou Patrícia Botelho, pouco tempo depois da filha da segunda vítima mortal conseguir escapar à chacina.
A pequena Marcela estava no sítio errado à hora errada. Mora ainda longe do local, mas regressava a casa, de carro, com o pai. Pararam quando viram Armando ser atingido. AntónioTeixeira, de 48 anos, foi baleado na cabeça e só teve tempo de pedir a Marcela para fugir e ir procurar ajuda.
Os momentos que se seguiram foram de pânico. Albino ainda atirou contra o cunhado e depois foi para a varanda da casa. Aí, sempre com a mesma caçadeira, que continuamente carregava com cartuchos, o ex-caçador e antigo camionista disparava. "Ninguém podia vir à janela. Acendia-se uma luz e ele atirava. Foi uma coisa indescritível, o medo era muito", conta outro vizinho.
As chamadas para o 112 sucediam-se. A GNR chegou minutos depois e Albino continuou a disparar. Até que se barricou em casa e tentou o suicídio. Está entre a vida e a morte no Hospital de Gaia. Sete caçadeiras foram apreendidas em sua casa pela PJ.
"DOU GRAÇAS A DEUS POR ESTAR VIVO"
"Ó filho da p... agora vais ser tu." Constantino Rocha, de 54 anos, tinha saído à rua para socorrer o amigo Armando e quando se virou para trás já o cunhado disparava sobre ele. Por sorte, conseguiu fugir para dentro de casa, mas acabou por ser atingido com vários chumbos na cabeça e numa das pernas.
Cá fora, o homicida disparava indiscriminadamente contra as portas e janelas da sua casa. "Os tiros nunca mais acabavam, eu só rezava para que alguém pusesse um fim àquilo. Hoje dou graças a Deus por ter escapado com vida. Foi como ganhar o Euromilhões."
"OUVI CHUMBOS A ASSOBIAR"
Hernâni Oliveira saiu à rua, mas depressa teve de fugir e saltar para trás dos muros para não ser morto. Apesar de viver a cerca de cem metros do local onde o vizinho da frente do seu tio Armando disparava, ainda foi atingido pelas munições de chumbo de caçadeira.
"Fugi para trás da casa. Só ouvia os chumbos a assobiar", recorda, ainda sem explicação para a morte de "duas pessoas que nunca fizeram mal a ninguém".
"SENTI TIROS A FURAR A CHAPA"
Fernando Leite estava a escassos metros do local do crime quando ouviu os tiros. "Fiquei assustado e voltei para trás. Tentei fugir de carro mas ainda ouvi os tiros a furar a chapa", recorda. Nessa altura passou pela mãe que tinha saído à rua e gritou-lhe para se baixar. "Ele estava louco e disparava contra todos os lados. Parecia uma guerra", conta a mãe do jovem, Gardina Leite, que conseguiu escapar apenas com ferimentos ligeiros.
c.m