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Défice externo sobe 36% até Junho

Hdi

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Set 10, 2007
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A dívida ao exterior atinge já 87% do produto. A culpa é da subida do petróleo.

A tendência de agravamento do endividamento externo português continua imparável. No final do primeiro semestre deste ano esta rubrica atingiu os 146,2 mil milhões de euros, cerca de 87% da riqueza nacional, o valor mais alto de sempre. O nível de endividamento está a alarmar os economistas e a colocar maior pressão sobre o plano de obras públicas que o Governo quer lançar a partir de 2009.

O défice da balança de pagamentos acelerou 36% nos primeiros oito meses deste ano face ao mesmo período no ano passado, antecipando um agravamento do endividamento. “O aumento do défice deve-se, em grande parte, à subida do preço do petróleo, que levou a um encarecimento das importações”, explica Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI. “Isto acontece numa altura de forte abrandamento das exportações, que acompanha as dificuldades nos principais mercados de Portugal, como Espanha, França ou Alemanha”, acrescenta.

A subida do crédito concedido às famílias (em Agosto foi de 8,3% para a compra de casa e de 12,2% para consumo), assim como dos empréstimos concedidos às empresas (que moderaram 0,4%) explicam o fundamental da composição do endividamento externo português. “O nosso endividamento é sobretudo pela via da banca”, explica Cristina Casalinho. “O aspecto positivo é que o sistema financeiro português, que não passou incólume à crise internacional, revelou robustez”, aponta.

Ainda assim, vários economistas apontam a pressão que o elevado nível de endividamento externo coloca sobre a economia. A manter-se o ritmo de crescimento registado em 2006 e 2007 – cerca de dez pontos poercentuais por ano – a dívida externa poderá valer cerca de 98% no final deste ano. “Temos claramente um problema financeiro. É um elemento de desequilíbrio porque aumenta a exposição da economia à turbulência vinda do exterior”, comenta o economista João César das Neves.

O aumento das dívidas ao exterior tem sido apontado por vários economistas como sendo um sério obstáculo à política de obras públicas que o Governo de José Sócrates já anunciou. “Não há folga nem no Orçamento, nem na balança de pagamentos. Só para coisas de grande importância, que criem mais competitividade e emprego qualificado, não uma política de investimento em obras públicas”, já comentava, há algumas semanas ao Diário Económico, o ex-ministro das Finanças Medina Carreira.

A pressão sobre o programa do Governo tem crescido e mereceu já avisos de Belém. No discurso do 5 de Outubro, Cavaco Silva pediu “rigor” e “prudência” no uso dos dinheiros públicos. O Executivo não tem mostrado, até agora, sinais de um recuo nesta matéria. “O Governo não tem nenhuma razão que o leve a desistir de construir o novo aeroporto de que Portugal tanto precisa, de desenvolver a rede ferroviária de alta velocidade, ou de deixar de fazer infra-estruturas nas estradas e nos portos”, afirmou ontem o ministro das Obras Públicas, Mário Lino.


Nova queda no investimento do exterior
O investimento directo estrangeiro em Portugal voltou a cair em Agosto, para cerca de 2,1 mil milhões de euros, face aos 2,8 mil milhões registados em Julho. Em termos homólogos, a queda foi de 0,2%. O desinvestimento continua a surgir e é de salientar que os valores dizem respeito a uma altura em que a reviravolta da crise ainda não se tinha feito sentir. O que poderá significar o agravamento dos valores até ao final do ano, reflexo de um maior pessimismo dos investidores. Mas queda do investimento exterior em Portugal não foi assim tão grande. O grande problema reside num maior investimento de Portugal no exterior, que levou ao desequilíbrio na balança, agora com um saldo negativo na ordem dos 30 milhões de euros. Os sectores da construção, da indústria transformadora e da produção e distribuição de águas, gás e electricidade foram os que registaram maior desinvestimento. O investimento só aumentou no sector dos transportes.

Diário Económico
 
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