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Lisboa e Oeiras prestam homenagem ao pioneiro da arquitectura paisagista em Portugal
O centenário do nascimento de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da arquitectura paisagista em Portugal, comemora-se no fim-de-semana com várias iniciativas, entre elas a inauguração de jardins em Lisboa e Oeiras com o seu nome.
A Câmara de Oeiras associa-se às comemorações, homenageando o mentor do Estádio Nacional atribuindo o seu nome a um parque urbano, em Miraflores.
Na cerimónia, a realizar amanhã, serão plantadas três árvores e estarão presentes, além do presidente da Câmara, Isaltino Morais, a presidente da Internacional Federation of Landscape Architects (IFLA), Diane Menzies, e o presidente da Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas (APAP), Henrique Tato Marinho, duas instituições que o homenageado presidiu.
Também a Câmara de Lisboa atribui amanhã o nome de Francisco Caldeira Cabral a um jardim, em Telheiras, concebido pelo filho que lhe seguiu os passos, o arquitecto paisagista Francisco Manuel Caldeira Cabral.
As comemorações incluem um ciclo de conferências, durante o fim-de-semana, promovido pela APAP.
Amanhã vão passar pelo Instituto Superior de Agronomia o ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia e o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, entre outros.
No mesmo dia, vai ser inaugurada uma exposição intitulada "O Arquitecto Paisagista Conceito e Obra".
Domingo, haverá um recital de música de Pedro Caldeira Cabral (filho do homenageado) e um almoço de antigos alunos do Instituto de Agronomia, no Jardim Botânico da Ajuda.
A criação de um site na Internet sobre a vida e obra de Caldeira Cabral é outra iniciativa a lançar no centenário.
Francisco Caldeira Cabral (1908-1992) foi o primeiro arquitecto paisagista português e o responsável pela introdução da profissão em Portugal, depois de se ter formado na Alemanha, nos anos 30.
Em 1941 iniciou o ensino da arquitectura paisagista em Portugal, no Instituto Superior de Agronomia, onde foi professor catedrático até 1975. Entre os primeiros alunos que formou contam-se Azevedo Coutinho, Ribeiro Telles, Edgar Fontes, Viana Barreto, Ilídio de Araújo e Álvaro Dentinho.
Reconhecido pelos pares como um mestre e um visionário, foi também um ambientalista convicto, um homem de invulgar cultura, pensador e pai extremoso de nove filhos.
"É manifestamente um homem do século XX, que atravessa todo o século, um visionário que viu mais depressa e mais à frente do que todos os outros e uma referência para todos nós, arquitectos paisagistas", afirmou Teresa Andersen, com obra publicada sobre Caldeira Cabral, ao elogiar a escola deixada pelo arquitecto.
Caldeira Cabral especializou-se em Arquitectura Paisagista na Alemanha, um dos poucos países da Europa em que existia o curso, e é recordado por um dos seus mais célebres alunos, Gonçalo Ribeiro Telles, como "um mestre". "Fui um dos primeiros alunos dele, após se ter formado na Alemanha. Foi um pioneiro extraordinário", disse Ribeiro Telles, enaltecendo os 70 anos de trabalho activo daquele que considera ser ainda uma referência para os jovens que abraçam a profissão.
"É necessário pensar na sua herança, quer quanto a princípios, quer quanto a modelos de desenvolvimento e até de criação, que estão neste momento muito postos em causa", defendeu Ribeiro Telles.
24.10.2008
Lusa/Publico
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