• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Concursos para reciclagem de plásticos ficam às moscas e ameaçam escoamento de lixo

Hdi

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Set 10, 2007
Mensagens
3,920
Gostos Recebidos
0
Os dois concursos que a Sociedade Ponto Verde organizou para seleccionar as empresas que farão a reciclagem dos resíduos de embalagens de plástico não tiveram concorrentes. Este é o culminar de uma guerra que opõe os recicladores e a fileira do plástico à SPV depois de esta ter decidido que a selecção das empresas se faria por concurso. Estão em causa duas dezenas de empresas e 25 mil toneladas de lixo por ano cujo destino não é, por enquanto, claro.

Ontem deveriam ter sido abertas as propostas do último concurso para o tratamento de 800 toneladas - o anterior terminou a semana passada -, mas não apareceu ninguém interessado.

A divergência com a SPV começou em Julho, quando a instituição que gere a recolha e reciclagem dos resíduos de embalagem decidiu que os resíduos de plástico, metal, madeira e vidro colocados nos ecopontos pelos portugueses seriam vendidos às empresas que os reciclam por concurso público. O papel e cartão já funcionavam desta forma.

Na altura, a SPV justificou a decisão com uma forma de evitar "distorções de mercado" e introduzir mais transparência. Até agora, cada fileira encaminhava os materiais para os recicladores. A medida deveria ter efeitos a partir de Novembro mas a oposição, tanto da fileira do plástico como dos recicladores destes materiais, pôs em causa o processo.

Rentabilidade difícil

Assim que a intenção foi tornada pública, a Plastval (sociedade criada pela indústria do plástico para responder às exigências legais da reciclagem) reagiu criticando a medida. A diferença entre a situação deste material em relação ao vidro, metal, madeira e papel/cartão é que, além de os outros já funcionarem em parte por concurso, o plástico ainda não tem um mercado maduro, argumenta o sector.

"Não havia indústria para os resíduos de embalagens com origem nos resíduos urbanos, tiveram de ser feitos investimentos em sistema de lavagens, por exemplo, e durante muito tempo pagava-se para que as empresas aceitassem os materiais e só recentemente é que o preço começou a ser positivo", explica Carlos Campos, da Plastval.

Além disso, acrescenta Rui Toscano, presidente desta sociedade, com o concurso há o risco de as pequenas empresas de reciclagem encerrarem, pois o leilão beneficiará quem paga mais. E acresce o perigo, diz, de o material ir para fora do país ou as próprias empresas que existem em Portugal se deslocalizarem. "Não somos contra o sistema de concurso, mas deveria ser feito de forma gradual, conciliando com o rateio como ocorre agora, até que haja massa crítica na reciclagem de plásticos", explica. A Associação Nacional de Recicladores de Plástico (ARP) tem a mesma posição: "Deveria ser faseado porque foram criadas expectativas nas empresas, fizeram-se investimentos e asseguraram-se mercados, mas em termos matemáticos alguém vai ficar pelo caminho pois há mais empresas que concursos", diz Ricardo Pereira.

Medo dos traders

As empresas de reciclagem receiam que surjam no processo os chamados traders - equivalente a intermediários. Estes, para concorrer, têm de estar associados a empresas de reciclagem, o que faz "com que o destino dos resíduos passe a ser incerto, pois podem estar associados tanto a empresas nacionais como a estrangeiras".

Ricardo Pereira sublinha que a SPV tem contratos com as empresas até final do ano, pelo que o processo só deveria começar em Janeiro. Agora esperam que a sociedade recue. A alternativa é que esta faça uma adjudicação directa para escoar o material mas, até agora, nenhuma empresa nacional foi contactada. "Restam as estrangeiras", diz.

O PÚBLICO contactou a SPV para pedir uma reacção mas esta respondeu que não era a altura certa para comentar o assunto.

Quem coloca determinados produtos no mercado tem também de ter responsabilidades no destino que é dado ao que deles resta. Com este pressuposto, foram já criados vários sistemas que envolvem os produtores e embaladores (vidro, plástico, metal, madeira e papel/cartão) para gerir o fluxo de resíduos. O primeiro destes sistemas foi o que deu origem à Sociedade Ponto Verde.

Esta sociedade, que não tem fins lucrativos, foi criada em Novembro de 1996 com a missão de promover a recolha selectiva, a retoma e a reciclagem de resíduos a nível nacional.

Público
 

xicca

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Abr 10, 2008
Mensagens
3,080
Gostos Recebidos
1
:shy_4_02: Não apareceram interessados?? :Espi61:

É caso para dizer que, por mais actividades impulsionadoras que se tomem, a iniciativa tem de partir sempre dos próprios|:right:
 
Topo