Badaró morre aos 75 anos

Corpo de Badaró doado à Nova

Ícone do humor em Portugal, Badaró, 75 anos, o famoso actor que deu vida à personagem ‘Chinezinho Limpópó’ faleceu ontem de madrugada, vítima de cancro. As cerimónias fúnebres realizam-se hoje pelas 10h30, na Igreja de Paço de Arcos, e o corpo segue depois para a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Deste modo cumpre-se o desejo do artista de que, após a sua morte, o seu corpo fosse entregue à Ciência.

O autor da célebre expressão ‘Ó Abreu, dá cá o meu’ estava internado no Instituto Português de Oncologia de Lisboa. O filho, Ruben Badaró, que vive na Irlanda, apercebeu-se do estado grave do pai na sua visita de há duas semanas. "A mãe do Ruben faleceu quando este tinha 12 anos e o Badaró criou-o sozinho", recorda ao CM Mara Abrantes, colega e amiga do actor. A própria actriz conta que ela e Badaró trabalhavam juntos no Brasil quando foram convidados para vir actuar para Portugal, em 1958. "Estive com ele na segunda e na quarta-feira e nem o reconheci. Brinquei com ele e as lágrimas começaram a cair-lhe. Pediu-me água e apertou-me a mão", é assim que Mara Abrantes recorda os últimos momentos com o amigo. Mara Abrantes revelou ainda a mágoa que há muito assolava Badaró: "Certos artistas, às vezes, revoltam-se por o seu valor deixar de ser reconhecido". Na opinião da actriz, o humorista era "um homem muito criativo como artista". Além de actor e autor de mérito, era artista plástico.

Por sua vez, Júlio Isibro recorda ao CM: "Conheci-o bastante bem e admirava-o desde que o vi actuar nos anos 60. Nunca esqueci o one man show (espectáculo a solo) ‘Badaró Scope’ no antigo Teatro Avenida [na avenida da Liberdade, em Lisboa]." O apresentador considera que "limitar o Badaró ao ‘Chinezinho Limpópó’ é limitar uma carreira brilhante de alguém que teve excelentes programas de humor na rádio e programas próprios de televisão". ‘Badarosíssimo’, nos anos 80, foi um dos seus programas mais conhecidos, exibidos na RTP 1. Este ano preparava-se para celebrar 50 anos de carreira.

Teresa Oliveira/Filomena Galacho

Sem duvida um grande artista que nos deixou.

Uma atitude nobre de doar o corpo a ciência.