Começa julgamento do ‘Gangue das Picaretas’

Sob fortes medidas de segurança e grande aparato policial, o Tribunal das Varas Mistas de Guimarães começou esta manhã o julgamento do ‘gangue das picaretas’, acusado de associação criminosa, roubo agravado, furto, posse ilegal de armas e explosivos, incêndio, falsificação de documentos, receptação e coacção sobre elementos da Polícia Judiciária. Em julgamento estão 58 crimes, 14 dos quais assaltos.



A sessão, que tem decorrido com normalidade, está a ser marcada pelas declarações de um dos sete arguidos, que decidiu confessar alguns dos crimes. Durante a manhã, João Filipe Teixeira, 27 anos, descreveu como decorreu o assalto falhado a uma carrinha de valores no IP4, próximo de Amarante. O depoimento prossegue esta tarde, em que deverá dar conta da forma como foram efectuados os assaltos por carjacking de dois veículos usados no ataque do IP4.

Do gangue, há ainda um segundo arguido que invocou o estatuto de arrependido e que deverá confessar alguns dos crimes na próxima sessão de julgamento, em contraponto com os restantes cinco elementos do grupo, que contestam a legalidade e fiabilidade da prova recolhida pela investigação levada a cabo pela Polícia Judiciária e pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto.

O ‘gangue das picaretas’ é suspeito de ter assaltado diversas carrinhas de valores nos anos de 2006 e 2007, conseguindo obter várias centenas de milhares de euros, através de emboscadas com recursos a armas de fogo, picaretas e carros de alta cilindrada.

Um dos assaltos mais aparatosos ocorreu a 10 de Dezembro de 2006, junto à entrada principal do Centro Comercial Guimarães Shopping, em que quatro homens armados e encapuzados assaltaram uma viatura blindada de transportes de valores da ESEGUR, levando cerca de 150 mil euros em dinheiro. Nesse assalto, perpetrado numa manhã de domingo, em pleno centro da cidade, os assaltantes utilizaram um viatura BMW X5 furtada por ‘carjacking’.CM

“Avancei de marreta em punho”

Sem "perceber muito bem como" e "sem dar conta da gravidade" dos roubos com grande violência, João Filipe apresentou-se ontem arrependido e confessou a participação em alguns dos 58 crimes de que é acusado o ‘gang das picaretas’ - entre eles a tentativa falhada de assalto a uma carrinha de valores no IP4, cujo vidro blindado tentaram destruir com as ferramentas.

"Recebi as ordens do líder e avancei de marreta em punho para a carrinha. Dei várias marretadas", confessou João Filipe, um dos sete arguidos que ontem começaram a ser julgados em Guimarães, sob fortes medidas de segurança.

Com os restantes elementos do grupo fora da sala de audiências, João Filipe apontou como cabecilha o arguido Alberto Fonseca, a quem atribuiu a colocação de um bilhete ameaçador no carro de um inspector da PJ. Confessou ainda ter participado em acções de vigilância à carrinha de valores assaltada no IP4 e em dois casos de carjacking – método do grupo para obter viaturas para os assaltos.

Sempre com advogados de defesa impedidos de fazerem perguntas directamente – só através do juiz –, João Filipe avançou igualmente informações sobre vários assaltos atribuídos ao grupo e nos quais garante não ter participado, como em Fafe, Paredes, Montalegre, Lixa e Guimarães, onde os assaltantes atacaram uma carrinha de valores à porta do GuimarãeShopping e levaram 150 mil euros.

O grupo é acusado de associação criminosa, roubo agravado, furto, posse ilegal de armas e substâncias explosivas, incêndio, falsificação de documentos, receptação e coacção sobre elementos da PJ.

PORMENORES

DOIS ARREPENDIDOS

O julgamento do ‘gang das picaretas’ prossegue no dia 10, com a audição de António Magalhães, o outro arguido arrependido.

DIVISÃO

Os dois arguidos arrependidos são de Cabeceiras de Basto. Os outros cinco são de Felgueiras. Seis estão em prisão preventiva.

ESCUTAS

O advogado Pedro Carvalho, que defende o arguido Isamberto Costa, contesta a legalidade e fiabilidade das escutas telefónicas usadas pela PJ.

MILHARES DE EUROS

O gang é suspeito de ter assaltado diversas carrinhas de valores nos anos de 2006 e 2007, conseguindo obter várias centenas de milhar de euros.




Mário Fernandes