Fisco ataca discoteca

Cadeiras, sofás, mesas, colunas de som, barris de cerveja, caixa registadora: nada foi deixado para trás no espaço da discoteca Nell’s, no Campo Grande, em Lisboa, que ontem pelas 05h00 da madrugada foi alvo de uma penhora por parte das Finanças de Lisboa devido a uma dívida de cerca de meio milhão de euros.

"Foi uma acção extraordinária para um caso extraordinário", justificou ao CM fonte das Finanças de Lisboa, que adiantou que a hora foi escolhida mediante o fecho da discoteca, quando o valor na caixa seria mais elevado. Ainda foram resgatados cinco mil euros em dinheiro, além de todo o recheio do estabelecimento, um valor que, no entanto, "não chegará para cobrir um décimo da dívida", segundo um inspector das Finanças presente no local. Desde de 2004 que a discoteca Nell’s era alvo de inspecções por parte da inspecção tributária. "Tornou-se impossível reaver o dinheiro em dívida, esta é sempre a última opção", assegurou o inspector.

Pelo que o Correio da Manhã apurou no local, a gerência do Nell’s utilizava vários expedientes para fugir ao Fisco. Em vez da obrigatória factura ou talão de caixa, era passado aos clientes um talão que depois era retido pelos seguranças à saída. Deste modo era possível manipular a caixa, registando-se valores mais baixos dos que eram efectivamente cobrados. "O desvio de dinheiro nestes estabelecimentos pode chegar a 70% do que é ganho", referiu a mesma fonte.

A acção do Fisco, que teve uma vertente de inspecção tributária e outra de dívida executiva, contou com a colaboração da Inspecção-Geral das Actividades Culturais, do Instituto da Segurança Social e de elementos do Corpo de Intervenção da PSP.

DE PALCO DA MODA NOS ANOS 80 A LOCAL DE TIROTEIO ENTRE SEGURANÇAS

ituada num espaço privilegiado, em pleno Campo Grande, a discoteca Nell’s faz parte do circuito da noite africana em Lisboa, onde variam os ritmos africanos e brasileiros. O estabelecimento insere-se no Centro Comercial Caleidoscópio (projectado em 1945 pelo arquitecto Keil do Amaral).

Os anos 80 foram o apogeu da discoteca, que esteve na moda toda a década, atraindo muitos jovens da cidade.

Desde há uns anos o espaço degradou-se e foi mudando tanto de proprietários quanto de público. A discoteca, já com o nome de Nell’s, ficou conhecida por, em Setembro do ano passado, dois seguranças terem sido baleados à entrada.

Desde 2004 que o Fisco encontrava irregularidades no local.

EDIBERTO LIMA NA LISTA DO FISCO

O produtor Ediberto Lima, conhecido por programas como ‘Big Show SIC’, ‘Bar da TV’ e ‘Herman SIC’, está na lista dos maiores devedores ao Fisco.

O nome de Ediberto está na categoria dos contribuintes singulares que devem entre cinquenta e cem mil euros. O produtor estreou no passado dia 17 de Setembro um programa na TV Record intitulado ‘Edibertolima.com Você’.

DETALHES

RECHEIO PENHORADO

Uma hora depois do início da operação todo o recheio da discoteca foi carregado para um camião e uma carrinha.

TESTA-DE-FERRO

O gerente do espaço, que não quis prestar declarações, é um cidadão guineense mas que não passa, segundo as Finanças, de um testa-de-ferro.

ORDENADOS EM RISCO

Alguns dos funcionários juntaram-se à porta da discoteca à espera do gerente. Com a penhora, temiam não receber o ordenado de Outubro.

OUTRAS OPERAÇÕES

Vários estabelecimentos têm sido alvo de fiscalizações. Na 5.ª feira foi o Black Tie, em Lisboa, e na 6.ª uma discoteca em Oeiras. "Para que se saiba que não há impunidade", disse fonte das Finanças.
Helder Almeida

Mão de ferro , palavra de ordem !

Concerteza , vão p'ra casa fazer filhos !
Quando era jovem , não havia água corrente , electricidade , gás ... nem
diskotecas ... nem radio , nem TV ; e CHEGAMOS cá .
Havia as grandes festanças tradicionais e os grandes bailaricos , de fim de semana ! Tambem não havia , muitos outros males que afectam a sociedade moderna , e somos actualmente menor população ; os buracos no ozono são identicos aos buracos das modernas sociedades ;
pensem nisto !
:right: