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Num depoimento enviado por escrito ao Tribunal de Faro, a que o CM teve acesso, o director da PJ em 2004 – altura dos factos que recaem sobre os cinco inspectores da PJ acusados de tortura, falsificação de documento, omissão de denúncia e falso testemunho – deixa claro que "a articulação no local era da responsabilidade do director de Faro", Guilhermino Encarnação.
Seguindo um plano hierárquico, "era este que respondia perante a condução da respectiva investigação", declara por escrito o ex-responsável máximo da Judiciária e actual juiz-conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça.
António Cabrita, advogado de Gonçalo Amaral, considera esta declaração importante porque, se há culpas por não existir denúncia, estas "também são do director da PJ de Faro e de toda a hierarquia". Já Aragão Correia, advogado de Leonor, continua a apontar o dedo a Amaral. "Nós só queremos obter uma condenação", admitiu ao CM.
Ontem, o dia ficou ainda marcado pelos depoimentos de duas funcionárias e da médicadaprisãode Odemira, que foram "vigiadas por um terceirofuncionário", que esteve o dia todo na sala de audiências. Segundo Pragal Colaço, defensor de quatro arguidos, as testemunhas foram "controladas porque têm de obedecer hierarquicamente ao que lhes disseram para dizer", atirando suspeitas sobre a directora da prisão.
A médica Irene Posalaky, que observou Leonor três dias depois, garantiu que "a reclusa não se queixou dos joelhos", mas 11 dias depois decidiu pedir um raio-X.
Já a funcionária que tirou as fotografias à reclusa garantiu que as imagens foram recolhidas "durante a tarde e com luz do dia", contrariando Leonor, que tinha afirmado que tal aconteceu "à noite, numa sala sem luz".
O julgamento continua dia 18.
PORMENORES
ACUSAÇÕES GRAVES
António Cabrita, advogado de Amaral, considerou que o defensor de Leonor teve uma "atitude demente" ao tentar um acordo para ‘tramar’ o seu cliente, como o CM adiantou ontem. Aragão Correia ripostou dizendo que não responde a "caprinos".
UM CD OU MAIS
No processo constam dois grupos de fotografias, gravadas em mais do que uma disquete e em CD. Natália Silva, a funcionária que captou as imagens, garante que só tirou "uma vez fotografias" e gravou "uma disquete" que entregou à directora da prisão.
FOTOGRAFIAS APAGADAS
A funcionária da prisão admitiu ainda que apagou as fotografias tiradas aos joelhos de Leonor "porque não eram bem visíveis as marcas".
JURADOS QUESTIONAM
Dois dos jurados (o julgamento é realizado com júri) tiveram dúvidas após os depoimentos das funcionárias da prisão e colocaram questões.
Rui Pando Gomes