D. José Policarpo pede regulação

O Cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, considera que o Estado deveria regular o sistema financeiro para moderar a corrida ao lucro e evitar a ganância. "A liberdade económica tem-se afirmado como uma das principais expressões da liberdade, mas, como toda a liberdade, tem de ser compensada com responsabilidade. Isto pressupõe uma dimensão ética e uma regulação de quem tem obrigação da harmonia de conjunto", disse o Patriarca ao ‘Diário Económico’.

Numa entrevista, marcada por preocupações económicas e políticas, D. José Policarpo aborda a questão da homossexualidade – classificando-a como um problema pessoal de quem o tem – e o relacionamento entre o Estado e a Igreja, o qual "institucionalmente", não regista "nada de anormal", apesar de existirem "pequenas entorses". Exemplo disso é a falta de regulamentação da Concordata, com o Patriarca a recordar que a anterior legislação ainda está em vigor e a denunciar "hospitais que recusaram contratar capelões ou que não os contrataram segundo o estatuto legal em vigor".

Sobre as grandes obras públicas, o Cardeal-patriarca de Lisboa manifesta-se favorável à construção do novo aeroporto, referindo que "um bom aeroporto internacional é importante", tal como o "fascina" "ter um TGV a passar pelo País". Alerta, porém, para a coragem que é preciso para "retardar" os grandes empreendimentos se tal for necessário.

D. José Policarpo refere ainda que o Governo é reformista, mas deve evitar eleitoralismos. Quanto à Oposição, considera-a "frágil".
Manuela Guerreiro