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Curva na Estrada Nacional 309 traiu três rapazes, mantando dois. Automóvel despistou-se e mergulhou num riacho. Animal sobreviveu ao acidente
Um despiste, na terça-feira à noite, em Bagunte, Vila do Conde, provocou a morte de dois rapazes e ferimentos graves a um outro. Os amigos tinham saído de um café à procura de um abrigo para um cão abandonado.
O acidente ocorreu numa curva da Estrada Nacional 309. O carro entrou em despiste e mergulhou num riacho. Dois dos jovens, de 23 e 18 anos, tiveram morte imediata. Sérgio Barros, o mais novo, sobreviveu e está internado no Hospital de S. João, nos Cuidados Intensivos. No interior do carro, os Voluntários de Vila de Conde encontraram, também com vida, o cão.
"Estavam os três no café e apareceu um cão vadio. Eles tiveram pena e decidiram levá-lo à minha oficina para o bicho ter onde ficar. Não queriam deixá-lo aí abandonado", contou Felisberto Fernandes, dono da oficina de peças de carroçaria de camiões que dava emprego a uma das vítimas mortais, António Fonseca, de 23 anos.
"Ele trabalhava comigo há três anos e era um excelente empregado. Em todos os aspectos. Para ser franco, era o meu braço direito", afirmou Felisberto Fernandes. Ao lado, um dos empregados de um café local garantiu que os três jovens eram muito queridos pela comunidade. "Estavam muito bem integrados e não eram pessoas de vícios", disse.
Entre lágrimas e desespero, a mãe de António Fonseca lamentou o facto de já ter morrido tanta gente naquela mesma curva da Estrada Nacional 309. "Mas por que é que não colocam lá umas barreiras?", questionou.
O carro não conseguiu fazer a curva e foi cair num riacho, capotado. "As barreiras teriam evitado isso", disse. Na freguesia, muitas são as vozes que garantem morrer ali muita gente. "Na semana passada, foi um rapazinho de motorizada", lembrou um vizinho.
O acidente foi de tal ordem violento que projectou António Fonseca. Os dois outros jovens e o cão ficaram dentro do automóvel. Tiveram de ser desencarcerados. No local, estiveram 14 homens dos Bombeiros Voluntários de Vila do Conde e mais seis de duas viaturas médicas de emergência e reanimação e ainda de uma viatura de suporte imediato de vida.
A freguesia acordou ontem com a notícia da morte dos jovens. "Eram muito novos. Isto é uma desgraça. Vítor Rocha, de 18 anos, era um rapaz muito pacato", corroborou um vizinho. Aliás, no café, todos os elogiavam. "Eram boa gente. Todos de famílias pobres, mas tudo gente boa. Pacata".
À casa de Vítor Rocha, onde estava a mãe e a irmã, foram chegando, ao longo da manhã, vários familiares. "Não sabemos como tudo se passou. Está a ser investigado pela GNR de Vila do Conde", atalhou uma tia.
«JN»