Agredida pelo marido ao longo de 34 anos

"Fui vítima de maus tratos físicos, psicológicos e chantagem emocional ao longo de 34 anos." Foi desta forma que Maria Cândida Sousa, professora primária aposentada, resumiu ontem ao Tribunal de Gondomar o casamento que teve com o agora ex-marido.

Angelino S., em julgamento por maus tratos, desmente desde o início a acusação. Ontem, na segunda sessão do julgamento, a vítima, de 63 anos, relatou ao pormenor o inferno que diz ter vivido até Outubro de 2006, altura em que decidiu pedir o divórcio.

"Ficava muito magoada quando ele me insultava de atrasada mental e de filha da p..., estúpida e cabra", exemplificou ontem Maria durante um depoimento muito nervoso e marcado por várias contradições.

"Fui violentamente agredida quando estava na cama. Ele apanhou-me de surpresa e insultou toda a minha família. Agarrou-me e deu-me murros na cabeça e no corpo todo. Estava magoada, só no dia seguinte fui ao hospital", lembrou a vítima a propósito do último caso em que foi agredida.

Maria recordou diversos episódios violentos que terão começado logo após o casamento, em 1979, quando o arguido disferiu murros e pontapés à ofendida e a deixou inconsciente. Os filhos de ambos, garantiu, nunca terão presenciado as cenas violentas.

Enquanto a mulher contava os episódios das maleitas que sofreu, o ex-marido sorria em jeito de desafio, sentado no banco dos réus.

A situação irritou a juiz-presidente, que chamou atenção de Angelino. "Acha piada ao que está aqui a ser dito?", questionou a magistrada, que o mandou calar.
Liliana Rodrigues