• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Algarve: pinhal já está a ser abatido para construir duas mil camas

xicca

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Abr 10, 2008
Mensagens
3,080
Gostos Recebidos
1
Algarve: pinhal já está a ser abatido para construir duas mil camas junto à praia Verde


Centenas de árvores foram cortadas no pinhal do Gancho, entre Altura e Monte Gordo, para dar lugar a mais um projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN), com 2041 camas e campo de golfe. Os ambientalistas clamam contra mais um "crime anunciado". O promotor é Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, que obteve do Ministério do Ambiente o reconhecimento de "interesse público" para um projecto que esteve mais de duas décadas adormecido.

O empreendimento Verdelago desenvolve-se em 94 hectares, desde a EN 125 até ao mar, junto à praia Verde. A devastação do pinhal já começou, o avanço do betão em direcção ao mar está para breve. "O património ambiental do Algarve foi mais uma vez palco de um crime anunciado há muito", diz Luís Brás, dirigente da associação Almargem, lembrando que só para o concelho de Castro Marim, por via dos PIN, estão previstas quase mais dez mil camas turísticas. A população residente anda pelos sete mil habitantes.

Do outro lado do Guadiana, na margem espanhola, cerca de 20 mil camas, em promoção, esperam que a crise passe, e os investidores apareçam. Para atrair clientes, as agências chamam àquela zona de Ayamonte "Algarve espanhol", mas o mercado não reage. Agora, a Associação dos Amigos da Mata e do Ambiente de Vila Real de St.º António, ao ver nascer o Verdelago, veio lembrar que é preciso tomar "consciência" e não repetir erros do passado.

Nesse sentido, denunciou o abate de centenas de pinheiros junto à praia Verde - uma das maiores manchas verdes do litoral do Sotavento algarvio que já desapareceu. A denúncia desta associação não deverá ter grandes resultados práticos. "Pouco há a salvar. O mal está feito", admitem. No entanto, pretendem chamar a atenção para aquilo que "está em jogo": "O bem-estar e a qualidade de vida das comunidades locais ou o lucro e os privilégios de uns quantos." Luís Brás lamenta que, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, os pinheiros "não estão protegidos pela directiva Habitats".

Bruxelas não acolheu queixa

Os promotores acenam com um investimento de 60 milhões e a criação de cerca de 600 postos de trabalho directos e indirectos. O Verdelago, diz a Almargem, "é apenas um exemplo do rol de projectos que um pouco por todo o Algarve há muito esperavam a sua vez para aparecer". Actualmente, em tempo de retracção dos investimentos, "com o beneplácito do poder central e com regozijo de algum poder local, preparam-se para delapidar mais uma parte do património natural". No caso deste empreendimento, promovido pelo grupo Inland - Promoção Imobiliária, presidido por Luís Filipe Vieira, prevê-se a construção de um hotel com 197 quartos, um campo de golfe e um aldeamento turístico (moradias geminadas e isoladas), num total de mais de duas mil camas.

A Almargem, na fase de maior contestação pública ao projecto, apresentou à Comissão Europeia uma queixa contra o Estado português, alegando a violação do direito comunitário, por poderem vir a ser afectados vários habitats protegidos naquela zona, nomeadamente à volta dos charcos na propriedade. A reclamação não teve provimento. Uma parte do terreno, cerca de um terço no troço litoral, também fica incluída do Plano de Ordenamento da Orla Costeira. Porém, a avaliação dos estudos de impacto ambiental veio a concluir que era possível construir o campo de golfe e as moradias sem interferir com a vida natural à volta dos charcos. Essas zonas húmidas, ironiza Luís Brás, "acabarão por ser o lastro dos jardins das moradias".



Público
 
Topo