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Falta de formação dos bombeiros é o principal problema no combate aos fogos

C.S.I.

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Set 25, 2006
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A formação dos bombeiros continua a ser "uma das maiores fragilidades" do sistema de combate a incêndios florestais e é responsável pela falta de resposta nos fogos de grande dimensão, indica um estudo que é hoje apresentado em Coimbra.

"Apesar das melhorias, a formação dos bombeiros, que continuam ainda a constituir o grosso dos efectivos nos teatros das operações, continua a ser uma das maiores fragilidades do sistema", refere o estudo "Incêndios em Portugal: uma análise crítica do pós-2003", encomendado pela Autoridade Florestal Nacional (AFN) à Liga para a Protecção da Natureza (LPN).

Segundo o documento, a falta de formação é responsável pela "inexistência de uma capacidade de resposta adequada ao nível do combate alargado", quando falha a primeira intervenção.

O estudo da LPN destaca que o sistema melhorou ao nível da primeira intervenção e do ataque inicial aos fogos, mas essa melhoria "não se terá verificado para fazer face a incêndios de grande dimensão" (combate ampliado).

Joaquim Sande Silva, da LPN, disse à Agência Lusa que o combate ampliado "continua a ser o grande calcanhar de Aquiles".

"Ainda não nos apercebemos da dimensão do problema porque não tivemos uma época de incêndios graves nos últimos três anos. Quando isso acontecer todas as fragilidades ao nível do combate alargado vêm ao de cima", disse.

Isto porque "o dispositivo está baseado nos bombeiros voluntários, que não têm formação, disciplina e organização suficiente para fazer face a situações de grande incêndios, que exigem conhecimentos aprofundados sobre o comportamento do fogo e técnicas de combate".

Joaquim Sande Silva propõe que se deve estender acções de formação aos corpos de bombeiros e "progressivamente substituir o bombeiro generalista que faz combate alargado por gente especializada".

Actualmente, o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR, a força especial de bombeiros "Canarinhos", os sapadores florestais, o Grupo de Análise e Uso do Fogo e as brigadas da associação de produtores florestais AFOCELCA são as unidades que operam ao nível de primeira intervenção, segundo o estudo.

O responsável adiantou que se deveria alargar o âmbito do trabalho destas forças ao combate alargado para "não se ficar dependente dos bombeiros voluntários".

O estudo aponta, igualmente, como "fragilidades" o sistema de detecção de incêndios fixo, propondo que a Rede Nacional de Postos de Vigia, a cargo da GNR, seja revista e se passe para a detecção automática através do aproveitamento das novas tecnologias e ao longo de todo o ano.

O documento da LPN diz, também, que "a instabilidade criada pelas constantes alterações à legislação e às orgânicas das instituições não favorece a adopção das medidas necessárias para a defesa da floresta contra incêndios".

"Um bom exemplo de permanente instabilidade são os serviços florestais do Estado, que assumiram três designações diferentes ao longo dos últimos cinco anos (DGF, DGRF e AFN)", lê-se no documento, numa referência à Direcção-Geral das Florestas, Direcção-Geral dos Recursos Florestais e Autoridade Florestal Nacional.

O estudo critica igualmente que o processo de cadastro das propriedades não tenha sido iniciado, apesar de estar previsto há cinco anos.

A floresta portuguesa ocupa uma área aproximada a 3,4 milhões de hectares, cerca de 40 por cento do território nacional, e caracteriza-se por uma baixa diversidade de espécies. Eucalipto, sobreiro e pinheiro-bravo são as principais.

O Estado detém dois por cento da área florestal, pertencendo a maioria (77 por cento) a proprietários individuais.

Os anos de 2003 e 2005 apresentaram os maiores valores em áreas ardidas, com cerca de 425 mil hectares e 338 mil hectares respectivamente. A partir de 2006 registou-se uma descida, rondando a média dos três anos os 40 mil hectares.

O Mirante
 
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