• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Milhares pedem libertação de jornalista que atirou sapatos a Bush

ZON

GF Ouro
Entrou
Set 24, 2006
Mensagens
1,797
Gostos Recebidos
0
O Sindicato dos Jornalistas Iraquianos considera que Al-Zaidi esteve "longe de ser profissional", mas pede a sua libertação por razões humanitárias

Milhares de iraquianos saíram esta segunda-feira às ruas do bairro xiita de Sadr City, em Bagdade, para elevar à condição de “herói nacional” Muntadar al-Zaidi, o jornalista que lançou os seus sapatos ao Presidente dos Estados Unidos durante uma conferência de imprensa na capital do Iraque. O episódio ensombrou o último périplo de George W. Bush pelos teatros de guerra das tropas norte-americanas.
tamanho da letra
ajuda áudio
enviar artigo
imprimir
“Herói nacional” para os manifestantes do bastião xiita de Sadr City, “bárbaro” para o Governo de Nuri al-Maliki: Muntadar al-Zaidi, repórter xiita da televisão privada al-Baghdadiya, com sede no Cairo, arrisca-se a ver o seu nome inscrito nas páginas da História como o homem que, num gesto inaudito, resumiu o mal-estar mais ou menos latente provocado pela figura de George W. Bush entre o Mundo Árabe.

Decorridos cinco anos e nove meses de uma estratégica bélica que causou mais de 4.209 baixas entre as forças militares dos Estados Unidos e custou 576 mil milhões de dólares aos cofres de Washington, Bush ainda tenta reabilitar o legado da influência neoconservadora na Administração republicana.

O Presidente cessante dos Estados Unidos pretendia fazer das suas derradeiras visitas ao Iraque e ao Afeganistão um epílogo em tom optimista das guerras desencadeadas nos oito anos da sua Administração.

A 37 dias da passagem de testemunho ao democrata Barack Obama, Bush divide a sua mensagem em duas ideias essenciais. A guerra, admite, “não acabou”. Mas “está a caminho de ser vencida”.

Na visita de surpresa à capital iraquiana, o Presidente dos Estados Unidos contava até com o trunfo do recente acordo de segurança celebrado com o Governo de Al-Maliki, que fixa o termo de 2011 como data limite para a retirada das tropas norte-americanas.

Contudo, as insistentes mensagens de progresso e optimismo, repetidas esta segunda-feira numa sucessão de encontros com responsáveis políticos no Afeganistão, parecem ter perdido na competição com as imagens dos sapatos de Al-Zaidi a falharem por centímetros o rosto de um George W. Bush incrédulo, embora ágil a evitar os projécteis.

“Este é o teu beijo de despedida do povo iraquiano, cão”, gritava no domingo, em Arábico, o jornalista da al-Baghdadiya, enquanto tomava o Presidente norte-americano como alvo de um dos maiores sinais de desprezo na cultura iraquiana, antes de ser esmagado por um punhado de seguranças.

”Momento bizarro”

Logo após o incidente da conferência de imprensa, George W. Bush procurava desvalorizar o sucedido com recurso ao humor: “Não sei o que o tipo disse, mas vi as solas dele”.

Mas depressa retomaria um tom mais sério para minimizar o que disse ser um “momento bizarro”.

“Tive outros momentos bizarros durante a Presidência”, recordou Bush, citando a visita do Presidente chinês Hu Jintao à Casa Branca, quando uma militante da seita Falun Gong interrompeu aos gritos uma conferência de imprensa.

Bizarro ou não, o incidente de Bagdade foi o combustível da ira de milhares de apoiantes do clérigo radical Moqtada al-Sadr em Sadr City, que fizeram do jornalista um “herói” e de Bush a Némesis do Islão. E as manifestações em defesa da libertação imediata de Muntadar al-Zaidi alastraram à cidade santa de Najaf e a Bassorá, no Sul do país.

Para as autoridades iraquianas, que mantêm o repórter atrás das grades, Al-Zaidi não fez mais do que protagonizar um “acto bárbaro e ignominioso”. Um responsável iraquiano, citado pela Associated Press, adiantou que o jornalista continua a ser interrogado.

No entender da administração da televisão al-Baghdadiya, Bagdade deveria libertar o jornalista de imediato, uma vez que Al-Zaidi se limitou a exercer o direito à liberdade de expressão, uma das promessas feitas aos iraquianos após a queda do regime de Saddam Hussein.

“Quaisquer medidas contra Muntadar serão consideradas actos de um regime ditatorial”, afirmou a empresa em comunicado.

Carlos Santos Neves, RTP
2008-12-15 18:28:54
 
Topo