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O valor de um Coral… em harmonia

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Cultura
por João Pereira da Silva
(Quadricultura – Associação cultural)



O valor de um Coral… em harmonia

É um caso de família, onde angústias e alegrias se partilham em cada escolha de repertório, em cada ensaio, em cada espectáculo que dão. Não há distâncias nem reverências. Nem idades. Mas há maestro. Há pautas, há vozes. Por isso, há Coro.




Serve esta crónica para falar de uma das mais significativas instituições culturais do Litoral Alentejano. Serve esta crónica para falar do Coral Harmonia de Santiago do Cacém. Litoral Alentejano. Portugal. Terra (também chamada de Mundo).



Pode parecer pretensioso mas não é.



Falar deste Coral é falar de um grupo de pessoas que abnegadamente, pela verdadeira paixão do que é ser amador, no mais belo sentido do termo, aquele que ama a causa, serve a polifonia na melhor dimensão. Isto porque não se liga a espartilhos estéticos, nem a concessões estilísticas. Serve apenas a paixão do canto polifónico, quer seja numa linguagem mais sacra ou mais profana. Ou ainda mais ligeira. Dá um passo em frente e inclui músicos nas suas actuações.



Com sede em Santiago do Cacém, nasce no seio da Sociedade Harmonia. Sociedade de cultura com 161 anos de idade. O Coral teve três momentos importantes na sua história. Pelos anos 30 do século XX quando foi formado, com o nome de Orfeão Miróbriga. Pelos anos 50 do mesmo século quando reaparece após longo período de inactividade. Volta a surgir em 1984, rebaptizado com o nome actual e até hoje não parou.



Desde 1992 que mantêm o mesmo maestro. Fernando Malão, um jovem curiosamente originário desta cidade de Setúbal. A constância do maestro confere ao grupo uma solidez e uma linha estética, importantíssima para a sua consolidação. Também por isso, e não é acaso, que este é o período mais longo e frutuoso da sua história. 25 anos de actividade continuada. Para os tempos que correm é obra.





Mas a importância deste Coral vai muito para lá da própria música. Vai mais fundo. Vai aos sentidos da alma. Vais aos elos da própria noção de cultura. Vai ao que nos liga como seres viventes em sociedade. A cordões umbilicais invisíveis, que criam uma marca identitária própria. Não é de estranhar em dias de alto astral, que o ambiente que se vive no grupo é o da mais salutar e genuína irmandade. É o de facto, disseram-mo alguns dos seus elementos.



E vai ainda mais longe. Chega à formação. Da música e da personalidade. No ano passado abriram ainda mais os horizontes e criaram o Coral Juvenil, e abriram caminho a uma jovem regente – Ana Rita Candeias. Começaram 14, hoje são mais de trinta. E a família cresce. Não sei rigorosamente qual é a média de idades, mas dos 6 aos 80 anos há de tudo. É seguramente um espírito muito jovem o que se respira no grupo. Veja-se por isso a dimensão e alcance do projecto.



É referenciado pela maioria dos Corais portugueses, como um dos seus melhores. Portugal polifónico conhece-os. Dão concertos em todo o país. Os Açores também fazem parte. E os estrangeiros também já começam – Espanha, França, Itália.



Têm obra registada em disco. E acima de tudo têm obra e caminho próprio. Para lá de repertório diverso, dois projectos marcam a diferença: “Missa Étnica Pela Paz” e “Canções Para Um Mundo Melhor” com a parceria musical dos Swing a Quatro.



Este ano mergulharam pelo mundo da fantasia e criaram um novo projecto para os Concertos de Natal – “Tempos de Fantasia” que, de parceria com o Coral Harmonia Juvenil e o Trio em Jazz, nos levam ao imaginário das estórias de encantar, através dos mais conhecidos temas musicais dos filmes Disney.



Vão para lá do espectáculo e dos concertos. Criam movimento cultural. Desde a década de 90 que anualmente organizam os “Concertos de Natal”. Organizam o Encontro de Coros a que chamam desde 2000 as “Jornadas Corais”. Promoveram os primeiros encontros de debate e reflexão sobre o “Cante Alentejano”.



É pela importância, significado e dimensão do seu trabalho, que em 2005 são reconhecidos pelo Município de Santiago do Cacém e recebem a Medalha de Mérito do Município, “Pela excelência do trabalho no âmbito da música coral polifónica, …representando Santiago do Cacém além fronteiras…”



Debaixo do seu entusiasmo, nascem novos grupos corais na região e apadrinham o Coral Clube GalpEnergia de Santo André e o Coral Atlântico de Sines. E também o Coral “Ideias do Levante” de Lagoa.



Têm o apoio da Sociedade Harmonia, sua casa berço. O município de Santiago do Cacém e a Galp Energia - Refinaria de Sines dão alguma ajuda financeira. Mas não chega. A comunidade estima-os. E quem os ouve também. Por isso, têm muitos amigos, entre os quais os outros familiares desta família. Mas o que os sustenta mesmo é a alma. E as palmas. Já que o Ministério da Cultura e o da Educação têm deles uma vaga ideia. Se é que têm.



Merecem por tudo isto, ser conhecidos, vistos e ouvidos. Por isso, vos convido a uma visita: Coral Harmonia de Santiago do Cacém- Bem-Vindo - Welcome



João Pereira da Silva
 
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