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Médico de 93 anos soma mais de um milhão de pacientes e promete não parar

Hdi

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Set 10, 2007
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Um português chegar aos 93 anos é cada vez menos um caso raro, mas soprar essa quantidade de velas enquanto ainda se trabalha é uma excepção. Armindo Ribeiro é o médico mais idoso em actividade e promete não parar.

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"Não há propriamente um segredo. A realidade é nunca ter parado. A inactividade em si é negativa, foi o que sempre pensei", testemunhou o médico, que começou a exercer em 1940 e conta no seu currículo com colaborações com os "grandes mestres": Egas Moniz e Pulido Valente.

Na sua história profissional conta mais de um milhão de pessoas que observou e tratou ao longo de 68 anos de carreira.

A medicina tornou-se um objectivo ainda na infância, quando acompanhou a doença grave da mãe.

Todos os dias esperava pelo médico e às vezes tinha apenas como resposta uma "festa na cabeça", mas houve uma altura em que recebeu os "parabéns" pela melhoria do estado de saúde da sua mãe.

"A partir daí, eu disse que queria ser como este homem que deu a vida à minha mãezinha", assumiu.

A ajuda aos outros também orientou o seu percurso, como prova a entrada na associação S.Vicente de Paulo e uma caricatura no livro de final de curso, onde aparece com a frase "função social da medicina".

Outro lema foi a recusa em fazer uma especialidade.

"Acredito na ideia de que o doente é um todo, então o que sou eu? Um distribuidor?", questionou o clínico, referindo-se ao habitual encaminhamento, por exemplo, para um cardiologista quando há queixas ao nível do coração.

Mas Armindo Ribeiro acabou por inaugurar a especialidade de medicina do trabalho em Portugal, depois de estágios em Inglaterra e na Suécia.

A partir daí, os convites foram-se sucedendo, até para criar Caixas de Previdência, e actualmente continua a atender funcionários de várias empresas.

E nem uma recente operação para colocar um pacemaker o fez abrandar.

Como paciente, os dedos de uma mão sobram para contar as vezes que teve de recorrer a colegas e quase sempre no último momento. A lista restringe-se a uma intervenção à vesícula, uma hérnia, possíveis problemas de estômago, que se manifestaram por vómitos com sangue, e a recente operação ao coração.

Uma outra visita a um médico serviu apenas para lhe pedir que não levantasse problemas quando assinasse a sua futura certidão de óbito, mas acabou por receber como resposta: "se calhar é você que terá que passar a minha".

Ser útil e contactar com pessoas é o que faz este médico continuar a exercer e a receber abraços diários de quem foi assistindo.

Armindo Ribeiro não se arrepende do que fez, mas talvez alterasse o ritmo excessivo com que viveu a medicina.

Ainda em choque por uma das suas filhas ter desistido do curso de medicina, acabou por saber que a jovem não queria ser como o pai... "quase sem tempo para comer".

"Desde 1940 que deixei de almoçar por não ter tempo. Não podia almoçar como hoje, quando em qualquer esquina há um snack-bar. E isso de certo modo fez-me bem, cheguei a uma idade avançada e não me considero obeso. Se não fosse isso, se calhar...", comentou, bem-disposto.

Espectador e participante privilegiado da evolução da medicina, Armindo Ribeiro lamenta que a população não tenha aproveitado devidamente os progressos preventivos.

"Morre muita gente por deficiências de tratamento nos países mais atrasados", observou ainda.

Entre o que mais lhe desagrada estão as listas de espera e a criação dos chamados cuidados paliativos.

"Quando me dizem que fulano está lá, eu digo - coitado é o mesmo que morrer. Quase que é pôr o rótulo de pré-morte, mas esse é o rótulo com que todos nascemos, não é preciso fazer propaganda".

2008 LUSA
 
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