Moradores olham para campismo

Meia centena de construções na zona nascente da praia de Faro corre o risco de demolição no âmbito da requalificação que a Sociedade Polis Litoral Ria Formosa está a realizar nas ilhas barreira e ilhotas. Técnicos de uma empresa especializada avançarão para o terreno no início deste ano, tal como já estão a efectuar noutros locais da ria.



As demolições na praia de Faro, na sequência das efectuadas em 1987, em que destruíram 180 casas, estão a motivar preocupação entre os moradores. "Já fizeram duas tentativas para nos tirar de lá, mas parece que agora teremos de sair", admite o presidente da Associação de Moradores e Utentes da Praia de Faro.

Gilberto Silva aceita a demolição, mas exige "o realojamento dos moradores no parque de campismo da praia, de onde fomos retirados em 1957, conforme determina um diploma de 2003".

O dirigente associativo lembra "as ilegalidades" cometidas pelos executivos camarários e denuncia: "Foi a Câmara de Faro que criou a actual situação, nunca salvaguardando os interesses dos pescadores, enquanto beneficiou construtores de prédios de três andares utilizados para aluguer".

José Apolinário, presidente da Câmara de Faro, não adianta soluções, "porque vai depender do plano de pormenor que se desenvolverá em 2009". O autarca lembra, no entanto, o concurso de ideias, a nível internacional, que está previsto e que "apresentará propostas concretas para a praia de Faro".

UTENTES QUEREM MELHORIAS

A possibilidade de realojar moradores da praia de Faro no parque de campismo reacendeu a polémica em torno desta estrutura.

"A Câmara devia era estar preocupada com a requalificação do parque, redimensionando os lotes, o que permitiria albergar os actuais utentes e ainda receber passantes", defende João Fortunato, presidente da Associação de Utentes e Amigos do Parque de Campismo de Faro. Por outro lado, actualmente, a distância mínima de dois metros entre lotes não é respeitada no parque. "Realizaram obras, que aumentaram algumas distâncias, mas há ainda irregularidades que colocam em causa a segurança em caso de incêndio", denuncia João Fortunato, que chama a atenção para a "falta de um corredor interno que permita a circulação rápida dos meios de socorro".

PORMENORES

ESGOTADO

O parque de campismo tem 140 lotes, totalmente ocupados há anos pelas mesmas famílias. Actualmente não são permitidas novas inscrições ou a utilização por passantes.

TAXAS

A taxa que cada família paga à Câmara varia consoante a época, número de pessoas, espaço e estrutura utilizada, variando entre os 20 e os 100 euros mensais.

RESIDENTES

Uma dezena de pessoas utiliza o parque como residência fixa todo o ano. As restantes apenas frequentam o campismo no Verão ou com bom tempo.

POLIS

A primeira acção no terreno do Polis da Ria Formosa deve avançar este mês, com a limpeza de resíduos e retirada de entulho e embarcações velhas de algumas das ilhas barreia.




Teixeira Marque