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- Nov 17, 2008
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Sam Lumpini foi pugilista. Ensinou os golpes à heroína de ‘Matrix’. Protegeu Robert De Niro. Hoje é mestre de krav maga em Portugal.
Sam Lumpini nasceu em Marrocos há 44 anos, cresceu e fez-se pugilista em França e conheceu as maiores estrelas de Hollywood no Canadá. Robert De Niro, Michael Jordan, Sean Penn, Uma Thurman ou Deepak Chopra foram apenas alguns dos que já tiveram as suas ‘costas’ guardadas por este mestre das artes marciais, no tempo em que foi segurança, e Carrie-Anne Moss deve-lhe o papel principal no filme ‘The Matrix’.
A Portugal chegou no ano 2000, tomado de amores por uma portuguesa. Entretanto, já foi instrutor do corpo militar da NATO, do corpo diplomático, da polícia militar, sendo actualmente um dos principais responsáveis pela difusão do krav maga, uma técnica de defesa pessoal criada pelo exército israelita, em terras lusas.
De Marrocos guarda poucas recordações. Ainda era muito menino quando os pais partiram para Paris, sonhando com uma vida diferente para si e para a sua prole. Na ‘Cidade Luz’ cresceu entre os da sua comunidade – entre a qual o boxe é desporto popular – sonhando com a glória nos ringues. Para o rapaz moreno e franzino pouco importava a violência dos golpes, o porte agigantado dos adversários ocasionais. Treinou afincadamente e quando ingressou no Instituto Nacional de Desporto (o equivalente à nossa Faculdade de Motricidade Humana) já era atleta de alta competição de boxe, thai e kickboxing. Entre 88 e 91, correu os circuitos europeus, por três vezes consecutivas com o título de Melhor Pugilista do ano em França às costas.
'Depois de conquistar o título pelo terceiro ano consecutivo, fui pela primeira vez à América do Norte, fazer umas férias na cidade de Nova Iorque, onde fiquei três meses. Voltei para França mas pouco tempo depois decidi regressar e ficar.' Sem grandes planos. Apenas com a sensação de que a paixão pode atordoar mais que um ‘knock out’. 'Conheci uma pessoa, que era muito especial, começámos a namorar e, como ela era canadiana mas trabalhava em Manhattan, como bailarina da Liza Minelli, fez-me ficar na América', confessa. Por lá, era tudo um pouco diferente: 'Era tudo moderno, tudo maior, até as pizzas.
A carreira de pugilista foi ficando para trás e só a mudança para Toronto, no Canadá, terra natal da amada, o fez regressar aos combates e a explorar uma nova vertente nas artes marciais: o ensino. 'Comecei por montar um ginásio, curiosamente na zona onde vivia a comunidade portuguesa. Foi aí o meu primeiro contacto com a cultura e o modo de vida dos portugueses, que eram a maioria dos meus alunos'.
Em paralelo, começou a explorar a área da segurança, numa época em que tinha a seu cargo um dos lounges mais luxuosos da cidade canadiana.
'De cada vez que havia eventos grandes em Toronto, como o Festival Internacional de Cinema, por exemplo, a cidade era invadida por dezenas de estrelas e o lounge funcionava como bar de apoio ao festival, depois dos visionamentos dos filmes. Era ali que todas as ‘big stars’ terminavam a noite e era preciso montar esquemas de segurança. Lidei com o Shaquille O’Neal e o Michael Jordan, jogadores da NBA, com os actores Roberto de Niro, Tony Danza, Gregory Hines, Sean Penn, Uma Thurman, Matt Dillon, Quentin Tarantino, produtores, realizadores e outros tantos que nem me lembro dos nomes.'
Desses tempos guarda um carinho muito especial por duas figuras em particular: Tony Danza e Shaquille O’Neal.
'O Tony Danza, que fazia a série ‘Chefe mas Pouco’, é um dos tipos mais divertidos e humildes do Mundo. Ele entra na discoteca e dois minutos depois põe toda a gente a rir. Conta piadas, brinca, diverte. É um tipo incrível, cinco estrelas mesmo. E também gostava muito de conversar com o Shaq, pois trocávamos muitas impressões sobre desporto, sobre o dia-a-dia, coisas banais', recorda.
Trabalhar com estrelas não é, contudo, tarefa simples. Sam Lumpini reconhece-o com um aceno de cabeça, já que a natureza discreta da sua personalidade e da função que desempenhou não desvendam mais pormenores, mas ri-se ao lembrar-se de um episódio célebre na noite lisboeta. 'É verdade que o De Niro foi barrado aqui à porta de uma discoteca?' 'Ah… vedetas são vedetas. É preciso compreender que eles nunca esperam em filas, não são interpelados e, às vezes, até podem estar já um pouco ‘bebidos’... quando se vê alguém chegar numa grande limusina, com um Cartier, um Rolex e duas ou três meninas a acompanhar, tem de se deixar entrar, mesmo que não se faça a mínima ideia de quem se trata. É alguém importante de certeza'.
Mas foi novamente pela dedicação incondicional às artes marciais que se viu embrenhado na produção de filmes, concretamente do mítico ‘The Matrix’. 'Um amigo que vive em Los Angeles, e que chegou a trabalhar comigo nos campeonatos de luta e agora treina pessoas para filmes e séries, levou-me várias pessoas ao Canadá para eu treinar, como o Gary Stretch ou a Carrie-Anne Moss, até porque fica muito mais barato fazer a pré-produção de um filme no Canadá do que nos EUA. Com a Carrie- -Anne Moss trabalhei intensamente durante 17 dias, porque ela precisava de fazer uma cena em que tinha que tirar uma pistola da mão do adversário com um pontapé para o casting do ‘The Matrix’. Ela nunca tinha feito aquilo, treinámos a sério e ela ficou com o papel principal. Era uma boa aluna, muito dedicada e tinha um perfil muito longilíneo, muito adequado para a luta'.
Da mesma forma que foi para a América, por amor, assim veio para Portugal, com o coração tomado por outra mulher. 'Conheci uma portuguesa muito linda em Toronto, precisamente por treinar pessoas da comunidade lusa. Ela tinha chegado há pouco tempo e não se adaptou àquilo. O Canadá é um país fantástico, muito civilizado e com grande nível de vida, mas suportar, certos dias, 45 graus negativos não é para toda a gente.'
Fizeram a mala e juntos vieram para Portugal. É do lado de cá do Atlântico, desde 2000, que a vida lhe encontrou outros rumos: treinou actores, polícias, pessoal da NATO e até elementos do corpo diplomático, como Dawn Hoffman ou Lise Vissing, embaixatrizes dos EUA e da Suécia em Lisboa, respectivamente. Por cá, foi também pioneiro na formação de treinadores de krav maga, criando o primeiro training center do país com certificação. E, como um golpe de sorte nunca vem só, também cá viu nascer os seus dois filhos. 'Estou muito bem por aqui. Eu sou um cidadão do Mundo, mas este é o país da minha família'.
CURRÍCULO DE CELEBRIDADES
SHAQUILLE O'NEAL
Sobre aquele que continua a ser um dos mais proeminentes jogadores da NBA, Sam Lumpini garante ser "uma pessoa fantástica", com quem conversava sobre desporto.
CARRIE-ANNE MOSS
As aulas do professor Lumpini foram decisivas para Carrie-Anne Moss obter um dos papéis principais do filme ‘The Matrix’. Treinaram uma cena durante 17 dias.
ROBERT DE NIRO
Nas suas passagens pelo Festival Internacional de Cinema de Toronto, o consagrado actor norte-americano teve Sam Lumpini como guarda-costas.
Vanessa Fidalgo
Sam Lumpini nasceu em Marrocos há 44 anos, cresceu e fez-se pugilista em França e conheceu as maiores estrelas de Hollywood no Canadá. Robert De Niro, Michael Jordan, Sean Penn, Uma Thurman ou Deepak Chopra foram apenas alguns dos que já tiveram as suas ‘costas’ guardadas por este mestre das artes marciais, no tempo em que foi segurança, e Carrie-Anne Moss deve-lhe o papel principal no filme ‘The Matrix’.
A Portugal chegou no ano 2000, tomado de amores por uma portuguesa. Entretanto, já foi instrutor do corpo militar da NATO, do corpo diplomático, da polícia militar, sendo actualmente um dos principais responsáveis pela difusão do krav maga, uma técnica de defesa pessoal criada pelo exército israelita, em terras lusas.
De Marrocos guarda poucas recordações. Ainda era muito menino quando os pais partiram para Paris, sonhando com uma vida diferente para si e para a sua prole. Na ‘Cidade Luz’ cresceu entre os da sua comunidade – entre a qual o boxe é desporto popular – sonhando com a glória nos ringues. Para o rapaz moreno e franzino pouco importava a violência dos golpes, o porte agigantado dos adversários ocasionais. Treinou afincadamente e quando ingressou no Instituto Nacional de Desporto (o equivalente à nossa Faculdade de Motricidade Humana) já era atleta de alta competição de boxe, thai e kickboxing. Entre 88 e 91, correu os circuitos europeus, por três vezes consecutivas com o título de Melhor Pugilista do ano em França às costas.
'Depois de conquistar o título pelo terceiro ano consecutivo, fui pela primeira vez à América do Norte, fazer umas férias na cidade de Nova Iorque, onde fiquei três meses. Voltei para França mas pouco tempo depois decidi regressar e ficar.' Sem grandes planos. Apenas com a sensação de que a paixão pode atordoar mais que um ‘knock out’. 'Conheci uma pessoa, que era muito especial, começámos a namorar e, como ela era canadiana mas trabalhava em Manhattan, como bailarina da Liza Minelli, fez-me ficar na América', confessa. Por lá, era tudo um pouco diferente: 'Era tudo moderno, tudo maior, até as pizzas.
A carreira de pugilista foi ficando para trás e só a mudança para Toronto, no Canadá, terra natal da amada, o fez regressar aos combates e a explorar uma nova vertente nas artes marciais: o ensino. 'Comecei por montar um ginásio, curiosamente na zona onde vivia a comunidade portuguesa. Foi aí o meu primeiro contacto com a cultura e o modo de vida dos portugueses, que eram a maioria dos meus alunos'.
Em paralelo, começou a explorar a área da segurança, numa época em que tinha a seu cargo um dos lounges mais luxuosos da cidade canadiana.
'De cada vez que havia eventos grandes em Toronto, como o Festival Internacional de Cinema, por exemplo, a cidade era invadida por dezenas de estrelas e o lounge funcionava como bar de apoio ao festival, depois dos visionamentos dos filmes. Era ali que todas as ‘big stars’ terminavam a noite e era preciso montar esquemas de segurança. Lidei com o Shaquille O’Neal e o Michael Jordan, jogadores da NBA, com os actores Roberto de Niro, Tony Danza, Gregory Hines, Sean Penn, Uma Thurman, Matt Dillon, Quentin Tarantino, produtores, realizadores e outros tantos que nem me lembro dos nomes.'
Desses tempos guarda um carinho muito especial por duas figuras em particular: Tony Danza e Shaquille O’Neal.
'O Tony Danza, que fazia a série ‘Chefe mas Pouco’, é um dos tipos mais divertidos e humildes do Mundo. Ele entra na discoteca e dois minutos depois põe toda a gente a rir. Conta piadas, brinca, diverte. É um tipo incrível, cinco estrelas mesmo. E também gostava muito de conversar com o Shaq, pois trocávamos muitas impressões sobre desporto, sobre o dia-a-dia, coisas banais', recorda.
Trabalhar com estrelas não é, contudo, tarefa simples. Sam Lumpini reconhece-o com um aceno de cabeça, já que a natureza discreta da sua personalidade e da função que desempenhou não desvendam mais pormenores, mas ri-se ao lembrar-se de um episódio célebre na noite lisboeta. 'É verdade que o De Niro foi barrado aqui à porta de uma discoteca?' 'Ah… vedetas são vedetas. É preciso compreender que eles nunca esperam em filas, não são interpelados e, às vezes, até podem estar já um pouco ‘bebidos’... quando se vê alguém chegar numa grande limusina, com um Cartier, um Rolex e duas ou três meninas a acompanhar, tem de se deixar entrar, mesmo que não se faça a mínima ideia de quem se trata. É alguém importante de certeza'.
Mas foi novamente pela dedicação incondicional às artes marciais que se viu embrenhado na produção de filmes, concretamente do mítico ‘The Matrix’. 'Um amigo que vive em Los Angeles, e que chegou a trabalhar comigo nos campeonatos de luta e agora treina pessoas para filmes e séries, levou-me várias pessoas ao Canadá para eu treinar, como o Gary Stretch ou a Carrie-Anne Moss, até porque fica muito mais barato fazer a pré-produção de um filme no Canadá do que nos EUA. Com a Carrie- -Anne Moss trabalhei intensamente durante 17 dias, porque ela precisava de fazer uma cena em que tinha que tirar uma pistola da mão do adversário com um pontapé para o casting do ‘The Matrix’. Ela nunca tinha feito aquilo, treinámos a sério e ela ficou com o papel principal. Era uma boa aluna, muito dedicada e tinha um perfil muito longilíneo, muito adequado para a luta'.
Da mesma forma que foi para a América, por amor, assim veio para Portugal, com o coração tomado por outra mulher. 'Conheci uma portuguesa muito linda em Toronto, precisamente por treinar pessoas da comunidade lusa. Ela tinha chegado há pouco tempo e não se adaptou àquilo. O Canadá é um país fantástico, muito civilizado e com grande nível de vida, mas suportar, certos dias, 45 graus negativos não é para toda a gente.'
Fizeram a mala e juntos vieram para Portugal. É do lado de cá do Atlântico, desde 2000, que a vida lhe encontrou outros rumos: treinou actores, polícias, pessoal da NATO e até elementos do corpo diplomático, como Dawn Hoffman ou Lise Vissing, embaixatrizes dos EUA e da Suécia em Lisboa, respectivamente. Por cá, foi também pioneiro na formação de treinadores de krav maga, criando o primeiro training center do país com certificação. E, como um golpe de sorte nunca vem só, também cá viu nascer os seus dois filhos. 'Estou muito bem por aqui. Eu sou um cidadão do Mundo, mas este é o país da minha família'.
CURRÍCULO DE CELEBRIDADES
SHAQUILLE O'NEAL
Sobre aquele que continua a ser um dos mais proeminentes jogadores da NBA, Sam Lumpini garante ser "uma pessoa fantástica", com quem conversava sobre desporto.
CARRIE-ANNE MOSS
As aulas do professor Lumpini foram decisivas para Carrie-Anne Moss obter um dos papéis principais do filme ‘The Matrix’. Treinaram uma cena durante 17 dias.
ROBERT DE NIRO
Nas suas passagens pelo Festival Internacional de Cinema de Toronto, o consagrado actor norte-americano teve Sam Lumpini como guarda-costas.
Vanessa Fidalgo