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Identificado gene envolvido no mistério das metástases do cancro da mama e da próstat

brunocardoso

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Identificado gene envolvido no mistério das metástases do cancro da mama e da próstata


Chama-se MTDH (metadherina) e foi encontrado no cromossoma 8. Uma equipa de investigadores da Universidade de Princeptonnos, EUA, identificou-o como responsável por uma maior resistência a fármacos usados na quimioterapia e pelas metástases no cancro da mama. Mas, mais do que isso, perceberam também como actua que é o fundamental para o conseguir atacar.

A metastização e a resistência a fármacos são dois dos principais inimigos da sobrevivência ao cancro da mama. As metástases são mesmo a principal causa de morte no cancro da mama. Segundo estatísticas do Instituto Nacional de Cancro norte-americano, mais de 98 por cento dos doentes com cancro da mama sem metástases estão vivos cinco anos após o diagnóstico, algo que só se verifica em 27,1 por cento dos casos onde foram detectadas metástases.

Após três anos de trabalho e recorrendo a novas estratégias de investigação assentes em modelos informáticos, a equipa de investigadores percebeu que os doentes de cancro da mama mais agressivos e com metastases tinham várias cópias do methaderina. Em 30 a 40 por cento dos casos analisados o gene estava expresso de forma anormal. O artigo que faz a associação do MTDH com o cancro da mama foi publicado na Cancer Cell de Janeiro.

Alguns estudos anteriores tinham já encontrado ligações importantes entre alterações genéticas e a disseminação de um tumor mas, desta vez, a descoberta tem um maior alcance. É que não só este gene tem um “duplo efeito” dado que a sua amplificação se traduz na metastização e na resistência a quimioterapia, como, por outro lado, os investigadores conseguiram perceber como tudo isto se processa. Algo fundamental para saber como desenhar novas estratégias de luta. Aliás, segundo revelou ao PÚBLICO Yibin Kang, o investigador principal deste trabalho, o “ataque” já está a ser planeado com algumas empresas farmacêuticas.

Em resposta via email ao PÚBLICO, o investigador diz que a expressão deste gene foi encontrada nos vários tipos de cancro da mama e adianta: “Já alargamos esta análise da dupla função do MTDH para outros tipos de cancro e já confirmámos que desempenha um papel importante também no cancro da próstata, que será divulgado brevemente noutro artigo”. Yibin Kang refere ainda que a equipa está já em negociações com empresas farmacêuticas para iniciar a produção de uma droga que poderá ser alvo de ensaios clínicos dentro de cinco ou dez anos. No entanto, Kang nota que o desenvolvimento de equipamentos que possam detectar esta expressão anormal do gene podem ser desenvolvidos mais rapidamente e ser usados pelos médicos para a tomada de decisões e escolha do tratamento mais adequado.

Fernando Schmitt, investigador especialista em cancro da mama no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, considera que este estudo dá a conhecer dados muito relevantes. “Embora outros genes relacionados a metástases tenham sido identificados em cancro da mama, neste estudo demonstram-se o mecanismo da sua actuação, o qual foi validado em estudos com linhas celulares e ratinhos”. O investigador adverte apenas que é preciso esperar pela validação em ensaios clínicos para transpor estas descobertas para a prática clínica.

Andrea Cunha Freitas
Fonte: Publico
 

brunocardoso

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Comentário de Fernando Schmitt ao estudo

Comentário de Fernando Schmitt ao estudo


Investigador especialista em cancro da mama no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto



Metástases, ou seja, disseminação do tumor à distância, é a principal causa de morte no cancro da mama. Durante as últimas descobertas, muitos estudos tem sido realizados na tentativa de descobrir alterações genéticas relacionadas com a capacidade das células tumorais disseminarem. A descoberta destas alterações poderia resultar no desenvolvimento de drogas capazes de bloquearem precocemente esta propriedade do tumor e assim evitar sua disseminação, com uma consequente melhora da sobrevida dos doentes. Há dois anos, nosso grupo identificou uma molécula chamada cten, cuja função estava relacionada a capacidade de migração das células tumorais, sendo esta molécula mais frequentemente expressa por cancros da mama mais agressivos.
Hoje foi publicado na revista Cancer Cell, um artigo de um grupo da Universidade de Princeton nos Estados Unidos, que demonstrou que em 30 a 40% dos casos de cancro da mama, há uma amplificação da região cromossómica 8q22. Nesta região os autores identificaram um gene chamado de metadherina, que estava expresso em cancros da mama agressivos e de mau prognóstico. Este gene parece estar relacionado com a capacidade metastática dos tumores e parece ser crucial para este processo já que ajuda as células tumorais a se ligarem ao endotélio vascular dos órgãos à distância (como o pulmão por exemplo), permitindo a saída das células tumorais da circulação para estes órgãos, com a consequente formação da metástases. Embora outros genes relacionados a metástases tenham sido identificados em cancro da mama, neste estudo demonstram-se o mecanismo da sua actuação, o qual foi validado em estudos com linhas celulares e ratinhos. Outro dado muito relevante é que os tumores que expressam este gene também mostraram-se resistentes a quimioterapia. Portanto, a metadherina confere duas propriedades de mau prognóstico ao cancro da mama: capacidade de metastização e resistência a quimioterapia.
Embora todos estes estudos, publicados em revistas de elevado factor de impacto e de grande prestígio na comunidade científica, mereçam toda nossa atenção e abram caminho para nova investigação, a translação para a prática clínica, sempre requer validação em ensaios clínicos e por outros grupos, para que se tornem uma realidade a ser aplicada na rotina do estudo dos doentes com cancro


Fonte: Publico
 
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