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Obama: Economia forte, combate ao terrorismo e liderança global são os pilares da nov

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Obama: Economia forte, combate ao terrorismo e liderança global são os pilares da nova política externa dos EUA - politólogos portugueses

16 de Janeiro de 2009, 07:30

*** José Meirelles, Agência Lusa ***
Lisboa, 16 Jan (Lusa) - O restabelecimento da confiança num modelo de mercado para recuperar a economia, a verdadeira guerra ao terrorismo e a afirmação da hegemonia global norte-americana pelo exemplo político-moral são as três linhas de força da política externa de Barack Obama.
Esta tese é partilhada pelos académicos e investigadores portugueses Armando Marques Guedes, José Manuel Freire Nogueira e Luís Tomé, que em declarações à Agência Lusa identificaram os pilares da política externa da administração do próximo presidente dos Estados Unidos.
Para o politólogo A.Marques Guedes (Universidade Nova de Lisboa), Obama enfrenta uma crise mista, económico-financeira e político-militar, pelo que "apesar de um discurso de apaziguamento, a tentação de resolver estes problemas pela via de uma revitalização das indústrias de armamento será forte e a maneira mais fácil para o fazer poderá ser pela via de um redimensionamento de fundo e sem reais precedentes da NATO".
Por isso, A. Marques Guedes não esconde algum cepticismo sobre a viabilidade de uma renegociação fácil dos tratados de limitação de armamentos, dado que estes "contrariariam a lógica de uma revitalização das indústrias bélicas, tanto norte-americanas como russas, embora uma tentativa de degelo com Moscovo esteja sobre a mesa".
No leque das prioridades do presidente eleito norte-americano "tudo pode mudar na economia, mas não na segurança e defesa estratégica", quando mais podendo estar em causa a transformação da NATO numa organização alargada ao Atlântico Sul e até ao Pacífico, com parceiros como o Brasil e Angola, por um lado, o Japão, a Coreia do Sul e a Austrália, havendo igualmente a possibilidade de um "Plano Marshall" para a ainda incipiente indústria militar europeia, indicou.
A.Marques Guedes admite que a valorização da NATO pela administração de Obama poderá vir de par com uma "importância apenas retórica" a atribuir às Nações Unidas (ONU), "talvez fomentando o emergir de uma mais robusta 'comunidade de democracias': por exemplo, pegando no G-7 e alargando-o a países como Angola, Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia e Turquia".
Num esforço de inverter a herança de George W.Bush - termina o politólogo - "Obama irá tentar reassumir a liderança no Grande Médio Oriente, pondo um ponto final na ocupação do Iraque, reforçando os contingentes no Afeganistão (30.000 soldados) e estendendo o combate ao terrorismo designadamente ao Paquistão e países vizinhos da Ásia Central".
Para restaurar parte de um prestígio perdido, o presidente eleito norte-americano já anunciou que irá por cobro aos voos secretos para transporte de suspeitos e fechar a prisão de Guantanamo (Cuba).
É exactamente este o "softpower" (poder de atracção e persuasão) que preconizam o general na reserva Freire Nogueira e Luís Tomé (Universidade Autónoma de Lisboa), tão preciso para relançar a boa imagem dos Estados Unidos, onde o "multilateralismo" - sobretudo nas frentes da ONU, NATO, Organização Mundial do Comércio (OMC), fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) e União Europeia (UE) - é imperativo para a administração de Obama, a braços com a reinvenção de um paradigma para substituir as velhas estruturas de Bretton Woods.
Relativamente à continuidade a dar às políticas seguidas pela administração cessante, Freire Nogueira e Luís Tomé sustentam que Obama terá de acautelar o acesso às fontes energéticas, articulando outra posição, combater o terrorismo e controlar a proliferação das armas de destruição em massa que, mesmo tendo uma "carga muito psicológica" - em palavras do general - exigem um "relacionamento diferente" nomeadamente com a Rússia.
Sobre as alterações desejáveis, Luís Tomé acentua o respeito norte-americano pelos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a ratificação e o cumprimento das metas do Protocolo de Quioto, ou do Tratado para a Interdição Global dos Testes Nucleares (CTBT).
Uma chamada de atenção sua vai para a continuação do controlo da ressurgência da China e o perigo de o proteccionismo norte-americano gerar "tensões" com Tóquio, Seul e Pequim, a maior credora de Washington, podendo Obama chegar ao ponto de preterir o acordo de livre comércio com os sul-coreanos ao "balanceamento" das relações comerciais e à redução do défice dos Estados Unidos.
Na América Central e do Sul, Luís Tomé salienta que Obama sufraga os acordos de livre comércio com a Colômbia e Panamá, e não duvida de que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, "terá uma relação completamente diferente" com os Estados Unidos, pela conjugação da saída de Bush e da pressão provocada pela descida dos preços de petróleo.
Acerca do conflito israelo-palestiniano, Freire Nogueira insiste em que Washington não poderá continuar a usar "dois pesos e duas medidas" e, descrente da "eficácia de um apelo à moderação", exclui qualquer desfecho pela vitória de uns e exaustão de outros.
Luis Tomé entende que Obama deverá aumentar a pressão sobre os aliados regionais, Israel e países árabes, para fazer prosseguir o processo de paz.
A melhor metodologia para abordar a "complexidade" que encerram países como o Irão, Paquistão ou Coreia do Norte, onde uma intervenção poderia "complicar ainda mais a situação", é deixada em aberto pelo general, antigo elemento dos serviços de informações militares da NATO.
Particularmente sobre o Paquistão, será "muito forte" - diz Luís Tomé - a pressão do "smartpower" (poder inteligente), combinado com o "hardpower" (poder de coacção e intervenção militar) e o "softpower", como preconiza a próxima chefe da diplomacia de Washington, Hillary Clinton, através do modelo dos três "D": defesa, diplomacia e desenvolvimento.
A organização dos 27 deverá - no entender de Freire Nogueira - perder a dimensão euro-atlântica e, com a entrada de países sul-americanos, africanos e asiáticos, evoluir para uma "força de segurança e defesa estratégica a escala global".
Luis Tomé conclui que "Obama representa um grande desafio para a UE, na medida em que, mostrando um crescente multilateralismo, reclamará dos aliados europeus o acompanhamento do seu país na resolução dos problemas globais, sob pena de se virar ainda mais para os aliados asiáticos".
Lusa/fim
 
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