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Reacção de Ahmadinejad a entrevista de Obama

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Mai 27, 2007
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O Presidente Mahmoud Ahmadinejad exigiu hoje que o seu homólogo norte-americano, Barack Obama, “peça perdão pelos crimes cometidos pelos Estados Unidos” contra o Irão nos últimos 60 anos. Não seria esta a reacção que o sucessor de George W. Bush esperava à sua oferta de “estender a mão aos que quiserem abrir o punho fechado”, mas alguns analistas interpretaram as palavras do líder ultranacionalista como uma mensagem doméstica, tanto mais que coincide com a sua recandidatura às eleições de 12 de Junho.

“Ele vai, naturalmente, ser candidato porque todos os programas e políticas com que se comprometeu não podem ser executados num mandato de quatro anos”, disse à AFP Ali Akbar Javanfekr, conselheiro de Ahmadinejad para os meios de comunicação social, horas depois do discurso do Presidente, na região ocidental de Khermenshah, a 120 quilómetros da fronteira com o Iraque, uma das suas circunscrições.

Jon Leyne, correspondente da BBC em Teerão, admite que vai haver muitas “voltas e reviravoltas” na retórica dos dirigentes iranianos à medida que tentam compreender se Obama está mesmo interessado em restabelecer os contactos bilaterais interrompidos desde 1980. Os laços foram cortados após a ocupação da embaixada dos EUA e do sequestro durante 444 dias dos seus funcionários.

Outros comentadores, como os académicos americanos de origem iraniana Trita Parsi e Sanam Vakil, da John Hopkins University, lembram que, embora Ahmadinejad seja o que mais faz ouvir a sua voz beligerante, quem detém, realmente, o poder em Teerão é o muito cauteloso Guia Supremo, “Ayatollah” Ali Khamenei.

“Aqueles que falam de mudança devem pedir perdão ao povo iraniano e tentar reparar os seus crimes do passado”, disse Ahmadinejad, sem especificar os “crimes”. Em Março de 2000, a então secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, lamentou publicamente que a CIA tivesse conspirado para derrubar o governo democrático e nacionalista de Mohammed Mossadegh em 1953, para reinstalar no Trono do Pavão o Xá Mohammad Reza Pahlavi. “A Administração Eisenhower invocou razões estratégicas [o receio que os comunistas pró-soviéticos do Tudeh tomassem o poder] para justificar a sua acção, mas o golpe foi claramente um revés para o desenvolvimento político do Irão, e é fácil compreender agora por que muitos iranianos se ressentem da intervenção da América”, disse a chefe da diplomacia do Presidente Bill Clinton.

Se o golpe de 1953 (instigado por Winston Churchill, furioso por Mossadegh, um aristocrata da dinastia Qajar, ter nacionalizado a Anglo-Iranian Oil Company,) abriu caminho à revolução de Khomeini, o “crime” que o actual regime considera mais imperdoável foi o apoio dos Estados Unidos ao ditador Saddam Hussein para que ele ganhasse a guerra de 1980-88 contra o Irão.

De igual para igual

“Quando eles dizem ‘queremos mudanças’, a mudança pode ocorrer de duas formas”, disse Ahmadinejad aos seus apoiantes em Khermenshah. “A primeira é uma mudança fundamental e efectiva. A segunda é uma mudança de táctica. É muito claro que se o significado da mudança for o da segunda, em breve isso será revelado.”

O chefe de Estado iraniano sugeriu que os EUA “devem encontrar-se com as pessoas, falar com elas com respeito e pôr fim às políticas expansionistas”. E, “se querem mudança, devem pôr fim à sua presença militar no mundo, retirar as suas tropas e levá-las para o interior das suas próprias fronteiras.” Devem ainda, concluiu, “deixar de apoiar os sionistas [Israel], os fora-da-lei e os criminosos [implícita alusão aos dissidentes na sociedade civil e à resistência armada dos Mujahedin e-Khalq/Combatentes do Povo, recém-retirados pela UE da lista de grupos terroristas]; e não mais interferir nos assuntos de outros povos”.

Os iranianos, explicou ao Middle East Online Frederic Tellier, analista do International Crisis Group (ICG), “think tank” com sede em Bruxelas, esperam que Obama proponha “um diálogo abrangente, de igual para igual”, com os Estados Unidos. “ Isso vai requerer uma visão estratégica que aceite o Irão como um participante chave no Médio Oriente e um interlocutor necessário sobre questões críticas que Washington e Teerão têm uma necessidade profunda de discutir, designadamente, a estabilização de zonas de conflito como o Iraque, o Afeganistão, o Líbano ou a Palestina.”
fonte:publico.pt
 
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