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Eutanásia divide o País

brunocardoso

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Eutanásia divide o País


Morte: Ministra da Saúde, Ana Jorge, diz que tema não é prioritário

A morte, esta semana, da italiana Eluana Englaro, de 38 anos, veio reacender a polémica da eutanásia que atravessou fronteiras e chegou a Portugal. Por cá, especialistas da bioética e políticos querem um debate social e um referendo; alguns médicos oncologistas defendem a prática. A ministra da Saúde, Ana Jorge, diz que o tema não está no centro das atenções do Ministério. Mas está na vontade de nove portugueses, sete homens e duas mulheres, inscritos na associação suíça Dignitas, que ajuda residentes e estrangeiros a recorrer ao suicídio assistido.
A professora universitária Laura Ferreira dos Santos, de Braga, pondera vir a recorrer aos serviços de suicídio assistido da associação suíça, caso a doença de que sofre se agrave de forma irremediável. "Sou a favor quer da eutanásia quer do suicídio assistido, mas prefiro este último caso por permitir uma opção clara de quem quer morrer", disse, adiantando que está a pensar inscrever-se na Dignitas, a exemplo do que já fizeram outros portugueses.

O recurso à eutanásia é defendido por 39 por cento dos médicos oncologistas, revela um estudo de 2007 da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, da autoria do oncologista Ferraz Gonçalves. Contudo, a percentagem dos clínicos que admite fazê-lo é de 23 por cento. Antes da legalização da prática é necessário um debate social e um referendo, defende ao CM Rui Nunes, presidente da Associação Portuguesa de Bioética. "Dada a importância do tema e a fractura que causa na sociedade qualquer evolução legislativa carece de consentimento social. Não é admissível que um pequeno número de deputados tome decisões que remetem para a consciência colectiva da sociedade."

OUTROS CASOS POLÉMICOS
Os pedidos de eutanásia não são frequentes mas também não são raros. Alguns casos recentes que ocorreram arrastam consigo pedidos na Justiça dos países de origem durante vários e longos anos. Quase sempre o pedido é recusado. A polémica acende-se nas sociedades, levantando-se as vozes a favor ou contra da vontade do próprio doente e, por vezes dos seus familiares.

KAREN ANN QUINLAN (11/06/1985)
Karen, 21 anos, parou de respirar e sofreu lesão cerebral irreversível. Em 1976 desligaram a máquina. Viveu 9 anos.

TONY BLAND (03/03/1993)
Em estado vegetativo desde 1989, a família conseguiu que um juiz inglês ordenasse a retirada dos tubos que o alimentavam.

RAMÓN SAMPEDRO (15/01/1998)
O espanhol, tetraplégico desde os 26 anos, pediu à Justiça o direito de morrer. Com ajuda de amigos planeou a morte.

TERRI SCHIAVO (31/03/2005)
Após paragem cardíaca, em 1990, ficou com danos cerebrais irreparáveis. Desligada a alimentação, resistiu 13 dias.

CHANTAL SÉBIRE (19/03/2008)
A francesa, com um tumor incurável na cara que causava dores, apareceu morta em casa, após negada a eutanásia.

APONTAMENTOS

TESTAMENTO VITAL
É um documento com directrizes antecipadas de quem expressa, quando lúcido, vontade para "morte digna" quando não puder expressar-se.

ORDEM DOS MÉDICOS
O novo Código Deontológico introduz o respeito pela vontade do doente quando não quer o uso de meios extraordinários de vida, excluindo a hidratação e alimentação.

PAÍSES QUE PRATICAM
A Bélgica e a Holanda são os países europeus onde a eutanásia é legal. A Suíça é tolerante e no Luxemburgo decorre o processo da legalização.

PRÓS E CONTRAS
Os argumentos contra são a defesa pelo carácter sagrado da vida humana, integridade da profissão médica e abuso potencial. Os argumentos a favor são o respeito pela autodeterminação da pessoa e alívio da dor e do sofrimento.

IGREJA DIZ QUE SÓ A VIDA PODE SER DEFENDIDA
É um daqueles temas em que a posição da Igreja Católica não oferece dúvidas: só a vida pode ser defendida. Ainda há poucos dias, Bento XVI condenou a "falsa solução" da eutanásia, considerando que esta forma de enfrentar o sofrimento é indigna do ser humano. Lembrando o caso da italiana Eluana Englaro, a quem foram desligadas as máquinas que a mantinham há 17 anos ligada à vida, o Papa disse que "a verdadeira resposta perante a dor deve ser o amor".
Também os bispos portugueses, na última reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal, em Fátima, sublinharam que "a Igreja defende sempre a vida e muito mais em situação de debilidade". O porta-voz, padre Manuel Morujão, lembrou até que "não é direito à morte, à infelicidade ou à doença; há direito à vida, à saúde e à felicidade".
"A EUTANÁSIA PODE ABRIR PORTAS A ABUSOS" (Ferraz Gonçalves, Médico oncologista do IPO do Porto)
Correio da Manhã – É a favor ou contra a eutanásia?
Ferraz Gonçalves – Sou contra. Só posso admitir em situações muito excepcionais e raras.
– Quais?
– Não há critérios, depende de cada caso. Sou médico e defendo que se deve ajudar os doentes.
– Doentes seus já lhe pediram ajuda para a morte?
– Sim, muitas vezes. Esses pedidos de ajuda são muitas vezes motivo de desespero, sentem que a morte é a solução.
– A pessoa não tem o direito de decidir a sua vida e morte?
– A maioria das pessoas não quer morrer, quer viver e agarra-se à vida com todas as forças. Muitas mudaram de vontade mais tarde. E a eutanásia poderia abrir portas a situações perigosas.
– Que situações perigosas?
– A abusos. Na Austrália foi legalizada e já deixou de ser.
– Houve eutanásia com a italiana Eluana?
– Não, houve supressão de tratamento fútil, alimentação artificial e tratamento de uma pessoa que está 17 anos em estado vegetativo e cognitivamente não existe, não sente.
– O que fazer para ajudar os doentes?
– Apostar mais nos Cuidados Continuados e melhorar as condições de vida dos doentes.

ELUANA, 17 ANOS EM ESTADO VEGETATIVO
A italiana Eluana Englaro morreu na segunda-feira, dia 9, às 19h35 (18h35 de Lisboa) no quarto dia de jejum total e após 17 anos em estado vegetativo, depois de lhe ter sido retirada a alimentação artificial, segundo a certidão de óbito assinada pela clínica Quiete, de Udine, onde entrou a 2 de Fevereiro.

O longo combate judicial da família de Eluana e a batalha política que opôs apoiantes e opositores do direito de morrer marcaram a actualidade internacional nos últimos dias e evidenciou o vazio jurídico relativamente ao fim da vida em Itália. A família de Eluana, que ficou em estado vegetativo após um acidente de automóvel, pretendia autorização para desligar a alimentação e hidratação da mulher.

As cerimónias fúnebres religiosas de Eluana Englaro decorreram quinta-feira, dia 12, sem a presença dos pais. A ausência do pai, que se opôs publicamente à realização de um funeral religioso, "teve como objectivo respeitar a sensibilidade da família, em que uns estão ligados à tradição religiosa e outros não", disse o advogado da família Vittorio Angiolini. O pai de Eluana, Beppino Englaro, lutou durante anos pelos tribunais italianos e europeus para que o fim chegasse. Em 1999, o pedido foi recusado pelo Tribunal de Milão e em 2005 pelo Supremo Tribunal, que reapreciou o processo em 2007. A 13 de Novembro decidiu pela suspensão da alimentação artificial.

NOTAS

PEDRO NUNES CONTRA
O bastonário dos médicos, Pedro Nunes, considera a legalização da eutanásia "um retrocesso civilizacional".

JUSTIÇA CONDENA
A Constituição Portuguesa consagra que a vida humana é inviolável e o Código Penal contém severas punições para quem a pratique.

ESCRITOR E O DIREITO
O escritor italiano Umberto Eco reivindicou o direito de escolher a morte, num artigo publicado no jornal ‘La Repubblica’.


Cristina Serra


Fonte Inf: C. Manhã
 

arial

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Eutanásia divide o País


Morte: Ministra da Saúde, Ana Jorge, diz que tema não é prioritário

A morte, esta semana, da italiana Eluana Englaro, de 38 anos, veio reacender a polémica da eutanásia que atravessou fronteiras e chegou a Portugal. Por cá, especialistas da bioética e políticos querem um debate social e um referendo; alguns médicos oncologistas defendem a prática. A ministra da Saúde, Ana Jorge, diz que o tema não está no centro das atenções do Ministério. Mas está na vontade de nove portugueses, sete homens e duas mulheres, inscritos na associação suíça Dignitas, que ajuda residentes e estrangeiros a recorrer ao suicídio assistido.
A professora universitária Laura Ferreira dos Santos, de Braga, pondera vir a recorrer aos serviços de suicídio assistido da associação suíça, caso a doença de que sofre se agrave de forma irremediável. "Sou a favor quer da eutanásia quer do suicídio assistido, mas prefiro este último caso por permitir uma opção clara de quem quer morrer", disse, adiantando que está a pensar inscrever-se na Dignitas, a exemplo do que já fizeram outros portugueses.

O recurso à eutanásia é defendido por 39 por cento dos médicos oncologistas, revela um estudo de 2007 da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, da autoria do oncologista Ferraz Gonçalves. Contudo, a percentagem dos clínicos que admite fazê-lo é de 23 por cento. Antes da legalização da prática é necessário um debate social e um referendo, defende ao CM Rui Nunes, presidente da Associação Portuguesa de Bioética. "Dada a importância do tema e a fractura que causa na sociedade qualquer evolução legislativa carece de consentimento social. Não é admissível que um pequeno número de deputados tome decisões que remetem para a consciência colectiva da sociedade."

OUTROS CASOS POLÉMICOS
Os pedidos de eutanásia não são frequentes mas também não são raros. Alguns casos recentes que ocorreram arrastam consigo pedidos na Justiça dos países de origem durante vários e longos anos. Quase sempre o pedido é recusado. A polémica acende-se nas sociedades, levantando-se as vozes a favor ou contra da vontade do próprio doente e, por vezes dos seus familiares.

KAREN ANN QUINLAN (11/06/1985)
Karen, 21 anos, parou de respirar e sofreu lesão cerebral irreversível. Em 1976 desligaram a máquina. Viveu 9 anos.

TONY BLAND (03/03/1993)
Em estado vegetativo desde 1989, a família conseguiu que um juiz inglês ordenasse a retirada dos tubos que o alimentavam.

RAMÓN SAMPEDRO (15/01/1998)
O espanhol, tetraplégico desde os 26 anos, pediu à Justiça o direito de morrer. Com ajuda de amigos planeou a morte.

TERRI SCHIAVO (31/03/2005)
Após paragem cardíaca, em 1990, ficou com danos cerebrais irreparáveis. Desligada a alimentação, resistiu 13 dias.

CHANTAL SÉBIRE (19/03/2008)
A francesa, com um tumor incurável na cara que causava dores, apareceu morta em casa, após negada a eutanásia.

APONTAMENTOS

TESTAMENTO VITAL
É um documento com directrizes antecipadas de quem expressa, quando lúcido, vontade para "morte digna" quando não puder expressar-se.

ORDEM DOS MÉDICOS
O novo Código Deontológico introduz o respeito pela vontade do doente quando não quer o uso de meios extraordinários de vida, excluindo a hidratação e alimentação.

PAÍSES QUE PRATICAM
A Bélgica e a Holanda são os países europeus onde a eutanásia é legal. A Suíça é tolerante e no Luxemburgo decorre o processo da legalização.

PRÓS E CONTRAS
Os argumentos contra são a defesa pelo carácter sagrado da vida humana, integridade da profissão médica e abuso potencial. Os argumentos a favor são o respeito pela autodeterminação da pessoa e alívio da dor e do sofrimento.

IGREJA DIZ QUE SÓ A VIDA PODE SER DEFENDIDA
É um daqueles temas em que a posição da Igreja Católica não oferece dúvidas: só a vida pode ser defendida. Ainda há poucos dias, Bento XVI condenou a "falsa solução" da eutanásia, considerando que esta forma de enfrentar o sofrimento é indigna do ser humano. Lembrando o caso da italiana Eluana Englaro, a quem foram desligadas as máquinas que a mantinham há 17 anos ligada à vida, o Papa disse que "a verdadeira resposta perante a dor deve ser o amor".
Também os bispos portugueses, na última reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal, em Fátima, sublinharam que "a Igreja defende sempre a vida e muito mais em situação de debilidade". O porta-voz, padre Manuel Morujão, lembrou até que "não é direito à morte, à infelicidade ou à doença; há direito à vida, à saúde e à felicidade".
"A EUTANÁSIA PODE ABRIR PORTAS A ABUSOS" (Ferraz Gonçalves, Médico oncologista do IPO do Porto)
Correio da Manhã – É a favor ou contra a eutanásia?
Ferraz Gonçalves – Sou contra. Só posso admitir em situações muito excepcionais e raras.
– Quais?
– Não há critérios, depende de cada caso. Sou médico e defendo que se deve ajudar os doentes.
– Doentes seus já lhe pediram ajuda para a morte?
– Sim, muitas vezes. Esses pedidos de ajuda são muitas vezes motivo de desespero, sentem que a morte é a solução.
– A pessoa não tem o direito de decidir a sua vida e morte?
– A maioria das pessoas não quer morrer, quer viver e agarra-se à vida com todas as forças. Muitas mudaram de vontade mais tarde. E a eutanásia poderia abrir portas a situações perigosas.
– Que situações perigosas?
– A abusos. Na Austrália foi legalizada e já deixou de ser.
– Houve eutanásia com a italiana Eluana?
– Não, houve supressão de tratamento fútil, alimentação artificial e tratamento de uma pessoa que está 17 anos em estado vegetativo e cognitivamente não existe, não sente.
– O que fazer para ajudar os doentes?
– Apostar mais nos Cuidados Continuados e melhorar as condições de vida dos doentes.

ELUANA, 17 ANOS EM ESTADO VEGETATIVO
A italiana Eluana Englaro morreu na segunda-feira, dia 9, às 19h35 (18h35 de Lisboa) no quarto dia de jejum total e após 17 anos em estado vegetativo, depois de lhe ter sido retirada a alimentação artificial, segundo a certidão de óbito assinada pela clínica Quiete, de Udine, onde entrou a 2 de Fevereiro.

O longo combate judicial da família de Eluana e a batalha política que opôs apoiantes e opositores do direito de morrer marcaram a actualidade internacional nos últimos dias e evidenciou o vazio jurídico relativamente ao fim da vida em Itália. A família de Eluana, que ficou em estado vegetativo após um acidente de automóvel, pretendia autorização para desligar a alimentação e hidratação da mulher.

As cerimónias fúnebres religiosas de Eluana Englaro decorreram quinta-feira, dia 12, sem a presença dos pais. A ausência do pai, que se opôs publicamente à realização de um funeral religioso, "teve como objectivo respeitar a sensibilidade da família, em que uns estão ligados à tradição religiosa e outros não", disse o advogado da família Vittorio Angiolini. O pai de Eluana, Beppino Englaro, lutou durante anos pelos tribunais italianos e europeus para que o fim chegasse. Em 1999, o pedido foi recusado pelo Tribunal de Milão e em 2005 pelo Supremo Tribunal, que reapreciou o processo em 2007. A 13 de Novembro decidiu pela suspensão da alimentação artificial.

NOTAS

PEDRO NUNES CONTRA
O bastonário dos médicos, Pedro Nunes, considera a legalização da eutanásia "um retrocesso civilizacional".

JUSTIÇA CONDENA
A Constituição Portuguesa consagra que a vida humana é inviolável e o Código Penal contém severas punições para quem a pratique.

ESCRITOR E O DIREITO
O escritor italiano Umberto Eco reivindicou o direito de escolher a morte, num artigo publicado no jornal ‘La Repubblica’.


Cristina Serra


Fonte Inf: C. Manhã


Excelente artigo. Mercê de uma ponderação, ajuizada e vista com olhos do tempo pertencentes a uma evolução social, em que, as pessoas cada vez mais exigem o direito a uma vida “humana” e condigna.
Aliás, não é por acaso que, a eutanásia, é já um dos temas mais controversos a nível bioética e biodireito.

É certo. A nossa Constituição defende que, o Estado tem como principio a protecção da vida e dos seus cidadãos...
Mas, é aí que acho que as coisas se confundem!

Pois também é certo que, existe um outro principio não menos fundamental que é, o Direito à integridade pessoal expresso no nº1 do artº25 da CRP, - a integridade moral e física das pessoas é inviolável -

Ora, será que, perante o desespero do ser humano, normalmente associado a um grande sofrimento físico, cujo estado de doença é crónico, grave e, portanto incurável, não terá ele direito a findar a sua vida (e sublinho a sua vida), antecipando a morte?!!
Não se violará aqui, ao recusarem-lhe isso este grande principio?!

Enfim…parabéns pelo artigo.
 
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