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Chávez joga tudo por mais dez anos

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Mai 27, 2007
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Os venezuelanos viveram uma campanha trepidante para um dia que tanto poderá pender para Hugo Chávez como para a oposição - os institutos de sondagens não arriscam previsões sobre o referendo de hoje. Tudo pode acontecer.

No Palácio de Miraflores jogou-se na pressa e na mobilização de massas, que desfilaram de vermelho e com o slogan "Uh ah, Chávez no se va", acudindo ao líder bolivariano, no poder há dez anos, que deu tudo por tudo para ganhar a consulta e pelo menos mais uma década no cargo. Entre a oposição, por exemplo da parte do presidente da Câmara de Caracas, Antonio Ledezma, impedido de entrar no edifício da autarquia, é a crença de que agora é que é.

Isto enquanto a Venezuela de todos os dias perdia a voz, um presumível violador era morto à paulada num bairro do Sudoeste, regado com gasolina e queimado, amarrado a uma mota e arrastado pela Avenida Intercomunal, e uma mulher ficava à porta de uma clínica de Barrio Adentro por não ter cartão de crédito - testemunhou um repórter da IPS. Mas nas primeiras páginas dos jornais vinha o apelo às urnas e o caso da sinagoga invadida por um bando que deixou inscrições anti-semitas e que depois se soube que tinham sido um detective e vários polícias.

Jogou-se à pressa desde que o Presidente deu no princípio de Janeiro os últimos retoques nas emendas constitucionais que prevêem a sua recandidatura automática e de vários aliados se os eleitores responderem "sim". E porque, na opinião, há dois dias, de um analista, Túlio Hernández, entrevistado pela AFP, o regime teme atrasar-se quando a situação económica é tudo menos famosa, com previsíveis reflexos na política social.

No primeiro caso: com medo que os votantes que o elegeram há quatro anos voltem a desertar e a proporcionar uma derrota, como aconteceu em 2007, quando perdeu por um ponto, e de certeza a pensar no recuo que sofreu nas regionais e municipais de Novembro, o líder bolivariano incluiu nas recandidaturas automáticas governadores, presidentes de câmara e vereadores, garantindo assim o seu maior empenho na sensibilização dos votantes.

No segundo caso: o petróleo, que alimenta 70 por cento do orçamento de Estado, baixou de preços para níveis desconfortáveis, a inflação atingiu 30 por cento em 2008 e o crescimento passou de 8,4 por cento, em 2007, para 4,9. no ano passado, o que pode comprometer uma série de projectos que são o ex libris do socialismo venezuelano.

Numa entrevista à televisão, Hugo Chávez sublinhou que há dez anos a pobreza atingia metade da população e o regime reduziu-a em 25 por cento, citando a Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas segundo a qual a Venezuela é o país que mais gasta na área social - 14 por cento do seu PIB. Uma das organizações de direitos humanos locais, a Provea, confirmou à IPS que a pobreza tanto "geral" como "extrema" baixaram, e muito.

O desemprego também já não é o mesmo - dos 12 por cento que encontrou, está em metade - e a igualdade de género não tem nada a ver com o passado: numerosos conselhos comunais, estruturas de vizinhos criadas pelo regime, são hoje geridos por mulheres, quatro dos cinco poderes públicos têm à frente mulheres, 16 por cento dos deputados são mulheres.

Já a criminalidade continua uma gangrena, com 13 mil homicídios por ano, ou 50 por cada 100 mil habitantes, a maior parte todos os dias nos bairros pobres, um panorama que 80 por cento da população tem como de todos o mais grave e que a oposição transformou numa bandeira.

"Não tenho uma mentalidade repressiva, e quando lutamos contra o desemprego, a pobreza e pela inclusão, combatemos a delinquência", disse o Presidente sobre a onda de crimes. Mas os adversários associaram habilidosamente o "não" à insegurança ao "não" à reeleição indefinida.

Reforçar o socialismo

Foi neste contexto que Hugo Chávez, que chegou ao poder em 1999, se relegitimou em 2000 e foi reeleito, em 2006, para um mandato que termina em 2013, juntou todas as suas forças para garantir a continuidade da revolução de que é o rosto e o seu próprio futuro político: a Assembleia Nacional, que lhe é leal, suspendeu as sessões para os deputados poderem participar nos comícios e a televisão oficial transmitiu 93 por cento de informações favoráveis ao "sim", sete por cento neutras e nenhuma a favor do "não", de acordo com um estudo da universidade sueca de Gotemburgo e da venezuelana Andrés Bello.

Pelo meio, um anúncio oportuno: a neutralização de uma conspiração liderada por um militar refugiado nos Estados Unidos, e que supunha a infiltração de agentes no palácio presidencial e a instigação de unidades nas províncias governadas à direita, e a descoberta de um depósito de armas na região ocidental do país.

"Nestes próximos dez anos, devemos consagrar-nos a fundo a reforçar as fundações de uma Venezuela socialista. Depois disso, serei o primeiro a dizer: deixem-me!", declarou Chávez, num comício, dando como adquirida a simpatia dos venezuelanos pela obra feita.

fonte.publico.pt
 
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