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Lixo tóxico britânico está a ser despejado em África

xicca

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Bastou um pequeno dispositivo de localização por satélite para resolver o mistério. Um velho aparelho de televisão “armadilhado” com um GPS foi abandonado propositadamente numa lixeira britânica. Alguns dias depois a carcaça electrónica dava sinais de vida: estava em Lagos, capital da Nigéria, onde homens, mulheres e crianças esventram todo o tipo de lixo tecnológico oriundo da Europa e da Ásia, à mercê de substâncias como o cádmio, o chumbo e o mercúrio.

Centenas de milhares de lares europeus produzem todos os meses várias toneladas de lixo tóxico e de despojos electrónicos que, de acordo com as leis ambientais da União Europeia, deverão ser tratados por empresas adequadas.

Mas aquilo que a cadeia de televisão Sky, o jornal “The Independent” e a Greepeace mostraram foi uma realidade muito diferente. Televisores, computadores e todo o tipo de lixo electrónico é despejado sem controlo nas lixeiras britânicas, muito do qual é metido em contentores e despachado para África, acabando em bairros de lata da Nigéria e do Gana, a céu aberto.

A televisão em questão, equipada com um dispositivo de localização por satélite, foi deixada num centro de reciclagem de Basingstoke (a sudoeste de Londres), gerida pelas autoridades do condado de Hampshire. “De acordo com as leis de protecção ambiental, o aparelho deveria ter sido classificado como perigoso e nunca deveria ter saído do Reino Unido”, escreve o “The Independent”.

Mas o que aconteceu a seguir foi muito diferente. O aparelho foi comprado por um “dealer” londrino – um entre várias dezenas de operadores que estão a comprar uma grande fatia das cerca de 940 mil toneladas de lixo electrónico doméstico (e-waste) que os britânicos produzem a cada ano – que acabou por o exportar.

As pessoas envolvidas nesta investigação acabaram por comprar a televisão de volta a mais de sete mil quilómetros de distância, no gigantesco mercado Alaba de componentes electrónicos, em Lagos, onde chegam diariamente cerca de 15 contentores carregados com este tipo de material, oriundos da Europa e da Ásia.

De acordo com o “The Independent”, pelo menos um terço deste material é automaticamente estilhaçado e lançado em lixeiras, onde uma vasta prole de pessoas acaba por retirar das carcaças as partes electrónicas rentáveis, ficando expostas a metais pesados como o mercúrio, o chumbo e o cádmio, bem como a todo um “cocktail” de dioxinas.

Mercado do “e-waste” vale “centenas de milhões de libras”
Este caso traduz claramente o estado de caos actual na indústria de tratamento e reciclagem de lixos tóxicos, em volta do qual gravitam inúmeros operadores, subcontratados pelas autoridades, que praticam este tipo de abusos.

“Esta televisão é apenas um exemplo dentro de um problema mais vasto com a aplicação da legislação, que permite a exportação de equipamento que ainda funciona mas que proíbe que materiais electrónicos estragados e partidos sejam encaminhados para fora da União Europeia, para um país em vias de desenvolvimento”, escreve o “The Independent”.

Claire Snow, a directora da britânica Industry Council for Equipment Recycling (ICER), disse ao jornal: “Fica claro que o sistema de recolha de equipamento que os cidadãos britânicos deitaram fora não está a funcionar tão bem como devia (...) Sob o pretexto da reutilização, o equipamento que não está, claramente, apto para ser reutilizado, está a ser efectivamente despejado em países em vias de desenvolvimento”.

De acordo com as estatísticas do governo britânico, cerca de 450 mil toneladas de e-waste está a ser actualmente tratado segundo as lei ambientais em vigor. Porém, estima-se igualmente que cada britânico deita fora por ano uma média de quatro aparelhos electrónicos, o que significa – de acordo com as contas feitas pelo “The Independent” – que se desconhece o destino dado a aproximadamente 500 toneladas de lixo electrónico.

Alguns dados recolhidos pela indústria em questão, aos quais o jornal teve acesso, indicam que pelo menos dez mil toneladas de televisores velhos e 23 mil toneladas de computadores classificados como perigosos estão a ser ilegalmente exportados para um mercado de “e-waste” que vale “centenas de milhões de libras”.

O jornal indica ainda que o facto de muitos operadores locais estarem a oferecer três libras (3,39 euros) por um televisor e uma libra (1,13 euros) por um monitor de computador está a comprometer a acção das empresas de reciclagem e a criar todo um mercado “subterrâneo” paralelo.

O Reino Unido é responsável por cerca de 15 por cento do total de lixo electrónico produzido na União Europeia.

Uma das soluções avançadas pela Greenpeace para a resolução deste problema seria os fabricantes de produtos electrónicos acabarem com o uso de componentes tóxicos nas suas linhas de montagem.




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