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Um segundo vai fazer a diferença no apuramento de responsabilidades no acidente que em Novembro de 2007 matou 17 seniores da Universidade de Castelo Branco na A23. A reconstituição do desastre feita ontem revelou que ambos os condutores terão contribuído para o embate entre os veículos e o seu despiste para uma ravina com 50 metros.
É, pelo menos, essa a convicção de João Marcelo, advogado das famílias de 14 das vítimas mortais. Não 'tem dúvidas' de que o autocarro 'invadiu a semifaixa da esquerda e contribuiu para a atrapalhação da condutora do ligeiro'.
Antes da reconstituição – que envolveu um autocarro da Câmara de Vila Franca de Xira igual ao sinistrado e um Ford Fiesta branco –, o juiz de instrução do processo, Jorge Martins, explicou a diligência: 'É muito importante o Tribunal saber o que aconteceu um segundo antes de o carro embater no autocarro, ao longo de 26 metros.' Ou seja, é fundamental apurar em que zona da via seguia o veículo pesado quando o carro iniciou a ultrapassagem.
Na reconstituição, que durou uma hora, o autocarro fez várias manobras ao longo daqueles 26 metros e ficou claro, através de dois pinos de sinalização, que as suas rodas traseiras da esquerda pisaram e passaram o traço descontínuo que divide as duas faixas. Mesmo assim, o ligeiro cabia no espaço excedente da via da esquerda.
'O autocarro ultrapassava o eixo da via em 20 cm e estava a 1,51 metros da linha da faixa da direita, quando as regras dizem que se deve conduzir o mais à direita possível', explicou João Marcelo. Assim, o advogado defende que a culpa 'deve ser partilhada entre os dois condutores', Carina Rodrigo, que ia ao volante do ligeiro, e Fernando Serra.
No final da diligência, o juiz Jorge Martins disse ter ficado esclarecido sobre o acidente, mas não explicou em que medida: 'Os senhores também viram o mesmo do que eu', concluiu.
PORMENORES
DOIS ARGUIDOS
Os arguidos Carina Rodrigues (condutora do carro) e Fernando Serra (autocarro) não participaram na reconstituição.
RECURSO A GPS
Os pontos de referência foram marcados com recurso a GPS para 'garantir precisão'.
Luís Oliveira