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Carnaval do Rio: uma nesga de luto na maior festa do mundo

joseseg

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Mai 26, 2007
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É um Carnaval menos cosmopolita, menos exuberante, envergonhado por uma onda de violência que nos últimos dias percorreu as principais cidades do Brasil. Pelas ruas do Rio de Janeiro, a frequência com que em anos anteriores se escutava francês, alemão, holandês ou espanhol caiu acentuadamente.

De acordo com dados do Banco Central do Brasil, a crise financeira internacional afastou turistas estrangeiros - em Janeiro, Verão no Hemisfério Sul, as receitas obtidas nas praias brasileiras caíram mais de 17 por cento em relação ao mesmo mês do ano passado. Alguns operadores turísticos falam no Carnaval mais triste dos últimos anos, apesar de a Associação Brasileira de Indústria de Hotéis (Abih) estimar apenas uma queda de quatro pontos percentuais no fluxo turístico do Rio de Janeiro.

"No ano passado, registámos uma média de 86 por cento de turistas brasileiros e estrangeiros durante o Carnaval. Este ano, a expectativa da Abih é de 82 por cento, devido ao mercado internacional, que, com a crise, ficou muito parado", afirmou.

Com tom mais apreensivo, Sérgio Sá, proprietário de quatro hotéis no Rio, fala numa "triste crise no sector", com fraca procura, fundamentalmente de europeus.

"Há dois ou três anos, por esta altura já tinha os meus hotéis totalmente lotados, agora não tenho mais de dois terços dos quartos ocupados, será um carnaval triste, pelo menos para a minha empresa", expôs ao PÚBLICO.

Em sentido inverso, a forte subida do dólar, que em Agosto chegou a cotar-se a 1,70 reais e esta sexta-feira fechou a 2,40 (78 cêntimos de euro), inibiu também a saída de brasileiros para o exterior.

Mais criatividade e violência

São os primeiros reflexos da recessão económica global, um cenário que levou o director do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), Sérgio Cortes, a classificar Janeiro como um "mês cruel" para o Brasil. Em apenas 30 dias, a taxa de desemprego saltou de 6,8 para 8,2 por cento - desde Novembro, o país assistiu à perda de 800 mil postos de trabalho.

A vaga de assaltos e violações registada nos últimos dias no Rio de Janeiro levou a prefeitura e a Polícia Militar (PM) a avançar com um plano estratégico de segurança. Além dos 40 mil elementos da PM, os pontos fulcrais do Carnaval serão ainda patrulhados por mais 250 agentes do Batalhão de Polícia de Turismo, até ao próximo domingo. Só na última semana, mais de 100 turistas foram assaltados em hotéis, albergues da juventude e nas ruas da cidade - em alguns casos, Copacabana e Lapa, grupos de assaltantes invadiram unidades hoteleiras armados de metralhadoras e granadas.

Mais uma mácula no maior Carnaval do mundo. "Isto é péssimo para a imagem da cidade, ainda para mais num ano marcado pela crise. Vamos agir com eficácia e demonstrar que os turistas podem estar seguros no Rio de Janeiro", afirmou o autarca da cidade, Eduardo Paes ao jornal Globo.

Ao contrário dos desfiles dos últimos cinco anos, período em que as escolas do Rio de Janeiro recorriam a enredos patrocinados para aumentar verbas e ostentar apresentações luxuosas, a edição de 2009 está também marcada pela redução dos financiamentos.

A Escola Unidos do Viradouro, que mistura no enredo Baía e biocombustíveis, contava com a verba de sete milhões de reais ( 2,2 milhões de euros) da Petrobrás. Com a crise, o patrocínio foi anulado. "Este ano, houve muita falta de compromisso por parte de empresas ou prefeituras, é a crise mundial. No entanto, ajudou a soltar a criatividade", expôs ao PÚBLICO Milton Cunha, da Unidos.

Ainda assim, o cenário de recessão económica não inspirou as fantasias das 14 principais escolas de samba da "cidade maravilhosa". Este sábado, no arranque oficial dos desfiles, na Cinelândia, centro da cidade, mais de um milhão de pessoas assistiram ao arranque oficial do Carnaval. Lula da Silva, pela primeira vez desde que chegou ao poder, em 2002, assiste hoje à folia no Camarote de Honra do sambódromo projectado por Óscar Niemeyer. Na sexta-feira deu o mote presidencial: "O momento é difícil, mas o Brasil, com a sua alegria, vai sublimar com eficácia este cenário negativo."

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