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Institutos Nacionais de Saúde dos EUA têm quatro meses para regulamentar a área
Obama acaba com restrições impostas por Bush ao financiamento de investigação sobre células estaminais
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acaba de reautorizar o financiamento com dinheiros públicos federais da investigação sobre células estaminais embrionárias, que tinha sido muito restringida durante os dois mandatos de George W. Bush na Casa Branca, por exigir a destruição de embriões humanos.
“Ainda não se conhece o verdadeiro potencial das células estaminais e não deve ser exagerado. Mas os cientistas acreditam que estas pequeninas células têm o potencial de nos ajudar a compreender, e possivelmente a curar, algumas das mais devastadoras doenças”, disse o Presidente, para uma sala cheia de cientistas, convidados a assistir ao momento que a esmagadora maioria esperava há perto de oito anos.
“Vamos levantar a proibição de financiamento federal para a investigação sobre células estaminais. E vamos apoiar vigorosamente os cientistas que trabalham nesta área. Vamos tentar fazer com que a América seja o líder mundial das descobertas nesta área”, disse Barack Obama, que por várias vezes foi interrompido pelos aplausos da assistência.
Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos ficaram agora encarregues de elaborar nova regulamentação para permitir experiências com células estaminais.
Ao lado de Obama, na cerimónia na Casa Branca em que assinou a ordem executiva repondo a possibilidade de o Estado federal financiar este tipo de investigação, estavam alguns dos cientistas que vão ter essa tarefa entre mãos, como Harold Varmus, um Prémio Nobel e ex-director dos NIH, e agora um dos co-secretários do Conselho Consultivo de Ciência e Tecnologia do Presidente dos EUA.
Obama afasta as restrições de Bush, que o próprio ex-Presidente George W. Bush não negava que eram influenciadas pela religião. “No que toca à investigação sobre células estaminais, o nosso Governo impôs o que eu considero era uma falsa escolha entre ciência sólida e valores morais”, disse o novo inquilino da Casa Branca. “Sendo eu crente, acredito também que todos devemos cuidar de todos, e ajudar a aliviar o sofrimento. Acredito que temos a capacidade e a consciência para orientar o nosso progresso neste tipo de investigação científica”, acrescentou Obama.
As acções de empresas envolvidas na investigação sobre células estaminais – que continuaram a financiar alguns cientistas – dispararam, relata a agência Reuters. A Geron subiu 35 por cento ontem, e a StemCells Inc chegou a valer mais 73 por cento.
A origem de todos os tecidos
Foi apenas em 1998, já no final do ano, que foram identificadas pela primeira vez células estaminais em embriões humanos. Até então, só se tinham conseguido isolar noutros animais, como ratos usados nas experiências. O interesse destas células, que se encontram no interior dos embriões quando estes são uma bolinha minúscula, que caberia na cabeça de um alfinete, é que dá origem a todos os tecidos que compõem um ser humano adulto: células da pele, do fígado, do cérebro, do cabelo, enfim, de todos os órgãos.
O problema é que, para as obter, é preciso destruir os embriões, numa fase muito incipiente do seu desenvolvimento. A descoberta foi feita nos Estados Unidos, durante a presidência de Bill Clinton, e este autorizou a investigação, ao abrigo de uma regulamentação especial dos Institutos de Saúde (NIH) norte-americanos. Esta regulamentação permitia contornar outra legislação dos EUA, que impede o financiamento público de experiências em embriões criados especificamente para investigação, ou até mesmo nos embriões excedentários dos tratamentos de fertilidade, que são congelados durante anos nas clínicas de reprodução assistida.
De acordo com as regras de Clinton, os cientistas financiados com dinheiros públicos podiam fazer investigação sobre células estaminais embrionárias, desde que não criassem eles próprios os embriões usados nas experiências. Mas George W. Bush suspendeu este regulamento durante os seus primeiros meses na Casa Branca. A 9 de Agosto de 2001, anunciou, no seu primeiro discurso em directo na televisão, que deixariam de ser financiados com dinheiros federais estudos que implicassem a criação de mais culturas de células estaminais embrionárias para além dos que tinham sido criados até àquele instante.
Esta decisão foi polémica desde o início, por estabelecer um limite temporal arbitrário, e porque se veio a verificar que as culturas celulares então disponíveis eram de má qualidade, e a maioria estava contaminada (por exemplo, por células estaminais de ratinhos, utilizadas para ajudar a manter a vivas as células humanas), pelo que não poderiam ser usadas para desenvolver tratamentos para humanos.
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n O Público