• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Riachos:Viúva reabre processo para obter indemnização da destilaria

C.S.I.

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Set 25, 2006
Mensagens
6,031
Gostos Recebidos
0


A família de António Cristiano, uma das três vítimas mortais do acidente ocorrido a 27 de Julho de 2004 na Sociedade Lusitana de Destilação, em Riachos (Torres Novas), vai reabrir o processo com vista a conseguir receber a indemnização cível a que tem direito. Os três trabalhadores morreram por asfixia devido à carência de ar respirável no interior dos depósitos. A decisão surgiu após O MIRANTE ter noticiado (edição de 12 de Fevereiro) que é a única família das três que foram atingidas que ainda não viu o seu caso resolvido, encontrando-se o mesmo suspenso no Tribunal de Trabalho de Tomar.

Fernanda Sénica, actualmente com 42 anos, disse ao nosso jornal que, contrariamente ao que alguns vizinhos insinuam, “não recebeu um tostão da seguradora” ou chegou a qualquer acordo com a empresa. A viúva estava, até agora, confiante que o seu caso estaria a ser tratado pelo advogado José Vaz, com escritório em Pombal, a quem entregou o processo. A certa altura, o advogado (a quem passou uma procuração) justificou o atraso no pagamento da indemnização devido a supostas irregularidades na remuneração da empresa com o marido. A instância ficou suspensa após uma tentativa de conciliação promovida pelo Ministério Público, entre a família da vítima, empresa e seguradora, que saiu gorada em Janeiro de 2006. “Estava descansada e achava que o atraso era normal. Mas por razões que não sei explicar, vim a saber que o advogado nunca fez nada para avançar com o processo desde essa altura. Fartei-me de ligar para o escritório mas ele nunca me atendeu”, disse.

Decidida a lutar pelos direitos dos seus filhos, actualmente com 17 e cinco anos, Fernanda Sénica contratou um novo advogado para reabrir o processo e conseguir a quantia indemnizatória a que diz ter direito e que se cifra, segundo o novo causídico, em cem mil euros. Tem esperança que o caso fique resolvido até final do ano. “Ando aqui a trabalhar de noite e dia quando a minha vida podia ser diferente. Se puder ganhar um tostão não fico por meio-tostão”, afirma convicta.

Fernanda Sénica vivia em união de facto com António Cristiano, de 41 anos. O casal tinha-se divorciado mas voltou a viver junto no Casal do Tocha, Riachos. Na altura do acidente mortal a filha mais nova tinha apenas 8 meses. “Nem tive tempo para chorar. Trabalhei dia e noite para alimentar os meus filhos e pagar as minhas despesas. Tínhamos uma vida montada a dois”, disse a O MIRANTE, lamentando que todos a tenham esquecido durante estes anos. “Só vocês se preocuparam em saber como é que eu estava”, desabafou.

Desde que perdeu o marido que a vida de Fernanda Sénica sofreu uma grande transformação. Entregou a casa ao banco, que a colocou à venda, e foi morar com os pais que a ajudaram como puderam. O pai faleceu em Abril do ano passado, outra grande perda da qual ainda não se recompôs. Actualmente trabalha na área da restauração mas já foi obrigada a ter mais do que um emprego. “O outro advogado nunca me pediu dinheiro nenhum mas também nunca fez nada por mim”, esclareceu reconhecendo que o seu mal foi confiar demais nas pessoas. A sua preocupação é garantir condições financeiras para que o filho mais velho consiga prosseguir os estudos na universidade, uma vez que é um bom aluno.

O MIRANTE ligou diversas vezes para o escritório de José Vaz mas do outro lado da linha nunca atenderam. Os três e-mails que enviámos a solicitar esclarecimentos em relação ao seu procedimento neste caso também não tiveram resposta devolvida.


Mirante
 
Topo