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“Para ser isenta não preciso de hostilizar o FC Porto” (COM VÍDEO)

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Elisa Ferreira, candidata do PS à Câmara do Porto, garante que vai valorizar o FCP. Diz que a cidade do Porto não tem uma liderança.

Correio da Manhã/Rádio Clube - Continua a ser independente? Nunca pensou ser militante do PS?

Elisa Ferreira - Não, acho que a relação funciona bem assim. Logicamente é a minha área de referência, o centro-esquerda. Mas, de facto, se a relação funciona bem assim não vejo motivo para a alterar. Acho que me dou bem. Eu tenho muita dificuldade em não pensar sempre pela minha cabeça. E tenho a sensação de que se estivesse sujeita à máquina partidária teria muito mais necessidade de exprimir discordâncias, de matizar coisas.

ARF - Já foi deputada no Parlamento e aí tinha disciplina de voto.

- Tinha e nunca tive problemas de consciência. E quando havia houve sempre condições para votar de forma diferente do grupo. Agora reconheço que não é uma prática normal, mesmo em termos europeus. Em Portugal vivemos com esta experiência e eu acho que fica bem e dignifica os partidos que a utilizam.

ARF - Dignifica como?

- Abrem a não militantes e eu acho que isso é uma prova de abertura de espírito em relação aos cidadãos.

ARF - Mas as máquinas partidárias não gostam muito de independentes. Alguma vez sentiu isso quando foi ministra e deputada? Porque estava a ocupar um lugar que devia ser para um militante do PS?

- Há sempre gente nas máquinas e na população que pensa dessa maneira. Mas acho que quando um partido não monolitista tem de tolerar essas diferenças. E também entendo que os militantes que colaram cartazes fiquem um pouco desconfortáveis quando outras pessoas vão ocupar os lugares. Mas essa maneira de pensar tem mudado e bem.

LC - Como é que vê o caso de Manuel Alegre que tem tido imensas divergências com o PS, ao ponto de um membro do secretariado ter falado em falta de carácter?

- Está a ver, eu não provoco o partido, não tenho de me diferenciar, de me distanciar e como tal não crio esse tipo de problemas. É uma relação que eu não devo comentar muito, enquanto não militante. Mas acho que é muito patente a tolerância e a abertura que o partido tem. Mas acho que se um partido tolera essa tipo de diferenciações fica enriquecido.

LC - Não acha que Manuel Alegre tem abusado dessa tolerância?

- Eu acho que Manuel Alegre tem uma personalidade forte, é importante o papel que faz em termos de crítica. Mas eu, que fiz campanha pelo doutor Mário Soares, não gostei que Manuel Alegre tivesse concorrido.

ARF - Nas presidenciais.

- Sim.

LC - Não se devia ter candidatado?

- Não gostei muito dessa atitude. Acho que dividiu e ao dividir nem ele conseguiu os mínimos para lá chegar e acho que o PS ficou debilitado.

LC - Mas ao mesmo tempo foi a partir daí que Manuel Alegre outra força dentro do PS.

- Sim, é verdade, ganhou outra força. Acabou por agregar muita gente que estava com descontentamentos de vários tipos em relação à situação, mas a questão é que depois não há propriamente a construção de um programa alternativo.

LC - Manuel Alegre não tem alternativa?

- Acho que é uma vantagem a presença de Manuel Alegre enquanto crítico que pensa bem, analisa bem e propõe bem. Já não vejo tanto a capacidade de construir pela positiva um modelo que seja verdadeiramente alternativo. O papel dele é muito mais estar ao lado do sistema, tentando corrigi-lo do que propriamente ser uma alternativa ao sistema.

LC - Acha que Manuel Alegre tem condições para integrar as listas do PS nas eleições?

- Não me pronuncio sobre isso. É uma questão de estratégia partidária e respeitarei o que for decidido. Não me cabe a mim comentar essa matéria.

LC - Mas é uma questão que preocupa actualmente o PS. Como é que a vai resolver?

- Isso estará nas mãos do secretário-geral decidir. Não tenho opinião nenhuma sobre isso. Depende da postura do partido.

ARF - José Sócrates enquanto primeiro-ministro foi uma boa surpresa para si? Foi eu secretário de Estado Adjunto no Ministério do Ambiente.

- Eu acho que o engenheiro José Sócrates é sobretudo uma pessoa que tem características pessoais muito fortes e algumas dessas características são importantíssimas na época que estamos a viver. Entre elas está a coragem, a determinação, o não ficar preso a amarrações, mesmo partidárias. Sempre teve essa característica de olhar em redor e ver se há gente que possa colaborar, que possa contribuir, que possa dar boas ideias, é uma pessoa muito aberta para renovar ideias, renovar o pensamento. Algumas dessas características estão nomeadamente presentes na constituição deste Governo, que tem muita gente independente, mas que são pessoas com competência e qualidade. Digamos que há capacidades que tem enquanto pessoa, uma teimosia, uma determinação que são extraordinariamente importantes numa época que é muito difícil.

ARF - Foi ministra com António Guterres que era o paladino do diálogo, diálogo que chegou a ser fortemente criticado porque paralisava muita coisa. Como no Ambiente. Qual dos estilos prefere, o de Guterres ou de Sócrates?

- O pior é o exagero de um lado ou do outro. E há momentos em que se tem que ser conciliador e há momentos em que se tem de romper. Senti de facto que o engenheiro Guterres quando se apresentou a sociedade estava completamente crispada e acho que foi um bálsamo ele ter chegado. E depois houve momentos em que eu teria preferido que ele tivesse mais firme no corte, no definir. É por aqui, não é por ali. E acho que se prejudicou com isso. Ao mesmo tempo esse aparente defeito era uma das suas grandes virtudes. Porque era uma pessoa muito humana, percebia os pontos de vista de toda a gente, tentava conciliar, não queria magoar.

ARF - E José Sócrates?

- Do lado do engenheiro José Sócrates, nesta fase, essas suas características são particularmente úteis ao País porque nos dão linhas de rumo. Às vezes acredito e reconheço que haverá algum exagero de forma, da maneira de tratar alguns problemas. Não estou de acordo com tudo o que fez, mas acho que, em termos gerais, esta linha reformista que conseguiu trazer ao País poucas pessoas teriam sido capazes de as trazer e acho que continua a ser muito importante mantê-la.

ARF - Por causa da crise?

- As pessoas precisam de segurança, precisam de saber com quem estão a lidar. Estou disponível para fazer campanha e para defender a manutenção do Governo. É um período demasiado difícil, demasiado complicado para estarmos a fragilizar as linhas de rumo.

LC - Acha que o PS vai conseguir manter a maioria absoluta, que todos no PS dizem que é essencial?

- Eu acho que sim. Porque nós vimos que estas reformas só foram possíveis porque houve uma maioria absoluta. É evidente que eu acho que há matizes que têm de ser introduzidos. Às vezes na gestão dos processos, no ouvir as pessoas, no tomar em conta as opiniões diferentes. Isso pode ser corrigido e melhorado, mas não tenho dúvidas de que o PS deveria ter outra maioria absoluta.

LC - Embora as sondagens digam o contrário.

- Eu já vi sondagens de todo o tipo. O Obama também não valia a pena sequer concorrer. As sondagens são uma coisa e o que o povo pensa é outra. Acho que é preciso ter muito respeito pelo bom senso do povo português.

LC - E se não conseguir? O que é que o PS deve fazer?

- Veremos. Nós não devemos discutir muito os cenários de derrota.

LC - Não é uma derrota. Pode ganhar as eleições e não ter a maioria absoluta.

- Derrota nos objectivos. O objectivo deve ser maioria absoluta, deve lutar-se por isso e a seguir ver-se-á.

ARF - Mas se não tiver não haverá alianças, à esquerda ou à direita?

- Depende do resultado. A crise é tão forte, há tanta dificuldade em perceber como o eleitorado reage a isto e eu estou convicta que o eleitorado reagirá dizendo que não quer insegurança, dúvida. Até porque, convenhamos, o maior partido da oposição não está em grande forma.

ARF - Ainda não é uma alternativa?

- Não é uma alternativa de Governo.

LC - O PS pode perder a maioria absoluta pela esquerda.

- É evidente que os partidos de esquerda estão a cavalgar fortemente a onda de descontentamento que existe. Mas curiosamente mesmo quando há grandes manifestações a seguir fazem-se sondagens e a generalidade do povo português está ao lado do Governo.

ARF - Não acha isso estranho?

- Não. Acho que as pessoas estão descontentes porque a situação que estamos a viver é gravíssima. As pessoas estão muitas delas desesperadas. Pessoas que eram da classe média estão neste momento numa situação de pobreza. Mas isto sente-se em todos os países da Europa. Mesmo na Alemanha há previsões que põem a economia a decrescer 5 por cento. E em Portugal também. Mas as pessoas, por isso mesmo, querem segurança e rumos definidos. Mas não desvalorizo as manifestações, acho que as pessoas estão a ser sinceras.

ARF - Não concorda, então, com o primeiro-ministro quando diz que essas pessoas são manipuladas pelo BE e pelo PCP?

- Não. O que eu acho que há é um cavalgar da onda pela esquerda. E eu acho que o que o Governo está a fazer nesta crise é o que se deve fazer. E como se viu no último debate parlamentar não há propriamente alternativas. Agora, a situação é dramática e muitas vezes os partidos de esquerda cavalgam de algum modo esse descontentamento, independentemente de terem soluções alternativas melhores.

ARF - Vai ser candidata ao Parlamento Europeu?

- Vou.

LC - Ficou surpreendida com a escolha de Vital Moreira para cabeça-de-lista?

- Eu não sabia que era ele e fiquei muito contente. Acho que é uma pessoa séria, muitíssimo competente, muito credível, muito isenta.

ARF - E é candidata também à Câmara do Porto. Isso não confunde o eleitorado?

- Acho que não. Acho estranho perguntarem-se isso tão insistentemente. É norma em Portugal.

LC - A ideia que dá é que não acredita na vitória.

- Porque é que diz isso? E quanto aos outros? Porque é que não disseram isso? A única questão que complica é haver uma certa coincidência eleitoral. Mas acho que não. Dois mandatos no Parlamento Europeu é normal quando as coisas correm bem. O normal é continuar a fazer o que estou a fazer. Não me estão a dar nenhum prémio. E virei e largarei tudo se os portuenses me elegerem.

LC - Mas isso é natural. Mas quando se candidata às duas eleições a ideia que dá é que não acredita numa vitória no Porto?

- O que eu quero é continuar a fazer o que estou a fazer. E prefiro que digam isso do que dizerem que me correu mal o Parlamento Europeu, não tem nada que fazer e agora vem para a Câmara do Porto. Não, não me correu mal, correu-me bem, estou a fazer um trabalho interessante e reconhecido.

LC - E quer continuar esse trabalho?

- Não, quero vir para o Porto. Mas não posso vir para o Porto só por eu querer. Quero que os portuenses percebam que eu quero deixar uma coisa interessante, que me correu bem, porque prefiro o Porto, prefiro a minha cidade.

ARF - Se perder as eleições fica na Câmara, não se vai embora?

- Se eu perder? Mais uma vez é discutir o cenário alternativo. Eu fui convidada pelo PS para ser candidata a presidente da Câmara. Eu sou independente. À partida foi para isso que me convidaram. E é esse o cenário que eu quero discutir. Apresentar-me como candidata a presidente. E quero ser eleita como presidente. E quero deixar tudo o que estou a fazer para ser presidente da Câmara. Esse é o meu contrato com a cidade. Não tenho cenários alternativos.

LC - Então porque é que se candidata? Porque é que aceitou estar na lista ao Parlamento Europeu?

- Eu não discuti nada. Aliás, isso não é motivo de negociação. O PS quando me convidou disse-me que queria que eu continuasse no Parlamento Europeu porque estava a fazer um bom trabalho.

LC - Mas o PS não lhe pode pedir as duas coisas. Continuar no Parlamento Europeu e ser presidente da Câmara do Porto.

- Então não pode? Qual é a dúvida?

LC - Porque se ganhar a Câmara do Porto não pode continuar no Parlamento Europeu.

- Pois não. E se não ganhar continua a fazer o que estou a fazer. Eu não preciso de estar desempregada para me candidatar à Câmara do Porto. Ninguém me deu prémio nenhum, nem um bom-bom para eu ser candidata. E defendo melhor a cidade estando no Parlamento Europeu do que se estivesse na Faculdade de Economia do Porto.

ARF - E as suas relações com o PS do Porto são boas ou más? O PS do Porto não é fácil. E já saíram notícias de uma reunião consigo em que as coisas não correram muito bem.

- Eu tenho um convite que me foi feito a todos os níveis. Ao nível da concelhia do Porto, da distrital e ao nível do secretário-geral. Foi um convite feito por todas as estruturas. E eu tive o cuidado de só aceitar ser candidata no momento em que a concelhia votou o meu nome por voto secreto. Cinquenta e tal votos a favor e um contra, penso eu. Com condições que não têm nada a ver com Parlamentos Europeus. Foram a de me darem a confiança de eu preparar um programa para a cidade e reunir uma equipa de gente competente e que merecesse naturalmente a minha confiança. E de ter o partido unido. E isso não significa que não haja sempre quem ache diferente, pense diferente. Uma coisa não pode haver. É dúvidas sobre o mandato e sobre o convite e os termos desse convite. Eu já cá anda há muito tempo e não vivo na ingenuidade total. Sei que ao mudar alguma coisa, ao propor-me a ser candidata eu estou a mexer em muitos hábitos constituídos, em muitas tradições, em muitas rotinas. E isso mexe, é natural que haja ruídos. Agora, para mim, o partido é um partido de gente de bem, credível, é o maior partido nacional, fez-me formalmente e ao nível de todas estas estruturas um convite nestes termos, eu dou por bom e continuarei a trabalhar. Se o partido pensar de outra forma dir-me-á. Mas não vejo nenhum sinal nesse sentido.

ARF - Disse que uma das suas condições é ter um executivo da sua confiança. Acha que vai ser fácil ou difícil chegar a um acordo com o PS do Porto? Quando começa a dança dos nomes as coisas tornam-se complicadas, não é?

- Claro, sobretudo quando apresentei a candidatura. Havia muita gente que dizia que era impossível e de facto a apresentação acabou por reunir muita gente. Foi uma surpresa enorme. Houve a sensação de que era para ganhar. E algumas dessas tensões também começaram a cristalizar a partir desse momento e a algum desconforto em algumas pessoas.

LC - Dentro do PS?

- Sim. Mas penso que aliança que eu pretendo fazer é a quer o PS me mandatou para fazer. É claramente uma aliança com a cidade, com uma cidade que está triste.

ARF - Mas está assim tão mal. Estes oito anos de gestão de Rui Rio foram assim tão maus para o Porto?

- Eu não digo que seja a gestão de A ou de B. A conjuntura internacional é difícil, a região do Norte é muito exposta à concorrência internacional. O enquadramento é difícil. Mas de facto no Porto não se fez tudo o que era possível, fez-se muito pouco. Porque num momento destes é preciso haver uma visão, uma capacidade de criar redes com as pessoas da cidade, com as instituições da cidade.

ARF - Isso foi esquecido? Rui Rio não teve que pôr a casa em ordem, nomeadamente do ponto de vista financeiro?

- Depende da maneira como se faz e não penso que essa descrição seja a correcta. Às vezes as pessoas dizem que fazem e não fazem. E as cidades precisam cada vez amais de se apoiar na cultura para serem dinâmicas e se afirmarem. Esta não é a leitura que seja partilhada pelo executivo actual.

LC - Pensa fazer alianças?

- As forças de esquerda já disseram que não faziam alianças com o PS, quando eu penso que era importante fazerem-nas.

LC - Da sua parte havia abertura para essas alianças?

- Havia. Explicitei isso de forma clara.

ARF - Um dos aspectos polémicos da gestão de Rui Rio foi o corte com o FC Porto e Jorge Nuno Pinto da Costa. A senhora, pelo contrário, já afirmou que a equipa voltará à Câmara se ganhar algum título. Tem boas relações com Jorge Nuno Pinto da Costa?

- Tenho relações de sócia do FC Porto e de membro do Conselho Superior. Sou sócia há muitos anos, mesmo antes de ser conhecida na política. A minha relação não é com o senhor A ou o senhor B. Acho que um clube desportivo que ganha a Liga dos Campeões, promove o nome da cidade internacionalmente merece ser reconhecido pela Câmara. Eu não me interessa criticar o senhor A ou o senhor B, eu acho que é um absurdo em termos de gestão quando é tão importante protagonizar a imagem de uma cidade, distingui-la, apresentar um cartão, e nós temos marcas que já estão afirmadas, como o FC Porto e o vinho do Porto, e andamos a desvalorizá-las porquê? Para não ser cúmplice nem ser promíscua não tenho de agredir ninguém nem de exibir uma agressividade.

ARF - Mas Rui Rio chamou a atenção para a grande promiscuidade entre o FC Porto e a Câmara.

- Mas sabe, eu sou mulher. Não preciso de me sujeitar a enfrentar um touro para mostrar que sou corajosa nem combater em duelo com ninguém por causa disso. Eu vivo bem comigo. É por ser mulher, às tantas não é por mais nada. Mas as mulheres têm esta coisa. Acho que nenhuma mulher se deixaria morrer em duelo para mostrar que não tem medo. Eu não preciso de mostrar que não tenho medo, que sou isenta. Acho que sou, as pessoas conhecem-me por ser isenta, por ser uma pessoa séria e acho que consigo viver perfeitamente sem me deixar de envolver em qualquer tipo de promiscuidade, seja com empresários, seja com gentes do futebol.

LC - Mas a promiscuidade com o FC Porto existiu ou não?

- Eu não faço ideia. Nem me interessa. Isso já foi julgado pelos cidadãos. Eu não sou promíscua.

LC - Acha que foi julgado pelos cidadãos?

- Foi, com os votos. Não faço a mínima ideia. Eu quero é pensar no futuro. Não vou agora revisitar o passado. O que eu acho é que para ser isenta, para não ser promíscua não vou hostilizar, assim como não hostilizo o vinho do Porto, o FC Porto. Vou é valorizar Serralves, a Casa da Música, o vinho do Porto, tudo o que eu puder que promova a minha cidade.

LC - Quando diz que foi julgado pelos cidadãos quer dizer que o PS pagou o preço?

- Não faço a mínima ideia. Quero lá discutir o passado. Eu quero é discutir o futuro e discutir a minha proposta para a cidade. Olhe, e tenho muita pena que o Boavista esteja numa situação tremenda e valorizo a Rosa Mota e quem me dera ter a Aurora Cunha, todas elas. Valorizo a excelência, acho que a excelência me ajuda a promover a cidade, traz oportunidades de negócio, traz orgulho.

LC - Mas não lhe é indiferente a forma como o PS exerceu o poder na Câmara do Porto.

- O quê? Há oito anos atrás?

ARF - Rui Rio afirmou recentemente que este Governo exerce um centralismo irracional que tem prejudicado o Porto e o Norte. Tem esta visão?

- Esse é um discurso que cola sempre. Tem sempre aderentes. Até porque quando devíamos revisitar o que é que fizemos mal a culpa é dos outros. Já tive muitos combates e continuo a ter com Lisboa. Porque acho que o País é centralista mas é centralista há muitos anos. É uma tradição. Agora é desagradável que para resolver um problema como o Bolhão tenha que vir o ministro da Cultura fazer a obra. Porque localmente fomos incapazes de o gerir. É uma mancha.

ARF - E o aeroporto Sá Carneiro? Deve ser gerido pelas forças do Norte?

- É um projecto que merece de facto uma conversa, não merece ser tratado nesta luta Porto/Lisboa, merece ser ponderado de uma forma muito séria por uma razão muito simples. O aeroporto do Porto tem para o Porto um valor estratégico enorme. É considerado o melhor da Europa em termos de gestão e qualidade, é um aeroporto bom. Mas está subaproveitado. Mas que permite atrair as empresas low cost, o tráfego da Galiza. E se pensarmos num círculo de 90 quilómetros à volta do Porto, o aeroporto abrange muito mais população do que o de Lisboa.

ARF - É uma força económica.

- É. Enorme. E há um grande risco que se sente em toda a discussão que houve em torno do aeroporto de Lisboa. É que o aeroporto de Lisboa, tendo de ser rentabilizado, e havendo uma gestão conjunta dos aeroportos nacionais, é muito provável que o que permite congregar mais meios financeiros seja concentrar ao máximo no novo aeroporto o tráfego e desvalorizar o papel do aeroporto do Porto. Pela minha parte o aeroporto do Porto tem de ter uma margem séria de autonomia de gestão. Não lhe posso dizer é qual o modelo de gestão adequado para esse efeito.

ARF - Também acha que há muitos kalimeros na cidade do Porto? Choram muito mas depois não se assumem e têm pouca força a nível nacional?

- O que se verificou ao longo dos tempos foi a perda de lideranças naturais na cidade do Porto. Falta liderança. Há muitas vozes que falam, simplesmente não há o reconhecimento de uma estratégia de liderança. E essa estratégia já existiu em outras épocas. Com Fernando Gomes isso existiu, quando falava ouvia-se. Nestes processos o que é importante não é tratar-se as coisas como o queixoso permanente ou o agressivo permanente. Importa é sabermos o que queremos. Projecto a projecto, não em termos gerais. E isso dá trabalho.

PERFIL

Elisa maria da Costa Guimarães ferreira nasceu no Porto no dia 17 de Outubro de 1955. Licenciada em Economia pela Faculdade de Economia do Porto, foi ministra do Ambiente de 1995 a 1999 e ministra do Planeamento de 1999 a 2002 nos governos de António Guterres. É deputada europeia e candidata do PS à Câmara Municipal do Porto.

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