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Aluna de 91 anos está pela primera vez na escola

delfimsilva

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Bola, mota, pipoca são algumas das palavras que, aos 91 anos, Idalina Bandeira ouve a professora soletrar e começa a escrever no caderno que a acompanha às sextas-feiras, ao final da tarde, na associação Agir, em Almada

"A associação surgiu no sentido de satisfazer as necessidades da comunidade desalojada do bairro de Santo António (Costa da Caparica) e realojada (200 agregados familiares) na Quinta do Chegadinho - Almada", explicou à Lusa a psicóloga da "Agir", Andreia Teixeira.

A "Agir" é bastante "heterogénea", tem confluência de idades, etnias e interesses e é a partir dos momentos de "encontro" que quem dirige "ouve", "avalia" e "satisfaz" as necessidades criando vários workshops, programas diversificados e tudo em "prol do bem-estar da comunidade", garante a psicóloga.

Há 35 anos a viver em Portugal, Idalina é angolana, mora na Quinta do Chegadinho, e contou à Lusa que se "diverte muito" nas aulas da professora Adelaide Leite com as "dificuldades" que ela e as suas quatro colegas se deparam quando estão na "escolinha". "Dá para rirem umas das outras", disse.

"Em criança (em Angola), o meu pai ensinou-me algumas coisas porque havia poucas escolas e ficavam muito longe do local onde eu morava. Passados todos estes anos, esqueci-me de tudo", relata.

Por seu lado, Maria Tavares, 47 anos, é a aluna mais nova da turma e a vontade de aprender e de "querer ajudar o filho de nove anos" foram os motivos que levaram esta cabo-verdiana a frequentar as aulas de alfabetização. "Gosto muito de estar aqui e ainda não tenho os documentos portugueses porque não tenho a prova da quarta classe, pode ser que com este esforço consiga", diz.

Apolónia Basto, 72 anos, Manuela Costa, 68 anos e Palmira Barbosa, de 48, são também alunas de Adelaide Leite que diz sentir-se "completamente preenchida por poder contribuir para a felicidade" das suas alunas.

Adelaide Leite é técnica superior de Serviço Social e teve a ideia de avançar com o projecto de alfabetização após um pedido das "alunas seniores" e ao qual a "Agir" não hesitou em aceitar.

"Gosto de trabalhar com os jovens, mas com pessoas idosas é qualquer coisa de fantástico", refere.

As cinco alunas seniores são muito "assíduas", e só faltam por motivos de doença, são "empenhadas", muito embora a idade às vezes a atraiçoe a memória e sejam necessárias "muitas revisões" da matéria dada, avalia Adelaide Leite.

"É uma grande satisfação estar aqui com elas e poder ver o quão motivadas estão para aprender, e pelo menos que aprendam a escrever o nome", afirmou.

Mas o maior desejo e a maior alegria para esta professora é que "elas (alunas) consigam obter o diploma da quarta classe".

De acordo com a psicóloga da associação Agir - projecto financiado pelo Programa Escolhas - é de destacar a "missão" de promover a "inclusão social de crianças e jovens dos seis aos 18 anos", residentes na Quinta do Chegadinho


lusa
 
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