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Relatório Anual de Segurança Interna «prova» aumento da criminalidade
O crime aproveitou em seu favor as mudanças na organização territorial das forças de segurança feito no ano passado, facto reconhecido pelo governo, pelos números da segurança interna e pelos sindicatos da PSP e da GNR, escreve a Lusa.
Na apresentação do último Relatório Anual de Segurança Interna, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), Mário Mendes justificou o aumento de 7,5 por cento do crime em 2008 em parte com as alterações no dispositivo territorial da GNR e da PSP.
De acordo com o secretário-geral do SSI, a «necessidade de adaptação» do dispositivo foi «aproveitada pela prática de um maior número de crimes».
Efeitos inevitáveis
O relatório refere ainda que «não obstante ser uma reforma essencial de há muito reclamada, e talvez mesmo por ter sido adiada por demasiado tempo», provocou «efeitos de ajustamento muito circunscritos, mas inevitáveis».
Em declarações à Agência Lusa, o dirigente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, explicou a questão do ponto de vista operacional: em sítios onde «o conhecimento do local pela PSP era pouco, isso facilitou a vida a quem pratica actos ilícitos».
«Aproveitaram essa falta de conhecimento para conseguir fugir melhor, acrescendo o facto de não estarem identificados e logo, estarem menos expostos», disse.
Pessoas conheciam guardas
Do lado da GNR, o presidente da sua Associação Socio-Profissional, José Manageiro, referiu que com as mudanças, «o policiamento de proximidade ficou prejudicado», uma vez que antes do processo, «as pessoas já conheciam os guardas e estes já tinham o contacto com a população, que perderam com a transição».
O relatório de segurança interna reconhece alguma pressa no processo de transferência de responsabilidades policiais entre as duas forças, referindo que a adaptação das forças de segurança «não poderia ser efectuada num muito curto período» e admite que «pelo menos parcialmente, tenha contribuído para o aumento das ocorrências registadas no segundo e terceiro trimestres» do ano.
«Coisas não acontecem por portaria»
O presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), general Garcia Leadro, disse à Agência Lusa que «nas instituições e nas pessoas, há mecanismos que demoram a adaptar, é preciso um certo tempo, as coisas não acontecem por portaria».
No caso da reorganização, escusou-se a traçar uma relação directa com o aumento do crime: «talvez o crime violento tivesse o seu próprio caminho, mas é certo que a PSP não teria a estabilidade necessária» para lidar com o seu aumento.
Garcia Leandro apontou que a reorganização foi implementada «com uma rapidez muito grande, o que pode ter tido consequências para a PSP e para GNR».
Além disso, no caso da PSP, ficou com muitas áreas que estavam antes sob a GNR sem ter tido o aumento de efectivos correspondente, apontou.
Balanço negativo
Fátima, São Martinho do Porto e São Pedro de Moel foram as primeiras freguesias a «mudar de farda», da PSP para a GNR.
Os sindicatos da PSP e GNR fazem um balanço negativo da reorganização territorial das duas forças, afirmando que, mais de um ano depois, o policiamento e a segurança dos cidadãos continuam a sofrer com a falta de planeamento.
«Não vejo grandes coisas positivas, além de a reorganização ter definido fronteiras mais lógicas do que no passado» para os domínios de cada uma das forças, disse à Agência Lusa Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.
Também para José Manageiro, da Associação Socio-Profissional da Guarda, a leitura da reorganização «é negativa», porque «foi um esforço que não alterou nada de substancial, dado que Portugal continua a precisar de ter mais empenhamento operacional das polícias».
iol
O crime aproveitou em seu favor as mudanças na organização territorial das forças de segurança feito no ano passado, facto reconhecido pelo governo, pelos números da segurança interna e pelos sindicatos da PSP e da GNR, escreve a Lusa.
Na apresentação do último Relatório Anual de Segurança Interna, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), Mário Mendes justificou o aumento de 7,5 por cento do crime em 2008 em parte com as alterações no dispositivo territorial da GNR e da PSP.
De acordo com o secretário-geral do SSI, a «necessidade de adaptação» do dispositivo foi «aproveitada pela prática de um maior número de crimes».
Efeitos inevitáveis
O relatório refere ainda que «não obstante ser uma reforma essencial de há muito reclamada, e talvez mesmo por ter sido adiada por demasiado tempo», provocou «efeitos de ajustamento muito circunscritos, mas inevitáveis».
Em declarações à Agência Lusa, o dirigente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, explicou a questão do ponto de vista operacional: em sítios onde «o conhecimento do local pela PSP era pouco, isso facilitou a vida a quem pratica actos ilícitos».
«Aproveitaram essa falta de conhecimento para conseguir fugir melhor, acrescendo o facto de não estarem identificados e logo, estarem menos expostos», disse.
Pessoas conheciam guardas
Do lado da GNR, o presidente da sua Associação Socio-Profissional, José Manageiro, referiu que com as mudanças, «o policiamento de proximidade ficou prejudicado», uma vez que antes do processo, «as pessoas já conheciam os guardas e estes já tinham o contacto com a população, que perderam com a transição».
O relatório de segurança interna reconhece alguma pressa no processo de transferência de responsabilidades policiais entre as duas forças, referindo que a adaptação das forças de segurança «não poderia ser efectuada num muito curto período» e admite que «pelo menos parcialmente, tenha contribuído para o aumento das ocorrências registadas no segundo e terceiro trimestres» do ano.
«Coisas não acontecem por portaria»
O presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), general Garcia Leadro, disse à Agência Lusa que «nas instituições e nas pessoas, há mecanismos que demoram a adaptar, é preciso um certo tempo, as coisas não acontecem por portaria».
No caso da reorganização, escusou-se a traçar uma relação directa com o aumento do crime: «talvez o crime violento tivesse o seu próprio caminho, mas é certo que a PSP não teria a estabilidade necessária» para lidar com o seu aumento.
Garcia Leandro apontou que a reorganização foi implementada «com uma rapidez muito grande, o que pode ter tido consequências para a PSP e para GNR».
Além disso, no caso da PSP, ficou com muitas áreas que estavam antes sob a GNR sem ter tido o aumento de efectivos correspondente, apontou.
Balanço negativo
Fátima, São Martinho do Porto e São Pedro de Moel foram as primeiras freguesias a «mudar de farda», da PSP para a GNR.
Os sindicatos da PSP e GNR fazem um balanço negativo da reorganização territorial das duas forças, afirmando que, mais de um ano depois, o policiamento e a segurança dos cidadãos continuam a sofrer com a falta de planeamento.
«Não vejo grandes coisas positivas, além de a reorganização ter definido fronteiras mais lógicas do que no passado» para os domínios de cada uma das forças, disse à Agência Lusa Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.
Também para José Manageiro, da Associação Socio-Profissional da Guarda, a leitura da reorganização «é negativa», porque «foi um esforço que não alterou nada de substancial, dado que Portugal continua a precisar de ter mais empenhamento operacional das polícias».
iol