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Casa em Vila do Conde onde viveu Antero de Quental abre em Junho

joseseg

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Mai 26, 2007
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A casa onde Antero de Quental viveu em Vila do Conde, durante dez anos, foi reconstruída e recuperada e vai abrir ao público a partir do próximo mês de Junho, garantiu o autor do projecto de arquitectura.

A intervenção do imóvel, situado no coração da cidade e junto ao largo que tem o nome do escritor, está a ser feita pela Câmara Municipal, num investimento que ronda os 500 mil euros.

Segundo Maia Gomes, o interesse pela recuperação deste espaço surge reforçado pelo facto de Vila do Conde ser uma cidade "intimamente ligada à literatura, às artes e à pintura", através de pessoas que "por cá passaram, viveram ou nasceram e viram este local como fonte de inspiração". Nomes como José Régio, Ruy Belo e, mais recentemente, Valter Hugo Mae provam, segundo Maia Gomes, que "Vila do Conde é uma terra de tradição literária".

E foi com o intuito de "seguir esta política, que visa realçar as coisas importantes e potenciar os criativos locais" (onde se inclui Antero de Quental), que a edilidade decidiu adquirir e requalificar o imóvel", explicou o arquitecto.

Recorde-se que o autor de "Odes Modernas" fez a seguinte descrição da cidade: "aqui as praias são amplas e belas, e por elas me passeio ou me estendo ao sol com a voluptuosidade que só conhecem os poetas e os lagartos adoradores da luz". Um escrito que denota que o tempo que passou em Vila do Conde (de 1881 a 1891) terá sido, talvez, o menos atormentado da sua vida.

A requalificação foi complicada, porque o imóvel teve que ser demolido e reconstruído. É que, há muitos anos, havia sido alvo de "uma intervenção que o descaracterizou e, quando a Câmara o adquiriu, quis aproximá-lo, o mais possível, ao que era à época de Antero", disse o arquitecto.

A obra está agora em fase final de construção, faltando apenas a instalação do espólio e mobiliário.

Maia Gomes considera que o espaço não é grande e até o define como tendo uma "dimensão 'quase doméstica', mas, e dentro desta disponibilidade física, vão ser criados espaços de exposição, um pequeno auditório e uma biblioteca a instalar na antiga torre", um dos locais mais atractivos da casa. O acesso a essa torre, é feita através de uma escada, em espiral, que termina numa janela com vista para o núcleo antigo da cidade, uma ideia inspirada no escultor russo, Vladimir Tatlin, confidenciou Maia Gomes. A espiral tem a forma de estante e poderá representar, por exemplo, "a subida para o conhecimento", uma vez que ali ficarão aquartelados mais de 5000 livros", elucidou.

"Existe a expectativa que tudo o que diga respeito a Antero, e que está um pouco disperso", se possa reunir neste local", à semelhança do que está a acontecer em Ponta Delgada, a terra natal de Antero.

Mas dentro da casa, há um outro espaço que merece também ser realçado: o jardim. Aliás, Antero de Quental conta numa das cartas escritas a um amigo, que pretende libertar aquela zona da função de horta e transformá-la, colocando ali "duas laranjeiras, um pessegueiro, plumas, um morangueiros e uma ramada. O jardim está a ser ordenado tal e qual esta descrição.

As portas da casa mantêm-se para já fechadas, mas, dentro de cerca de três meses, já poderá ser visitada e sentida como um dos locais de eleição de Antero de Quental, que por aconselhamento médico viu Vila do Conde cruzar-se na sua vida.

Partiu em Maio de 1891 para os Açores e, cinco meses depois, suicidou-se com dois tiros.

Lusa
 
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