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Benavente: Centenas de pessoas na evocação dos 100 anos do sismo de Benavente

C.S.I.

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Set 25, 2006
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As sirenes dos bombeiros assinalaram hoje, em Benavente e Samora Correia, a hora em que a terra tremeu (17:05) há precisamente 100 anos, originando a maior catástrofe do século XX em Portugal continental.

“Vinte segundos chegaram para destruir o que homens e mulheres construíram ao longo de séculos”, lembrou o presidente da Câmara Municipal de Benavente, na sessão solene que assinalou o momento e que decorreu no cine-teatro, mesmo ao lado do local onde se situava a igreja matriz e onde hoje se encontra uma placa que mostra os destroços do templo.

Com forte participação da população, com destaque para as muitas crianças presentes, a cerimónia evocativa do “terramoto de Benavente” foi marcada pelas referências ao trabalho desenvolvido pela autarquia no sentido da prevenção e treino das populações para a eventualidade de ocorrer um fenómeno que “não se pode prever nem evitar que ocorra”.

Tanto o secretário de Estado da Administração Local, Eduardo Cabrita, como os representantes da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica, Carlos Sousa Oliveira, e da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Joaquim Chambel, destacaram o exemplo do Município no trabalho de “cultura cívica” desenvolvido junto das populações e essencialmente das escolas.

Carlos Sousa Oliveira salientou o “esforço para passar a mensagem de que, estando numa zona sísmica, os sismos vão ocorrer e que é preciso saber reagir e trabalhar para evitar tragédias”, nomeadamente identificando os edifícios que estão mais vulneráveis, de forma a evitar tragédias como a que aconteceu recentemente em Itália.

Também Joaquim Chambel referiu a necessidade de se compreender como é que edifícios recentes, feitos à luz de regulamentos exigentes, caíram em Itália, pedindo aos cidadãos que exijam das autoridades um “bom ordenamento do território e rigor na forma como se planeia e constrói”.

Frisou ainda a importância da preparação das populações, lembrando que, no terramoto de 23 de Abril de 1909, “mais de 95 dos sobreviventes não foram salvos por forças de socorro mas sim por vizinhos, familiares e amigos”.

“Este é provavelmente o Concelho do País onde a população está melhor preparada”, disse, realçando o trabalho “ímpar” de protecção civil desenvolvido em Benavente.

“Isto, contudo, não nos deixa tranquilos”, disse, referindo a preparação, teste e validação do plano de emergência que está em curso e que, depois do sismo de Aquila, teve de colocar em cima da mesa questões que não estavam a ser tidas em conta.

No âmbito do plano especial de emergência para risco sísmico na Área Metropolitana de Lisboa, já alvo de dois exercícios em 2008, Benavente prepara-se para receber, a 05 de Maio, mais um exercício, desta vez envolvendo uma componente de resposta internacional.

Também quarta-feira, na Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, realiza-se o II Seminário Internacional sobre Previsão Sísmica, com a participação de cientistas de todo o Mundo, e onde, segundo Carlos Oliveira, inevitavelmente estará em discussão a polémica lançada pelo cientista italiano que, através da medição de um gás, alertou para a iminência da ocorrência de um sismo.

A cerimónia terminou com a apresentação do livro do arquitecto benaventense Rui Santos Vieira “Do Terramoto de 23 de Abril de 1909 à reconstrução da vila de Benavente – um processo de reformulação e expansão urbana” e com a inauguração das exposições de trabalhos escolares “… e se a terra tremer, o que vou fazer?”, e de outra ilustrativa do momento da catástrofe (com descrições, registos fotográficos e objectos).

O terramoto de Benavente teve uma magnitude estimada entre 6 e 7,6 graus na escala de Richter, tendo provocado 30 mortos e 38 feridos e a quase total destruição dos aglomerados de Benavente, Samora Correia e Santo Estêvão.

Carlos Oliveira realçou o facto de os primeiros sismógrafos terem aparecido no virar do século e de o terramoto de 1909 ter proporcionado muita informação, permitindo que se começasse a olhar para os sismos “de uma maneira diferente”.


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