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Caça Menor(Mamíferos)

jcodigo

GF Ouro
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Amigos, vou criar este tópico para postar a Fauna Cinegética, neste caso será o post de Caça Menor (Mamíferos).
E neste mesmo tópico, mais abaixo, um post para cada espécie, neste caso, volto a repetir de Caça Menor (Mamíferos).
Agradecia tudo o que fosse relacionado com Espécies Cinegéticas postassem no devido lugar.
Isto tudo para uma melhor organização e uma fácil pesquisa neste Quadro de Caça e Pesca.
:espi28:
 

jcodigo

GF Ouro
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Coelho-Bravo (Oryctolagus cuniculus)

coelho1.jpg


O Coelho-Bravo é uma das espécies cinegéticas portuguesas de maior importância e constitui, juntamente com a perdiz, a caça por excelência para o caçador português; um dos motivos para esta situação reside sem dúvida na facilidade com que se reproduz e nos números elevados que as suas populações atingem.
Pode dizer-se que no nosso país o coelho se encontra distribuído por quase todo o território.
É um pequeno herbívoro (cerca de 40 cm de comprimento) de cor acinzentada com laivos amarelos acastanhados na nuca e nas patas, e face anterior esbranquiçada; as orelhas são relativamente curtas (menores que o comprimento da cabeça). Corre em apertados ziguezagues.

Habitat e Alimentação
Vive em zonas onde o mato é abundante, preferindo os terrenos secos e arenosos mais fáceis para a construção de covas. A alimentação é constituída essencialmente por plantas herbáceas, raízes, caules, grãos e mesmo cascas suculentas de algumas árvores.

coelho2.jpg



Comportamento e Reprodução
São animais de hábitos nocturnos e crepusculares, embora sejam vistos muitas vezes durante o dia. Vivem em colónias, em galerias extensas e muito ramificadas.
A fêmea, quando prenhe, escava uma toca especial, uma galeria simples e profunda situada a uma certa distância da colónia, com uma única abertura e forrada com pêlos que arranca do seu próprio abdómen – toca de reprodução. Depois do nascimento dos filhos, a fêmea sempre que se ausenta da toca tapa a abertura com terra para os machos não entrarem. Três semanas após o nascimento, muda os filhos para a toca normal – toca de habitação.
Pode considerar-se que o coelho se reproduz durante quase todo o ano, embora exista uma época bem marcada em que a reprodução é mais intensa – Março a Maio.
O período de gestação é de 28 a 30 dias e, em média, cada fêmea tem 3 a 5 ninhadas por ano, produzindo em geral por ninhada 2 a 7 láparos, cegos, surdos e sem pêlo, pesando cerca de 60 g (valor que duplica ao fim de dois dias). O aparelho auditivo está completamente desenvolvido aos 8 dias e abrem os olhos aos 10 dias.
Com 6 meses de vida os coelhos são adultos estando aptos a reproduzirem-se. É uma espécie que tem grande longevidade, podendo viver até aos 10 anos.


coelho3.jpg



Ordenamento da Espécie
As seguintes medidas podem contribuir para o ordenamento do coelho-bravo e a compatibilização das suas populações com as actividades agrícolas existentes.
- Ao nível das necessidades vitais, dinâmica populacional e compatibilização com as práticas agrícolas:
Construa tocas ou “murouços” em terrenos onde seja difícil escavar;
Mantenha uma paisagem em “mosaico” (zonas florestais e de mato intercaladas com áreas agricultadas);
Evite que os cães e os gatos vagueiem pelos campos;
Realize povoamentos de forma criteriosa, só em caso de necessidade e com exemplares provenientes de zonas próximas do local a repovoar;
Utilize dispositivos de protecção individual nas plantas para evitar possíveis prejuízos em plantações recentes de espécies florestais ou frutícolas;
Realize culturas “tampão” ou “actrativas” em zonas junto das colónias para desviar o seu impacto nas culturas existentes.
- Ao nível das doenças epidémicas:
Queime os coelhos vítimas de doenças:
Nos repovoamentos proceda aos seu controlo sanitário e vacinação;
Não limpe no campo os coelhos caçados, nem dê as vísceras aos cães.
Esta espécie representa uma pedra fundamental no equilíbrio ecológico do habitat mediterrânico, pois o seu desaparecimento prejudicaria a sobrevivência de alguns predadores que têm nela a base da sua dieta alimentar.
Actualmente esta espécie é bastante menos abundante do que já foi, sem dúvida devido à mixomatose. A mixomatose, que não é transmissível ao Homem, foi introduzida na Europa, por volta de 1950, por um francês que inoculou voluntariamente este vírus em coelhos que danificavam as culturas agrícolas da sua propriedade. Há estirpes de vírus desta doença que matam só uma pequena percentagem dos animais atingidos enquanto que outras estripes chegam a matar 99% dos indivíduos atacados.

coelho4.jpg



In: Carta de Caçador, Manual para Exame
 

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Lebre (Lepus granatensis)

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A lebre pertence à mesma família do coelho, o que se reflecte aliás em algumas semelhanças morfológicas, embora se distinga facilmente pelo maior tamanho (50 a 60 cm), pela cor amarela acastanhada (mais acentuada nas partes superiores), as orelhas grandes, maiores que o comprimento da cabeça e negra na extremidade; outra das características mais notáveis é o grande comprimento dos seus membros posteriores, o que lhe permite adquirir grande velocidade (chega a atingir 60 km/hora); nada bem e trepa sem dificuldades,
Em Portugal ocorre em quase todo o território, sendo geralmente mais abundante na Beira Interior e a sul do Tejo.

Habitat e Alimentação
A lebre prefere os pousios e as terras cultivadas, sobretudo planas, húmidas e pouco cobertas.
É uma espécie herbívora, sendo a base da sua alimentação semelhante à do coelho.

Comportamento e Reprodução
A lebre, contrariamente ao coelho, é um animal solitário e não vive em tocas mas acama, quer em bosques protegidos, quer em terrenos abertos, com vegetação adequada.
Normalmente tem 1 a 3 ninhadas por ano; o período de gestação é de 42 a 44 dias e a ninhada é constituída por 1 ou 2 lebrachos (raramente 3), que nascem já de olhos abertos e com pêlo, sendo amamentados até ás 3 semanas.

lebre.jpg


Ordenamento da Espécie
Esta espécie parece ser extremamente vulnerável à intensificação da prática agrícola e, infelizmente, à prática da caça furtiva. Assim:
- Use de cuidados especiais nas ceifas das colheitas, sendo preferível ceifar de dentro para fora ou realizá-las por faixas. É aconselhável a colocação de dispositivos na frente de tractores ou de ceifeiras mecânicas que afugentem os animais escondidos nas searas.
- Não abuse de pesticidas e herbicidas, sendo aconselhável a utilização de produtos com baixa toxicidade para a fauna selvagem.
- É desaconselhável realizar a queima dos restolhos. Caso o faça, é preferível realizá-la por faixas e não em círculos a fim de possibilitar a fuga dos animais.
- Utilize dispositivos (reflectores fixos) que protejam as lebres de acidentes na rede viária, em especial nos caminhos de terra batida.
- Evite que os cães e os gatos vagueiem pelos campos. Estes são uma das principais causas da predação juvenil.
- É indispensável realizar censos das populações de lebres para correcta decisão da sua caça e sentido evolutivo das mesmas. Geralmente realiza-se um censo anual (Agosto/Setembro), sendo tecnicamente correcto, por norma, não caçar mais de 40% dos efectivos recenseados.
- Para evitar possíveis prejuízos em plantações recentes de espécies florestais ou frutícolas, utilize dispositivos de protecção individual nas plantas.

In: Carta de Caçador – Manual para Exame
 

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Raposa (Vulpes vulpes)

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Universalmente conhecida, heroína de fábulas e contos populares, a raposa é sem dúvida o mais “doméstico” dos mamíferos de médio porte da fauna bravia portuguesa.
Com um comprimento entre 50 e 80 cm e cauda comprida (cerca de 40 cm), pesa normalmente de 4 a 6 kg; os machos são mais pesados e por vezes podem distinguir-se das fêmeas por apresentarem uma cabeça mais forte e menos afilada. A pelagem, sobejamente conhecida de todos, é muito variável na cor e apresenta também variações sazonais: no Inverno o pêlo é mais espesso e denso do que no Verão.
Encontra-se praticamente por todo o país, com maior incidência nas áreas rurais, muito embora acompanhe o Homem nos arredores das cidades.

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Habitat e Alimentação
Da planície à montanha, dos maciços florestais às áreas agrícolas, tudo – ou quase tudo – convém a esta espécie; aliás, este ecletismo também se manifesta na sua alimentação, em que tudo se encontra, do vegetal ao animal, dos peixes aos mamíferos, sendo também as lixeiras uma fonte importante de alimentação.


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Comportamento e Reprodução
Animais crepusculares ou nocturnos, solitários, as raposas só se vêem em grupo quando os machos perseguem as fêmeas durante o cio que ocorre geralmente em Janeiro; à gestação de 50 a 60 dias, segue-se o nascimento de 3 a 6 crias.


In: Carta de Caçador, Manual para Exame
 

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Saca - Rabos (Herpestes ichneumon)

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Provavelmente introduzido na Península Ibérica pelos árabes, o Sacarrabos é um carnívoro diurno de médio porte, comum na metade sul do País. É conhecido pela sua capacidade de capturar cobras e pela sua forma peculiar de deslocação em grupo.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O Sacarrabos Herpestes ichneumon é um carnívoro de médio porte castanho-acinzentado que, juntamente com a Geneta, representam a família Viverridae no nosso país. Também conhecido por mangusto, manguço ou escalavardo, tem um corpo alongado e de aspecto fusiforme, o focinho é pontiagudo, as patas são curtas e a cauda vai-se afunilando até à sua extremidade onde se encontra um pincel de pelos mais escuros. Tem uma altura no garrote de aproximadamente 20 cm, pesa 2-3 Kg, e tem um comprimento total de cerca de 90 cm, podendo a cauda chegar aos 50 cm. Na cabeça distinguem-se umas orelhas pequenas e arredondadas e uns olhos côr de âmbar que têm a particularidade de exibir uma pupila horizontal, caso quase único entre mamíferos e que revela hábitos diurnos. Não existe um dimorfismo sexual evidente entre machos e fêmeas embora os primeiros sejam um pouco maiores.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Esta espécie, que se pensa que tenha sido introduzida na Península Ibérica pelos árabes, tem origem etiópica e está presente na maior parte do continente africano e na Ásia Menor. Foi também recentemente introduzida numa ilha jugoslava. Na Península Ibérica está distribuida principalmente a SW. No nosso país é relativamente abundante no sul e o a norte já chega pelo menos à Serra da Estrela. Depois de um período em que deve ter sofrido uma regressão na primeira metade do século XX (a 'campanha do trigo' que devastou muito matagal mediterrânico), a espécie parece estar agora em alguma expansão provavelmente devido a 3 factores: o abandono de terras agrícolas e o ressurgimento de alguns matagais; a quase ausência dos seus predadores como o Lince-ibérico; por ter actividade principalmente diurna não compete directamente com outros predadores pelos mesmos recursos.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Não ameaçada. É uma espécie cinegética de caça menor (Lei da Caça: D-L nº 251/92 de 12 de Novembro) que pode ser caçada a salto (entre Out-Dez) ou de batida (entre Jan-Fev). Pode ainda ser abatido no controlo de predadores (artigos 94-97 da Lei da Caça, cap. XI).


HABITAT

É um típico habitante dos matagais mediterrânicos, com subcoberto bastante denso (o seu focinho pontiagudo facilita-lhe a deslocação neste tipo de habitat) e, em geral, nas proximidades de linhas de água. Geralmente como toca utiliza luras abandonadas de coelhos que alarga com as fortes garras que possui nos cinco dedos.


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ALIMENTAÇÃO

O sacarrabos tem reflexos bastante rápidos o que lhe permite capturar ofídeos (cobras), inclusivé as espécies venenosas. No entanto, as suas principais presas são os pequenos mamíferos, nomeadamente os roedores e, sempre que disponíveis, também os lagomorfos (coelhos e lebres). Por ter hábitos diurnos, os répteis são também uma parte importante do seu espectro alimentar que inclui ainda insectos, anfibios, aves e matéria vegetal com valor energético.


REPRODUÇÃO

A época de acasalamento ocorre na Primavera seguindo-se um período de gestação de 84 dias, nascendo 2-4 crias entre Junho e Agosto. Os machos são poligâmicos podendo fecundar várias fêmeas. As crias ficam com a mãe até ao nascimento da ninhada seguinte, chegando a formar grupos de 7-9 indivíduos.


MOVIMENTOS

As áreas vitais do sacarrabos variam entre 0,5 e 5 Km2. A defesa efectiva dos territórios restringe-se ao espaço em redor dos seus abrigos.


CURIOSIDADES

As crias seguem a mãe em fila-indiana, cada uma com o focinho por baixo da cauda da que a precede, daí o nome sacarrabos (esta maneira peculiar de se deslocarem até levou ao equívoco de lhes chamarem cobra peluda). Também quando caçam em grupo, os sacarrabos apresentam a particularidade de rodearem a presa deixando-lhe poucas hipóteses de escapar.


LOCAIS FAVORÁVEIS DE OBSERVAÇÃO

O facto de ter hábitos diurnos e de ser relativamente abundante no sul do país torna a sua observação mais fácil que a dos outros carnívoros já apresentados (lince, raposa, geneta). Um passeio ao longo de uma linha de água será sempre uma boa ideia seguindo as indicações das fichas anteriores.


LEITURAS RECOMENDADAS

Borralho, R., Rego, F., Palomares, F. & Hora, A. (1996). The distribution of the Egyptian mongoose Herpestes ichneumon (L.) in Portugal. Mamm. Rev., 6:1-8.

Clamote, F. (1997). Estudo preliminar sobre a caracterização morfológica e a dieta do sacarrabos (Herpestes ichneumon, L.) em Portugal. Relatório de estágio para obtenção de licenciatura em Biologia Aplicada aos Recursos Animais, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. 54pp.

Delibes, M. (1982). Notas sobre la distribucion pasada y actual del meloncillo Herpestes ichneumon (L.) en la Península Ibérica. Doñana Acta Vertebrata, 9: 341-352.

Domingos, S. A. (1999). O Sacarrabos na região do Paul do Boquilobo: um estudo de rádio-rastreio. Relatório de estágio para obtenção de licenciatura em Biologia Aplicada aos Recursos Animais, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. 72pp.

Palomares, F. (1990). Ecologia y organization social del melloncillo, Herpestes ichneumon, L., en el Parque Nacional de Doñana. Tese Doutoramento, Facultad de Ciencias Universidad de Granada, Granada. 219 pp.

Palomares, F. & Delibes, M. (1991). Dieta del meloncillo, Herpestes ichneumon, en el Coto del Rei (Norte del Parque Nacional de Doñana, S.O. de España). Doñana Acta Vertebrata, 18: 187-194.

Palomares, F. & Delibes, M. (1992). Circadian activity patterns of free-ranging large gray mongooses, Herpestes ichneumon, in southwestern Spain. Journal of Mammalogy, 73: 173-177.

Palomares, F. & Delibes, M. (1993). Social organization in the Egyptian mongoose: group size, spatial behaviour and inter-individual contacts in adults. Animal Behaviour, 45: 917-925.


Miguel Monteiro
In: Naturlink (Naturlink)
 
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