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Guerrilha urbana ataca na Bela Vista (COM VÍDEO)

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Nov 18, 2007
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Tiros de caçadeira, cocktails molotov, pedras e garrafas contra a esquadra, agentes e veículos policiais. "Parece um cenário retirado de um conflito armado de um país africano, mas é uma realidade em Setúbal", disse ao CM um alto responsável da Direcção Nacional da PSP, que admitiu: "O Grupo de Operações Especiais está de prevenção para entrar no bairro."

E não é para menos: ontem à tarde, quando os reforços do Corpo de Intervenção se tinham retirado, um grupo a bordo de um Honda Concerto disparou três vezes contra a esquadra. O sentinela e uma idosa que saía do prédio não foram atingidos por centímetros. E por pouco um dos cartuchos não entrava mesmo na esquadra. Já durante a madrugada, a PSP tinha sido alvo de um ataque coordenado com cocktails molotov e pedras (ver caixa).

"É o típico bate-e-foge de uma guerrilha", desabafou ao CM fonte oficial da esquadra da Bela Vista. "Neste caso urbana. São jovens que conhecem o bairro e que usam a arquitectura em seu favor. Como ontem [anteontem] à noite, quando atiraram cocktails molotov dos telhados e depois fugiram saltando de prédio em prédio", acrescentou a fonte.

A própria PSP já se apercebeu de que a Bela Vista pode ser o rastilho de uma bomba pronta a rebentar noutros bairros e, por isso, reforçou o trabalho do Departamento de Informações. Aliás, fontes policiais disseram ao CM que "por detrás dos ataques à PSP está um restrito grupo de cadastrados e jovens referenciados, em ligação com suspeitos detidos pela prática de inúmeros crimes violentos como carjacking e roubos de caixas ATM".

Agentes infiltrados na Bela Vista e noutros bairros problemáticos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, e informadores nas mesmas zonas, estão em contacto com as polícias que enfrentam os desordeiros. "Esta informação está a ser fundamental na organização dos esquema de policiamento na Bela Vista e na prevenção de alterações de ordem pública noutros bairros", disse fonte da PSP.

Entretanto, a tensão na Bela Vista mantém-se "em níveis muito preocupantes". "Vamos manter o policiamento musculado enquanto o grau de ameaça se mantiver", concluiu a mesma fonte.

JOGO DO GATO E DO RATO NA CIDADE

Depois de terem arremessado pelo menos cinco cocktails molotov contra o Corpo de Intervenção da PSP, os mesmos jovens dispersaram. Mas voltaram a reunir-se já de madrugada para, de novo, causarem o caos. Num verdadeiro jogo do gato e do rato com a polícia, que durou quase até de manhã, os desordeiros incendiaram diversos ecopontos e caixotes do lixo em diferentes pontos da cidade. A táctica usada era a mesma. Atear e fugir. Os bombeiros não tiveram mãos a medir, mas as autoridades policiais pouco mais puderam fazer do que tomar conta das sucessivas ocorrências. Tal como na Bela Vista, ninguém foi detido. O medo agora é que, com a presença da polícia no bairro, os actos de violência desçam até ao centro da cidade sadina. E se até agora o medo já obrigava ao fecho do comércio mais cedo do que o habitual, o crescimento da violência pode mesmo matar o pouco que ainda resta.

PRESO POR INJÚRIA E AGRESSÃO

No seguimento dos disparos de caçadeira contra a esquadra da Bela Vista, a intervenção policial conduziu à detenção de Hugo D., de 24 anos. De acordo com a PSP, o jovem foi detido por injúrias e tentativa de agressão aos agentes. Foi levado para a esquadra, mas posto em liberdade poucas horas depois com notificação para se apresentar no tribunal hoje de manhã.

A irmã contou ao CM que na altura em que a polícia ia a passar Hugo apenas disse "piu, piu" para o cunhado. A mesma relata ter visto o irmão, acabado de chegar do Porto, ser agredido na carrinha da PSP, mas as autoridades garantem que apenas usaram a força necessária para proceder à detenção.

NOTA EDITORIAL

QUEM MANDA NAS RUAS DO PAÍS?

O Governo tem de interpretar com rigor o sinal que chega de Setúbal: a violência impune pôs em xeque as forças de segurança pública. Como é isto possível? Os factores são conhecidos: as novas regras penais, que levam à lengalenga de ‘a polícia detém, o tribunal liberta’; a falta de investimento nas forças de segurança – é necessário mais reconhecimento, melhor retribuição, armas adequadas e apoio do Estado em caso de dúvida sobre a proporcionalidade do uso da força; o lançar milhões, em forma de subsídios, sobre comunidades marginais, sem controlo da sua efectiva integração social; a falta de rigor nas escolas. Tudo isto somado gerou o caldeirão fervente junto ao Sado. É urgente que fique claro quem manda nas ruas do País: a chusma criminógena da impunidade violenta; ou os instrumentos do Estado de Direito, que os cidadãos pagam, antes de tudo, para segurança e protecção?

PORMENORES

CARRO ROUBADO

O Honda Concerto usado pelos três autores dos disparos contra a esquadra da Bela Vista está dado como roubado. As chapas de matrícula que ostentava eram falsas.

AUTARCA CRITICA PSP

A presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, criticou a PSP pelo "atraso na resposta ao pedido da Câmara de reforço do policiamento no bairro".

INTERVENÇÃO PROTEGE

Pelas 21h30 de ontem, quatro carrinhas do Corpo de Intervenção fizeram um muro de protecção em redor da esquadra da Bela Vista. O comando policial na zona temeu a ocorrência de novos ataques.

NOTAS

BISPO: PERIGO DE SUBLEVAÇÃO

O bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, alerta para o perigo de sublevação. "Receio num futuro uma fogueira preparada para incendiar o País"

PSP: NÃO ORGANIZADO

O intendente Bastos Leitão, comandante da PSP de Setúbal, garante que este tipo de crime não é organizado, mas que está longe de ser resolvido

ACIDI: EVENTO CANCELADO

O Alto-Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI) tinha previsto para ontem à tarde um evento na Bela Vista, que cancelou
Vídeo Sapo

João C. Rodrigues / Miguel Curado / José Carlos Marques
 
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